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Descaso com idosos é uma preocupação da região

Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido

Segundo dados do disk 100, apenas no primeiro semestre de 2021 foram registrados mais de 33,6 mil casos de violação de direitos humanos contra idosos no país. A data de 15 de junho é celebrada como Dia Mundial da Conscientização Contra Violência a Pessoa Idosa, essa data é importante para relembrar e refletir sobre um descaso social que assola muitos idosos e que foi agravado com a pandemia da Covid-19.

A assistente social do município de Camargo, Ana Paula Scariot, fala do cuidado com os grupos da terceira idade neste momento delicado de pandemia. “Nossa equipe do Cras neste momento de pandemia sempre manteve contato com este público, mesmo a distância. Procuramos preservar o vinculo através do contato das redes sociais, pois  este grupo ainda carece de cuidados  em virtude da pandemia. Nesta data de 15 de junho o nosso propósito  foi levar a informação  e conscientizar a população  em geral sobre a violência  contra a pessoa idosa.”, explica.

O contato e acolhimento são importantes em todos os momentos, mas neste período tão delicado, nota-se que a equipe do Cras de Camargo está atenta a todas as demandas e disponibiliza canais de comunicação. “Mesmo a distância usamos os meios de comunicação a fim de esclarecer e orientar esse grupo, pois em algumas  situações a vítima  de violência  encontra dificuldades  na busca por suporte ou identificar  que está sofrendo algum tipo de abuso.  Estamos sempre à disposição ofertando um espaço de escuta e acolhimento  aos idosos e também a comunidade  para  garantir a prevenção  de situações de risco. Seguimos mantendo os cuidados de saúde com relação  a  Covid-19 para melhor atender os idosos do nosso município e estamos sempre  pensando em ações, mesmo a distância”, enfatiza.

O grupo da terceira idade, mesmo com a vacinação completa, como grupo prioritário, ainda são os que apresentam maior risco e é necessário manter as restrições e cuidados antes de retomar as atividades presenciais. “O Cras está com o espaço aberto para quem necessite conversar conosco, fazendo também essa comunicação por redes sociais e deixando claro que podem buscar o nosso auxilio e apoio neste momento delicado”, fala Ana Paula.

“A pandemia fragilizou nosso acesso aos idosos, principalmente quanto à realização de atividades presenciais no município. Mas em relação à violência, até este momento não recebemos nenhuma denuncia, tanto na área da saúde, quanto em outros órgãos do município que realizam o acompanhamento. Mas o importante é trabalhar com a prevenção e conscientização. Na parte de cuidados e sensibilização da comunidade para que se alguém souber de uma situação de negligência, violência ou abuso, que denuncie, que entre em contato conosco para serem realizados os encaminhamentos necessários”, finaliza a assistente social.

 

Agentes de saúde estão mais próximos da realidade do problema

A carência demonstrada pelo grupo que representa a terceira idade é muito evidente em alguns locais da região, assim, como relata a agente de Saúde, Adriana Titon. “Os idosos estão muito carentes, tanto da família, como dos vizinhos e as atividades realizadas antes da pandemia. Isso é uma das piores coisas para eles, há mais de um ano e meio apenas em casa, confinados, pois mesmo com a vacina, as atividades continuam suspensas”, explica.

Quem trabalha diretamente com essa geração, ouvindo e visitando está se demonstrando preocupado com o abandono emocional. “Eles estão muito carentes, é só ouvir o que eles têm a dizer. Nós passamos as orientações, se caso precisem de algo, que nos procurem. Em caso de necessidade de atendimento médico e eles não podem ir até a Unidade de Saúde, nós os levamos também. Nós temos uma equipe que se desloca até p domicilio e casos de necessidade, assim como acompanhamentos de nutricionista, psicóloga, assistente social e fisioterapia”, fala Adriana.

No trabalho como agente de saúde, ouvir aos visitados é uma das partes primordiais do trabalho. “Nós vamos às residências, fazemos as visitas e em muitos casos ficamos ouvindo eles do lado de fora da casa. Eles não recebem mais visitas, sentem falta dos vizinhos, alguns perderam amigos para o coronavírus. Nós ouvimos muitas queixas neste sentido, saudade dos grupos de terceira idade. Alguns já vacinados com a segunda dose, estão um pouco mais esperançosos, mas sempre alertamos para manterem os cuidados, manter a esperança e os cuidados”, fala.

Adriana relata que em alguns casos, a família aproveitou a pandemia como desculpa para não visitar com frequência, os pais e avós mais idosos. “Muitos se aproveitam em função da pandemia, não há como negar. Apenas utilizam apenas o telefone e esse contato da conversa frente a frente, faz falta para os idosos. Agora já começamos a sentir um pouco maquis de esperanças neles, nas últimas visitas, notamos que eles acreditam que logo tudo vai melhorar”, continua.

Para as agentes de saúde a vacina também renova as esperanças. “Nós estamos vendo as pessoas sendo vacinadas, torcendo para que chegue logo a sua vez, isso para nós é uma satisfação muito grande”, continua.

“Em muitos momentos não sabemos mais o que dizer a essa altura, como consolar essas pessoas. Já estamos vivendo neste momento atípico por tanto tempo, mas ainda são necessárias adaptações. Com a vacinação em massa chegando, as coisas comecem a mudar”, finaliza Adriana.

O cuidado psicológico é importante neste momento

A psicóloga clínica, Géssica Zardo, pontua que o abandono mental se intensificou durante a pandemia, pois os idosos representaram o primeiro grupo de risco da doença. “Foram necessárias mudanças na rotina e o distanciamento social. Um grande percentual de idosos participavam de grupos, de atividades de lazer e isso foi interrompido abruptamente, gerando frustração, medos, estresse e solidão. Toda mudança gera um impacto. Todos nós, independente da fase de desenvolvimento, temos a necessidade de manter contatos, de nos relacionarmos, e a falta desses contatos, de algumas atividades é fator agravante para o desenvolvimento de patologias, como depressão e transtorno de ansiedade”, explica.

A família é um vínculo importante, que deve ser reforçado. “Inicialmente ter em mente que cada ser é único, possui sua individualidade, sua cultura, seus costumes e é esperado que existam pensamentos divergentes, por isso deve-se respeitar o outro em sua individualidade, e tentar, através da conversa chegar a um consenso. Também temos a tecnologia e suas inovações que nos permitem manter um contato mais próximo. É um momento que requer muita paciência, cuidado e por isso cada um pode ceder e procurar valorizar mais a família, os pequenos gestos e momentos”, continua.

Existem políticas públicas voltadas para o cuidado, proteção e promoção de saúde aos idosos, onde seus direitos são preservados. A família continua tendo seu papel de importância neste cuidado, pois eles têm o maior contato com o idoso. “É importante que exista um vínculo familiar forte, possibilitando ao idoso falar sobre seus sentimentos, suas dúvidas, seus desejos, seus medos, sem contar da garantia de acesso aos itens de primeira necessidade, como alimentação, medicação. A rede de apoio precisa se organizar para que ele não fique desassistido, procurando manter o máximo de cuidados necessários e fazendo uso da tecnologia para tentar suprir o distanciamento social”, fala Géssica.

“A negligência, o abandono ao idoso não iniciou com a Pandemia, mas se intensificou e os sintomas tornarem-se mais visíveis, dessa forma, é importante que cada um consiga ter empatia com seu próximo e assim seus direitos sejam assegurados integralmente”, finaliza a psicóloga.

 

Os tipos de violências mais comuns são:

Violência Física; Violência Psicológica; Negligência; Violência Institucional; Abuso financeiro; Violência patrimonial; Violência sexual; Discriminação.

 

Onde posso buscar ajuda ou denunciar?

  • Disque 100, no aplicativo Direitos Humanos;
  • Delegacias Especializadas na Proteção ao Idoso, caso no seu município não tenha delegacia especializada, procure qualquer delegacia e denuncie;
  •  Conselhos Estaduais ou Municipais dos Direitos da Pessoa Idosa; Ou procure o Ministério Público mais próximo a sua residência (Estatuto do Idoso – capítulo II).
  • CRAS; Posto de Saúde;

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