Polícia investiga caso envolvendo desvio de cargas de ração
Na manhã de segunda-feira, 27, uma ocorrência por suspeita de desvio de cargas de ração a granel foi registrada na Delegacia de Polícia de Anta Gorda.
Conforme informações, a Brigada Militar foi acionada pelo proprietário da empresa de transporte de ração, Vitor Rigoni, o qual suspeitava que seu funcionário estaria dando destino indevido à carga. A empresa está situada na Linha Dossena, interior do município.
O policiamento, acompanhado da vítima, se deslocou até a localidade de Linha Contini, sendo flagrado o motorista, de 36 anos de idade, descarregando o alimento para animais em uma propriedade rural, a qual não era o destino correto. No local também estava o dono da propriedade, de 37 anos, que confessou a aquisição do produto. A dupla foi detida e posteriormente apresentada na Delegacia de Polícia Civil. Os suspeitos já possuem antecedentes criminais por lesão corporal e ameaça.
Conforme a inspetora de polícia, Alessandra Bortolini, a prática já estaria ocorrendo há dois anos. “O caminhão estava carregado com nove mil quilos de ração, sendo que seis mil quilos já haviam sido descarregados. A carga foi avaliada em R$ 27 mil”, disse. Ela revela que a ração era vendida a R$ 1 o quilo. “Ou seja, a pessoa que comprava já sabia que era algo ilícito”, frisou.
Polícia investiga possibilidade de mais envolvidos
Agora, a polícia trabalha na hipótese de que mais pessoas estejam envolvidas no crime. “Estamos analisando essa situação para que os receptadores também respondam, bem como o funcionário que desviava a carga. Esse crime só acontece porque tem quem receba a mercadoria, desta forma o receptador é tão culpado quanto a pessoa que fez esse desvio”, enfatiza.
Ela destaca que inicialmente os envolvidos responderão pelo crime em liberdade. “A pena por receptação culposa não é alta, mas os envolvidos certamente vão responder por formação de quadrilha e aí a pena aumenta. É encima disso que vamos trabalhar”, encerrou a inspetora. A Brigada Militar fez todo o acompanhamento para a realização da ocorrência, conduzindo os suspeitos à delegacia, e auxiliando na restituição da carga para os proprietários.
Família Rigoni chora ao fazer relato
Conforme as irmãs Daniele e Marcela, filhas do empresário e produtor Vitor Rigoni, o crime chocou e entristeceu grandemente a família. “Já estávamos percebendo há algum tempo que algumas coisas não fechavam, mas quando questionávamos nosso até então funcionário, sempre havia uma desculpa e nós sempre achávamos uma maneira de não enxergar a realidade, pois confiávamos cegamente nele, até que ultimamente começamos a segui-lo”, disse Daniele ao frisar que também acredita que mais pessoas estejam envolvidas.
Segundo Marcela, o caminhão não iria sair da empresa na segunda-feira pela manhã. “Porém, quando estávamos carregando os porcos vimos que o caminhão saiu e então comunicamos a polícia e o seguimos. Quando ele chegou no trevo de Ilópolis, onde temos um produtor, ele não foi para aquele lado, e sim seguiu em outra direção. Aí nosso chão caiu, mais uma carga desviada, sabendo que o último desvio foi na quinta-feira passada. Até não vermos com nossos próprios olhos não acreditamos no que estava acontecendo”, relata, chorando.
O funcionário trabalhava na empresa de ração há nove anos. “Era como se fosse da família. Foi acolhido como filho. Ele era nossos dois braços na empresa. Não dá para acreditar que uma pessoa do bem, trabalhadora, de coração bom se transformou desta forma. Agora vamos ter que rever muitas coisas. Ele já desviava as cargas há dois anos, desde que ficou responsável pelas entregas”, lamenta Marcela.
Conforme a família, o ex-colaborador há um tempo atrás havia pedido para sair da empresa. “Por isso damos várias regalias para que ele permanecesse conosco. Acreditamos que daquela vez a consciência dele tenha pesado, mas mesmo assim continuou nos enganando”, comenta Daniele ao finalizar: “Foi uma apunhalada pelas costas, encerra.