Em entrevista, Roges Pagnussat divulga dados obtidos das cooperativas e cerealistas
O presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Estado do Rio Grande do Sul, (ACERGS), e diretor da Cepal Cereais, Roges Pagnussat, fala dos efeitos e dos prejuízos para a safra 2022.
“Diante do quadro de forte seca que atinge o Estado, por diversas vezes órgãos fazem pesquisas e levantamentos para tentar estimar os prejuízos que a estiagem vem causando. Entidades que vêm de fora do Estado fazem levantamentos um pouco complicados, divulgam nas mídias, saem números distorcidos e isso acaba confundindo um pouco os órgãos governamentais e também a população em geral. Mas o que temos de mais concreto é que o levantamento feito pela rede de cooperativas e das cerealistas nesta última semana, que trazem números bem alinhados e isso dá um pouco mais de credibilidade a real situação da safra gaúcha”, explica Roges.
As duas redes de recebimento e comercialização de grãos, estão localizadas em diferentes cidades do Estado, conseguindo realizar um levantamento mais preciso da atual situação da safra. Roges destaca que é preciso levar em consideração que há locais no Estado que existem chuvas pontuais, mesmo sendo em poucas áreas, onde a soja e o milho não tiveram perdas tão significativas.
“Números, então, aproximados deste levantamento, é que as perdas em valores monetários já chegam a R$36 bilhões. O impacto na soja é de R$29.500 bilhões, enquanto o milho calcula-se R$6,62 bilhões, estes são as estimativas em perdas monetárias, realizado pelas cooperativas e cerealistas”, continua.
O impacto das perdas no agro para toda rede
É destacado na entrevista que para cada R$1 produzido dentro de uma propriedade rural R$3,29 é gerado fora, o que correspondem às indústrias que produzem farelo, óleo, e em consequência, a alimentação animal e a industrialização de toda cadeia.
“Claro que o impacto e os prejuízos serão altos, principalmente no Rio Grande do Sul, onde são todos afetados se este valor de R$3,29 deixa de sair da propriedade, todos nós, envolvidos na cadeia, prestadores de serviços do agro, a indústria metal mecânica, supermercados, lojas, comércios em geral, são afetados, pois serão R$115 bilhões que deixarão de circular no Estado e girar a economia”, explica Roges.
Mesmo em um cenário instável é necessário se manter otimista
Com a previsão de algumas pancadas de chuva nos próximos dias, o presidente pontua que algumas lavouras podem vir a se recuperar. “O nosso Estado é muito grande e muito dinâmico, pode haver prejuízos localizados, mas também temos certeza que algumas culturas irão se recuperar. Nosso Estado vizinho, o Paraná, está com uma forte quebra na primeira safra de milho, já tendo colhido 90% da safra e já plantou 8% da área destinada a cultura para segunda safra, pois acredita na recuperação rápida do milho. Este dado é muito importante para nós gaúchos, pois se outros Estados produzirem a maior parte do milho que é consumido aqui no Brasil, certamente a oferta é um pouco maior para as nossas indústrias de proteínas e de carne que temos localizada em todo o território gaúcho”, continua.
“Tendo o milho como fonte de fartura, assim como, por exemplo, foi a safra de inverno com o trigo, a cevada e a aveia, as propriedades têm alternativas de sobrevivência, gerando então este real fora da porteira que atende todas as cadeias e faz com que o alimento chegue de uma forma mais rápida e mais econômica na mesa de todos. Outra forma é seguir observando as condições de tempo, pois não se tem muito mais a fazer, mas sim o produtor deve ficar atento e não abandonar a sua lavoura. Às vezes o desânimo, às vezes a falta de chuva faz com que as lavouras sejam mais descuidadas e logo ali na frente uma boa chuva pode trazer um pouco mais de esperança e as lavouras então que seguirem os seus tratos culturais, os tratamentos de ciclo, que são possíveis de serem feitos, com certeza terão colheitas um pouquinho mais atrativas do que a gente está imaginando”, explana.
“Seguimos aguardando as condições climáticas e com esperança de dias melhores para todos nós gaúchos”, finaliza.
Olho: “Às vezes o desânimo, às vezes a falta de chuva faz com que as lavouras sejam mais descuidadas e logo ali na frente uma boa chuva pode trazer um pouco mais de esperança”, Roges Pagnussat Presidente da Acergs