Por Rosemary Piccinini
Após aproximadamente cinco meses de intensa estiagem, os produtores rurais da região seguem se recuperando dos prejuízos sofridos principalmente em suas lavouras.
O técnico em agropecuária da Emater/RS-Ascar, Fabiano Zenere, avalia a seca como uma das maiores já registradas na região “Nós tivemos uma estiagem de outubro a início de março com perdas significativas na produção tanto de grãos como animal, pois para os bovinos de leite, grande parte de Anta Gorda, tivemos falta de pastagem e de água”, lamenta.
“Tivemos também uma queda na produção de silagem, em volume e qualidade, nas primeiras lavouras plantadas, mas as chuvas que retornaram na metade de março deram uma amenizada em toda essa situação, inclusive na vazão das fontes de água, sendo que os agricultores já conseguem ter esse recurso para os seus animais”, acrescenta.
Segundo Zenere, a expectativa é boa para as lavouras de soja e milho, que foram plantadas no final de dezembro e em janeiro. “Nós temos uma perspectiva de boa produtividade. Muitos dos agricultores que perderam a produção na primeira safra queriam fazer a colheita para grãos e por não conseguirem colheram para silagem. Assim, plantaram novamente no final de dezembro/início de janeiro e essas áreas tem agradado muito os agricultores pela produtividade que estão mostrando”, frisou.
Boa por um lado, mas nem tanto por outro. A chuva frequente registrada nos últimos dias têm dado dor de cabeça aos agricultores que estão querendo fazer suas colheitas de soja e milho, de acordo com Zenere. “Alguns produtores perderam na estiagem a produtividade da lavoura de soja, e agora, na hora da colheita, estão perdendo produto devido ao excesso de chuva e umidade”, comenta.
“A soja é sensível às variações climáticas e quando ela está em ponto de colheita é interessante que façam alguns dias de sol, o que não está acontecendo. No momento da floração e enchimento de grão, que precisava de chuva, ela não veio, e agora no período de colheita, que precisa de sol, está chovendo muito. Esperamos que a próxima safra seja melhor”, salientou.
Zenere revela que 2022 tem sido um dos anos recordes em pedido de seguro para as lavouras. “Nós tivemos uma grande quantidade de pedidos de seguro para as lavouras, os Proagros, bem mais que nos outros anos, o que é um direito dos agricultores que pagam o seguro e consequentemente, quando necessário, precisam ser indenizados, principalmente nesse ano em que as perdas foram significativas”, avalia. “O último ano em que houve na região tantos pedidos de seguro agrícola foi em 2012, quando tivemos outra estiagem significativa na região. Em 2022 já é bem considerável o número de pedidos, sendo que ainda estamos os recebendo e acreditamos que terão mais”, pontua.
Pedidos de alevinos
Zenere anuncia que a Emater está fazendo encomendas de alevinos, sendo que a entrega será no dia 20 de abril, logo depois da Páscoa. “Sabemos que essa é uma época onde muitos agricultores secam seus açudes, fazem a limpeza, vendem os peixes e depois querem fazer o repovoamento”, ressalta.
Cera laminada
Ele ainda destaca: “Nós temos cera laminada de abelha para aqueles apicultores que querem colocá-la em suas caixas. Também fazemos a troca de cera bruta pela laminada e temos caixas de abelhas sem ferrão aos interessados”, disse. “Esses são os trabalhos que o escritório da Emater está desenvolvendo nos últimos dias”, acrescentou.
Referência na região
“O escritório da Emater de Anta Gorda sempre foi na região uma das referências”, comenta Zenere ao render elogios para a antiga equipe. “A equipe que atuou aqui há anos desempenhou um excelente trabalho, e essa nova equipe está tentando dar sequência, pois queremos manter essa tradição e estamos trabalhando para que os agricultores tenham a assistência devida, tenham grande produtividade e qualidade de vida, lá, no interior”, finalizou