InícioMunicípiosArvorezinhaTerno de Reis, uma tradição mantida de pai para filho

Terno de Reis, uma tradição mantida de pai para filho

Em Arvorezinha, ao menos três grupos levam alegria a casas do interior e da cidade

Por Oneide M. Duarte

O Terno de Reis é uma tradição antiga passada de geração em geração e que a cada ano se destaca mais por preservar o costume nessa época do ano. Em Arvorezinha, ao menos três grupos têm trabalhado e mantido a tradição ao longo dos últimos anos, sendo um na cidade, um em Linha São José e outro na Linha Quarta São Brás.

Luis Eugênio Dorigoni, morador da área central de Arvorezinha e integrante do grupo Alegria de Viver, conta que o grupo já existe há aproximadamente 20 anos e hoje é composto por 15 integrantes, sendo um violeiro, um gaiteiro e os demais participam com vocais. “Meus pais, Alcides Dorigoni e Ana Dorigoni, foram os idealizadores há cerca de 20 anos. Tivemos a parada em função da pandemia e em 2023 retornamos. Meu pai faleceu faz pouco tempo e por isso me senti na obrigação de dar continuidade ao legado dele e segui tocando gaita na vaga que era dele”, explica o integrante que antes participava como ajudante, mas agora está em definitivo no grupo, ao lado da mãe Ana Dorigoni, que também já foi gaiteira.  Ele conta que o grupo surgiu com a ideia de levar alegria e a mensagem do nascimento de Cristo a todas as casas. “O Terno de Reis tem o objetivo de levar conforto às pessoas. Por isso é bem normal escutarmos a seguinte frase: ‘nós estamos passando por o uma fase ruim e precisamos dessa descontração’, dando ainda mais ânimo para continuarmos”, explica Dorigoni.

Ainda segundo ele, a visita é feita de forma a contemplar geralmente as famílias que já foram visitadas em anos anteriores, onde têm idosos e casas onde nunca foram visitadas. “O maior objetivo seria visitar todas as residências, porém sabemos que é uma tarefa difícil devido a grande quantidade. Por isso visitamos em média 20 casas por noite” explica, deixando claro que não existe distinção entre as casas. “Muitas vezes vamos por instinto”, acrescenta.

Visando preservar a tradição, o grupo é composto por pessoas de todas as idades, desde idosos, até jovens talentos, como é o caso de Heloisa Dorigoni, filha de Luís Eugênio, que participa indo segurando o presépio, e João Fachinetto, de 10 anos, bisneto de um integrante, carrega a imagem do Menino Jesus. “É muito gratificante ter a presença da minha filha no grupo. Isso me enche de orgulho, pois significa a preservação da tradição”, conta.

Doações esporádicas

Algumas famílias fazem doações em dinheiro, porém Dorigoni deixa claro que nada é cobrado e as pessoas fazem as doações de forma esporádica. “Algumas pessoas fazem doações em dinheiro. Esse valor é guardado e no final, nós convidamos todos que foram visitados, mesmo os que não fizeram doações, a confraternizarem num jantar”, conta. Ainda segundo o integrante, o lucro que sobrou após o último jantar antes da pandemia, foi repassado ao hospital de Arvorezinha.

Moradora agradece a visita

“A visita do Terno de Reis, para nós é momento de muita alegria, é momento de muita reflexão, pois eles nos contagiam e nos fazem meditar. Em meio à tristeza e com tantas famílias sofrendo, com guerras e acidentes, nasceu um Salvador. Vamos adorá-lo, vamos pedir graça, e enquanto nós estivermos nesse mundo, que eles não esqueçam de nos alegrar com suas visitas”, diz Maria Isabel Fachinni, uma das moradoras que recebe o Terno de Reis.

Tradição mantida no interior

Nesta sexta-feira, 06 de janeiro, data em que se comemora o Dia de Reis, acontece no salão da Capela de Linha Terceira Caravaggio, a apresentação de um grupo de Terno de Reis, composto por sete moradores da comunidade de Linha 4ª São Braz. Segundo o organizador do evento, Ivando Livinalli, a ideia é manter viva a tradição e dessa forma poder confraternizar com os amigos.  Após, será servido churrasco aos interessados. “São todos conhecidos que moram em Linha Quarta São Braz, integrantes das famílias Bosquetti, Dalpiás, Pecin, Mari, e Mucellin. São pessoas que assim como nós também procuram manter viva a tradição do Terno de Reis”, frisa Livinalli.

Por outro lado, um dos grupos mais antigos da cidade, conhecido como Terno de Reis de Linha São José, em 2023 não está fazendo o que faz há mais de cinco décadas, que é levar alegria às famílias nos primeiros dias do ano.  Segundo Nésio Cichelero, que participa do grupo há mais de 25 anos, essa não é a primeira vez que o grupo deixa de participar. “Infelizmente nosso grupo que é composto por 10 pessoas, já teve outras paradas e depois retomou as atividades, mas desde 2019, estamos parados. Antes, tivemos a pandemia e agora em função da idade avançada de alguns integrantes e por motivos de saúde ou pelo trabalho de outros, estamos com mais uma pausa”, comenta Cichelero que segue: “no nosso último ano de atividade, chegamos a nos apresentar em 120 casas, inclusive em Itapuca. Foram bons momentos que espero que retornem ano que vem”, finaliza.

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