Bancos, varejistas, companhias de água, luz e telefonia poderão participar das negociações que beneficiarão 40 milhões de negativados
O governo federal pretende anunciar na próxima semana o programa Desenrola, que tem o objetivo de reduzir o número de famílias inadimplentes, o projeto facilitará a renegociação de dívidas de cerca de 40 milhões de brasileiros negativados.
Para isso o governo vai fazer leilões para obter o maior desconto possível nos débitos de consumidores com bancos, varejistas e companhias de água, gás e telefonia.
O Desenrola foi uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que durante a campanha eleitoral deu declarações lamentando a atual renda familiar dos brasileiros e o nível de endividamento das famílias.
Medida provisória para autorizar
O governo deverá enviar ao Congresso Nacional uma medida provisória (MP), está se faz necessária para que o governo federal tenha autorização legal para intermediar as renegociações com os bancos e as empresas.
Mesmo com o lançamento do Desenrola na próxima semana a sua implementação levará um tempo maior, pois será necessária uma grande estrutura tecnológica para integrar os dados das instituições financeiras com os birôs de crédito.
Quem poderá renegociar as dívidas?
O programa vai renegociar dívidas de até R$ 5 mil de consumidores negativados com renda de até dois salários mínimos, incluindo beneficiários do Bolsa Família.
Dívidas poderão ser renegociadas em quantos meses?
As dívidas terão desconto e poderão ser refinanciadas em até 60 meses.
Leilão
Hoje, a maior parte das dívidas negativadas do país (66,3%) não é com bancos, e sim com varejistas e companhias de água, gás e telefonia.
Dados da Serasa, referentes a outubro de 2022 e compilados pela Febraban, apontaram que as dívidas somam R$ 301,5 bilhões e estão distribuídas da seguinte maneira:
- 14,9% nas financeiras;
- 28,8% nas instituições bancárias;
- 66,3% nas demais empresas, como varejistas, companhias de energia elétrica, água, gás e telefonia.
Por isso, o governo vai realizar grandes leilões que devem ser divididos por setores e negociará milhares de dívidas ao mesmo tempo. Quem der os maiores descontos, fica apto a participar do programa.
Depois dos leilões, o consumidor poderá acessar um portal, digitar o seu CPF, e checar se a dívida foi alvo de renegociação.
Se sim, ele vai poder optar por pagar à vista, direto à empresa, ou financiar em até 60 meses em um banco.
A plataforma oferecerá ainda um comparativo das taxas de juros de cada banco, para que o consumidor possa escolher a menor taxa.
E se houver inadimplência?
O governo, por meio de fundo garantidor, vai garantir eventual inadimplência que venha a acontecer nesses financiamentos.
A União vai garantir o valor principal da dívida, e bancos vão arcar com o risco dos juros.
O valor do aporte da União, nesse fundo garantidor, ainda está sendo fechado, assim como o limite da taxa de juros.
O governo também vai prever a renegociação de dívidas de consumidores que ganham mais do que dois salários mínimos. Nesse caso, não haverá a garantia do Tesouro em caso de inadimplência.
* Fonte G1