Diogo Ferraboli explana sobre as dificuldades enfrentadas, principalmente no setor leiteiro
“Complicada”. É assim que o produtor de leite antagordense, Diogo Ferraboli, define o momento que a agricultura, de forma geral, vive.
De acordo com ele, a população, em sua maioria, não se deu conta da gravidade da situação, caso os produtores desistam de suas atividades pela falta de valorização. “Se o agricultor parar com suas atividades, ele vai fazer para viver. O problema é quem depende do agricultor. As pessoas vão chegar no mercado com dinheiro e não vai mais ter comida”, destaca.
Ele lamenta ainda o fato de no último ano, governador e presidente não terem dado a atenção devida à agricultura. “Ao invés de ajudar o produtor daqui que vem enfrentando anos de estiagem e muita chuva também, foram na Argentina e em outros países, comprar produtos de lá para trazer para cá. Aí aconteceu que os produtos nossos, tanto leite, quanto carne e grãos, foram para a metade do preço pago ao produtor, e para o consumidor não baixou, bem pelo contrário, vai aumentar agora porque vai ter a desoneração de impostos”, disse.
Ele segue: “Nós já chegamos a ganhar R$ 4 o litro do leite, mas hoje estamos ganhando R$ 2. Estamos trabalhando há oito meses no prejuízo, enquanto no mercado o preço dos produtos se mantém. O governo triplicou as taxas de impostos e ainda falam que é o agricultor que chora. Se continuar assim, vai chegar uma hora que vamos parar e não falo só de nós. Estamos vendo que nosso produto não vale nada. O leiteiro encosta aqui para carregar o leite e nós já sabemos que dará em torno de R$ 1,5 mil de prejuízo. Aí vamos no mercado, vemos os preços de leite, de queijo, de nata, de iogurte, absurdamente altos. Em relação à carne, em 2022 vendíamos uma vaca gorda a R$ 8,5. Nesse ano estamos vendendo a R$ 4 e está difícil a comercialização. As pessoas tem que saber que não é o produtor que está ganhando dinheiro, o produtor está quebrando. Quem está ganhando é o governo”, pontuou.
Além do preço baixo, da pouca valorização monetária dos produtos, os produtores ainda enfrentam o desafio do clima. “No começo dessa safra fomos mais mal que nos anos de seca, por causa de tanta chuva, mas agora está começando a faltar chuva já. Além das dificuldades normais temos que nos preocupar com o tempo e com o governo que trabalha contra. O agricultor está no limite”, declarou.
A família Ferraboli teve seus animais campeões em produtividade de leite na Expointer, onde já havia uma situação bem complicada em relação ao preço. “Nós ganhamos o concurso, ganhamos um carro e isso é muito bom, mas quando chegamos em casa e fomos fazer a conta, ela não fecha. E só piorou de lá para cá”, lamenta. “Hoje temos entre terneiras e vacas, cerca de 200 animais. Só que com o preço do leite como está, para nós, com as vacas que produzem menos de 25 litros, o prejuízo é muito grande. Hoje temos 60 vacas em lactação e 50 vacas que estão secas. Era para estarmos com uma produção de 4 mil litros de leite por dia e estamos mal e mal com 2 mil”, revela.
FestLeite
Sobre a preparação para participar da FestLeite, que ocorre em Anta Gorda no mês de abril, ele explana: “Se fosse ver pelo momento que vive o setor, não teria como participar, só que essa feira é importante para nós produtores, para o município, para região, para todos. A FestLeite ganhou grande proporção. Vamos participar, não com aquele ânimo, mas vamos ir”, disse.
“Nós como temos área pequena de terra, optamos por começar participar de feiras para agregar valor aos nossos animais e conseguir vendê-los por um preço melhor porque do leite não sobra dinheiro. O nosso objetivo é vender genética, por isso vamos apostar novamente em participar de exposição, com o intuito que as coisas comecem a melhorar e termos um retorno”, acrescentou, ao ressaltar que a família participará da feira com cerca de 15 animais.
Segundo Ferraboli, essa deve ser uma das maiores edições da feira. “Foram mudadas muitas coisas na FestLeite e o que já era bom vai ficar melhor ainda. Vão ter até que aumentar o pavilhão do gado, porque o pessoal quer vir para cá. A FestLeite é uma feira que tem nome e essa edição é para ser uma das melhores”, salientou ele que está, junto da comissão, realizando convites a outros produtores, de outros municípios. “Os melhores produtores do Estado todos virão para o evento”, concluiu.