A Administração Municipal de Putinga vem manifestar-se através desta nota sobre os fatos vinculados nos dias 24 e 25 de junho de 2024, na reportagem do Jornal ECOREGIONAL, em sua plataforma no Instagram.
Sobre o exposto à Municipalidade manifesta seu repúdio as situações colocadas e enumera as diversas atitudes tomadas junto à Comunidade da Linha Fiscal e em especial a família exposta pelo veículo de comunicação:
- Os acessos para a localidade (bem como as demais), estão dificultosos pela clara situação calamitosa que o Município se encontra, o que se denota pelo estado chuvoso constante e pela SITUAÇÃO DE CALAMIDADE declarada e reconhecida pelo Estado e UNIÃO, mas sem comprometimento da acessibilidade, o que se demonstra no ir e vir dos moradores ao centro da cidade e a chegada da reportagem;
- A comunidade recebeu a perfuração de um poço artesiano, num convênio entre o Município e o Estado, instalação de rede e a questão de energia elétrica é de competência da RGE. Mesmo assim o Município mantém contatos constantes com a Empresa, levando o assunto diretamente ao Ministério Público;
- O Município sancionou lei (2499/2024) que possibilita às comunidades o auxílio de até R$ 10.000,00 para eventuais consertos nas redes de água.
- Foram ofertados a todos os moradores, que necessitaram, filtros de purificação de água para uso doméstico (que inclusive aparece no domicílio apresentado).
- Estão sendo distribuídos no CRAS do Município: água, alimentos e roupas a todos que necessitarem, e houve entrega domiciliar na referida comunidade.
- É de amplo conhecimento da nossa população os inúmeros donativos (móveis, roupas, alimentos…) à família exposta na reportagem;
- A Empresa de transporte escolar é terceirizada e disponibilizou transporte adequado para os estudantes, o que não foi aceito pelos Pais
Lamenta sobremaneira a exposição de menores (crianças) em uma das matérias vinculadas.
Fica nossa tristeza com o desrespeito a todos (funcionários públicos, profissionais da saúde, voluntários, doadores…) que se dedicam a recuperação de nosso município e em especial a esta família.
Por fim reiteramos o pleno e incansável compromisso desta administração ao enfrentamento ao Estado de Calamidade, sabedouros de que a resolução plena se dará a longo prazo, mas com a certeza que isto ocorrerá de maneira organizada e a todos.
Prefeitura Municipal de Putinga
Município de Putinga
Nota de Esclarecimento
O Eco Regional Empreendimentos Jornalísticos LTDA, vem por meio deste, esclarecer alguns aspectos com relação à Nota de Repúdio publicada pela Administração Municipal de Putinga, com relação às reportagens veiculadas pelo Eco Regional no decorrer desta semana sobre a situação da Linha Fiscal.
Em nossa editoria temos sempre como premissa para podermos produzir conteúdo com o máximo de veracidade e seriedade, acompanhar de perto os problemas, as demandas e o dia a dia de cada comunidade atendida. É fato, que em 18 de março de 2024, veiculamos em nosso jornal impresso a reportagem: “Ninguém resolve o problema da Linha Fiscal”, onde se relatava que apesar de dispor de toda a estrutura instalada há anos, a comunidade seguia sem água, aguardando a ligação da luz por parte da RGE.
O acompanhamento desta situação permaneceu em nossa pauta, passada toda a reviravolta causada pelas enchentes. Decidimos que era hora de voltar a comunidade para verificar se o problema havia sido resolvido, conforme foi prometido por autoridades, quando da veiculação da matéria.
Para a nossa surpresa, o problema além de não ter sido resolvido, se agravou bastante. A comunidade agora está enfrentando ainda mais problemas pela falta de água, uma vez que perdeu suas fontes. Com a repercussão da entrevista com o morador Miguel Rodrigues, veiculada na segunda-feira, dia 24 de junho. Recebemos inúmeros contatos, ofertando ajuda e doações para a comunidade. Com isso, nos disponibilizamos a ir entregar estes donativos, chegando lá conhecemos a família de Juliano Rodrigues, que reside em uma escola abandonada em frente ao salão comunitário.
Quando descarregávamos os primeiros donativos no salão, para poder fazer a distribuição para todas as famílias da comunidade, as crianças nos abordaram pedindo ajuda e chamando atenção para a situação precária em que vivem.
Em seguida, os pais vieram e se dispuseram de livre e espontânea vontade mostrar a situação em que vivem e relatar os problemas e dificuldades que enfrentam. No vídeo, nota-se claramente que todos falam de livre e espontânea vontade, ninguém está os forçando ou pressionando. Nós, enquanto repórteres, simplesmente registramos a versão da família sobre a situação em que vivem. Para a reportagem do jornal impresso, buscamos o contraponto do Conselho Tutelar do município, que nos esclareceu que esta família recebe acompanhamento e apoio de toda a rede desde sempre. Que, inclusive, receberam uma casa mobiliada na cidade de Putinga, a qual se desfizeram da casa e todos os móveis e voltaram a pedir novamente. Apesar de tudo isso, em função das crianças, foram alojados nesta escola e novamente receberam móveis e donativos diversos para seguirem a vida. O Conselho salientou que os pais têm amplas condições de trabalhar para prover o sustento dos filhos, porém, a municipalidade, a população e os órgãos competentes estão sempre sendo acionados para socorrê-los em diversas situações. Foi comprovada a cedência da casa com fotos, que seguirão publicadas na edição impressa do Eco Regional.
Esclarecemos que na oportunidade em que conhecemos a família de Juliano Rodrigues era impossível, conhecer também toda a sua história. Registramos a versão da família e posteriormente a versão das autoridades e pessoas responsáveis por seu atendimento. Ressalta-se que todos os registros realizados foram feitos com o consentimento da família e autorização expressa dos pais, que fizeram questão de ressaltar o drama que estão enfrentando.
Ainda com relação à falta de água na comunidade, é importante frisar que as pessoas estão sem água nas fontes, nas torneiras, estão sem água nos banheiros, estão tentando canalizar a água de um córrego extremamente suja. Ou seja, de nada adianta fornecer filtros se não tem água.
Com relação à distribuição de donativos no Cras, sem dúvidas é importante, mas é preciso ter sensibilidade para compreender que a maioria dos moradores da Linha Fiscal não está conseguindo sair da localidade em função da precariedade das estradas, então, não tem como ir buscar donativos no Cras.
A situação do transporte escolar também precisa ser revista. É muito cômodo para a administração se isentar da responsabilidade informando que terceirizou o transporte. O fato é que todas as crianças estão há quase 60 dias sem ir para a escola, porque a empresa terceirizada não consegue ir buscá-los de ônibus. Porém, o município poderia colocar um carro menor para buscá-los, dadas as condições das famílias e das estradas e levando em consideração as perdas na aprendizagem. Além disso, também seria possível oferecer algum atendimento On-line, mas isso não está sendo feito.
É preciso esclarecer que quando o jornal registra os fatos e cobra dos órgãos e autoridades competentes respostas e ações concretas para resolver os problemas das pessoas, isso não se trata de falta de respeito com quem quer que seja. Estamos somente fazendo o nosso trabalho, de forma bem feita, honesta e transparente. Sempre oferecendo espaço ao contraponto, aos esclarecimentos, porém, sendo firmes na cobrança.
Não é possível se esconder atrás de uma situação de calamidade e usar isso como justificativa para tudo o que não é feito e não acontece. Com todo o respeito, agora mais do que nunca, as comunidades, as pessoas precisam de soluções. É uma questão de saúde pública, de desenvolvimento social e de bem-estar das pessoas. E o Eco Regional vai estar sempre ao lado das pessoas que precisam ser ouvidas, que não tem voz e são invisíveis aos olhos de muitos.
Os problemas estão aí, e precisam ser resolvidos e não apenas justificados.
Carla Pompermaier Zanotelli
Diretora