Além de alterar visualmente o horizonte, agora com cores mais opacas e menos luminosidade solar, novo efeito é percebido pela população e pode afetar a saúde
Antes perceptível apenas ao olhar para o horizonte, com efeito, na coloração do céu, do Sol e da Lua, agora a fumaça dos incêndios no Brasil e em países vizinhos também é sentida no olfato dos gaúchos. Favorecida pelo vento que sopra do norte para o sul do país, a pluma, uma espécie de conjunto de nuvens de fumaça, com vestígios das queimadas que circula na atmosfera do Rio Grande do Sul, tem impacto direto na qualidade do ar e representa riscos à saúde quando inalada.
O corredor de fumaça circula na atmosfera, em uma altitude acima dos 1.500 metros, motivo pelo qual o odor é pouco perceptível na superfície da Terra. Nos últimos dias, a formação de um intenso sistema meteorológico com rajadas de vento de baixo nível favoreceu a circulação dos vestígios das queimadas mais próximo ao solo.
Sob influência do vento, o ar que circula próximo à superfície mistura-se com o ar poluído que habitualmente concentra-se em altas atitudes na atmosfera. Esta diferença térmica e de pressão entre os sistemas meteorológicos favorece que a fumaça chegue ao solo e seja perceptível ao olfato.
A chuva também favorece o cheiro mais intenso. Meteorologistas e especialistas explicaram que a instabilidade traz a fuligem da atmosfera para a superfície, mistura que também resulta no fenômeno da chuva preta.
A chuva também contribui para o cheiro mais intenso e traz a fuligem da atmosfera para a superfície, mistura que causa o fenômeno da chuva preta, observado em cidades do sul do Estado na última quarta-feira, 11.
Ondas de calor, como a que elevou a temperatura de Porto Alegre aos 36 oC na quarta-feira, 11, não têm impacto direto no cheiro da fumaça, mas favorecem o aumento no número de focos de incêndio. Consequentemente, mais vestígios das queimadas são lançados sobre a atmosfera.
Riscos à saúde
A pluma de fumaça concentra altos níveis de material particulado fino no ar, poluente que causa mais danos à saúde. Conhecido como PM2,5 (na sigla em inglês), este material tem diâmetro de 2,5 micrometros – mais fino que um fio de cabelo, para efeito de comparação – e, consequentemente, é inalado com mais facilidade.
Estes materiais finos são, às vezes, mais perigosos porque penetram melhor nas vias aéreas. Acaba que está todo mundo muito exposto nessas partículas finas, que são tóxicas e muitas acabam se depositando no nosso organismo de maneira irreversível.
Prevenção
Diante desse cenário, a Secretaria da Saúde de Porto Alegre (SMS) divulgou nesta terça-feira, recomendações para proteger a população dos efeitos nocivos da fumaça. As orientações seguem diretrizes do Ministério da Saúde e visam minimizar os riscos à saúde.
Recomendações para toda a população
- Se tiver sintomas respiratórios, busque atendimento médico o mais rápido possível
- Beber mais água e líquidos para manter o aparelho respiratório úmido e mais protegido
- Se possível, ficar menos tempo em ambiente aberto, durante o dia ou à noite
- Manter portas e janelas fechadas, para diminuir a entrada da poluição externa no ambiente
- Evitar atividades em ambiente aberto enquanto durar o período crítico de contaminação do ar pela fumaça
Recomendações a pessoas com problemas cardíacos, respiratórios e imunológicos
- Manter ao alcance os medicamentos indicados pelo médico, para uso em crises agudas
- Buscar imediatamente atendimento médicose apresentar sinais ou sintomas de piora das condições de saúde após exposição à fumaça
- Consultar o médico sobre a necessidade de mudar o seu tratamento
O comunicado também alerta que grupos como crianças menores de cinco anos, idosos, gestantes, pessoas com doenças respiratórias, diabéticas e hipertensas são os mais vulneráveis e precisam de cuidados redobrados.