InícioDestaqueFrente fria e La Niña: Como será o clima em novembro

Frente fria e La Niña: Como será o clima em novembro

O Brasil se prepara para a transição climática que marca o fim da primavera e o início do verão

 

Novembro marca o fim da primavera meteorológica no Brasil, o que indica a chegada do verão. Durante o mês, o Brasil central experimenta um aumento de chuvas, enquanto no Sul as temperaturas tendem a subir. As mudanças são típicas da transição para o estado quente. O site MetSul Meteorologia divulgou, na última quarta-feira, 30 de outubro, como será o clima para novembro.

Apesar da tendência de aumento de temperaturas, são esperadas frentes frias para aliviar o calor em novembro, especialmente na região Sul. Além disso, o fenômeno La Niña deve impactar no clima do Centro-Sul do Brasil.

No Centro-Oeste e no Sudeste, o término da estação seca traz um clima tropical quente e úmido, intensificando as pancadas de chuva e temporais isolados. No Sul, novembro é historicamente o mês mais quente da primavera, com temperaturas mínimas médias de 17,2 OC e máximas de 27,7 oC, em Porto Alegre.

Em Porto Alegre, a precipitação média em novembro, conforme a série histórica de 1991 a 2020, é de 105,5 mm – inferior às médias de setembro e outubro. Em São Paulo, a temperatura mínima média é de 17,3 oC e máxima de 26,9 oC, com precipitação média de 143,9 mm.

 

A Influência do El Niño no clima

Com a modificação do padrão de circulação atmosférica sobre o Pacífico, o El Niño é responsável por alterar a distribuição de umidade e as temperaturas em várias áreas do planeta. No Brasil, ele ocasiona secas prolongas as regiões Norte e Nordeste e chuvas intensas e volumosas no Sul.

La Niña, o oposto do El Niño, é caracterizada pelo resfriamento anormal das águas do Pacífico e pode ter impactos significativos no clima global. No Brasil, a La Niña tende a trazer um aumento das chuvas na região Sul e potencial para secas no Nordeste, invertendo o padrão observado durante o El Niño.

No ano passado, um intenso episódio do fenômeno El Niño influenciou o clima, com anomalias no Pacífico Equatorial. Atualmente, o Pacífico mantém-se neutro há seis meses, e a agência climática norte-americana mostra uma temperatura de superfície do mar em – 0,5 oC na região Niño 3.4, o que indica um possível evento de La Niña fraca.

O padrão de chuvas de novembro deste ano será diferente do de 2023. No ano passado, algumas cidades gaúchas sofreram uma das maiores enchentes da história. Neste ano, a variabilidade será maior no Sul, com algumas áreas recebendo mais chuva que a média e outras menos.

No Centro-Oeste e no Sudeste, a previsão é de chuva acima da média histórica, especialmente em Mato Grosso, Goiás, interior de São Paulo, Minas Gerais e nordeste de Mato Grosso do Sul. A maior frequência de chuvas, combinada com uma atmosfera aquecida, pode intensificar temporais, principalmente à tarde e à noite.

As temperaturas em novembro devem superar a média na maior parte do Centro-Sul do Brasil, mas sem o calor extremo do ano passado, devido à maior frequência de chuvas. Períodos mais quentes são esperados na primeira e na terceira semanas do mês, com frentes frias que trazem alívio ao Sul.

 

Sem o sinal da La Niña, outras oscilações ditarão o padrão de chuvas

Conforme indicado pelos principais centros de previsão, , a fase negativa do fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS) está custando para se estabelecer. As últimas previsões probabilísticas indicam que a La Niña deve se formar entre o meio/final de novembro e o início de dezembro. Portanto, a La Niña não deve atuar significativamente sobre o clima do Brasil nesse mês.

A ausência do sinal da La Niña é evidente nas previsões numéricas da chuva acumulada: o padrão geral de novembro é de chuvas entre normal a acima do normal no Sul brasileiro, e abaixo do normal na maioria do Norte do país. Este é o efeito contrário do que se estabelece durante eventos de La Niña – portanto, o padrão de chuvas de novembro está sendo influenciado por outras oscilações climáticas.

O principal fenômeno a atuar sobre as chuvas do nosso país, em escala climática, durante o mês de novembro é a Oscilação de Madden-Julian (MJO). Conforme mostram as previsões, ela estará entre as fases 1 e 8 na primeira quinzena do mês, o que tende a favorecer chuvas no Brasil Central e entre o Sul e o Sudeste. Na primeira semana, em sua fase 1, a MJO traz maiores condições de chuvas acima da média para o leste da Região Norte, o que, portanto explica o período de chuvas mais abundantes na segunda semana, nesta área.

A Oscilação Antártica também deve colaborar para o início do mês mais chuvoso no Sul e Sudeste, pois estará em sua fase negativa. Porém, logo a Oscilação deve ir para neutralidade.

Além de remeter à atuação a MJO, o padrão de chuvas de novembro também está de segundo a ocorrência da fase negativa de outra oscilação climática, conhecida como Dipolo do Índico (IOD). O IOD ocorre devido a mudanças na temperatura da superfície do mar na bacia do oceano Índico, e tende a ser mais influente sobre o Brasil no período da primavera (setembro a novembro). Em sua fase negativa, como se encontra agora, o IOD tende a enfraquecer a Alta Subtropical do Atlântico, provocando chuvas acima da média no Sudeste do Brasil, e precipitações menores no sul do país.

Já em relação às temperaturas, elas ficam um pouco abaixo da média no Brasil Central durante a primeira quinzena de novembro, devido às chuvas mais persistentes. Já a partir do dia 18, os termômetros ficam próximos da média, ou um pouco acima, em todo o país. Deve fazer mais calor no interior do Nordeste e leste da região Norte, onde ocorrerão menores volumes de chuva, porém não se espera, para novembro, a ocorrência de ondas de calor intensas – o calor será próximo do normal para esta época do ano.

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