Um movimento de mobilização espontânea de agricultores teve início nesta terça-feira na ERS-324, nas proximidades da cidade de Marau. Agricultores de diversos municípios da região, incluindo Camargo, Nova Alvorada, Vila Maria, Montauri, Casca e até Erval Seco, se uniram em um protesto pacífico com o objetivo de pressionar por uma medida concreta de apoio ao setor rural: a securitização das dívidas agrícolas.
A principal reivindicação dos produtores é a criação de mecanismos viáveis para o pagamento das contas do setor, com destaque para a securitização das dívidas – considerada por muitos como o único caminho possível diante do cenário atual de endividamento. Segundo um dos organizadores do movimento, que também é agricultor, a recuperação judicial seria outra alternativa, mas é rejeitada pela maioria por não atender de forma eficaz os interesses do produtor rural.
“Esse é o único meio que tem. E recuperação judicial, ninguém quer. Não é de interesse de ninguém. Então vamos lutar por essa securitização. Aqui tem envolvido vários municípios… Foi uma surpresa esse primeiro dia. Muita gente veio, e a tendência é aumentar. No Brasil, o único jeito de conseguir as coisas é com pressão”, destacou um dos agricultores diretamente envolvido na organização.
O movimento começou de forma informal, com uma articulação que teve início ainda no fim de semana. Agricultores da região, diante da ausência de ações efetivas, decidiram agir. Uma reunião no domingo à noite deu origem a um grupo de WhatsApp que, em poucas horas, cresceu rapidamente, atingindo centenas de participantes. A partir daí, a mobilização ganhou força.
Apesar de não haver uma liderança oficial, “a gente não tem líder, somos todos agricultores querendo pagar as contas”, como relatou um dos envolvidos, o movimento está bem organizado. A estrutura montada na beira da rodovia conta com água potável, barracas, coberturas para proteger da chuva e até espaço para abrigar maquinários agrícolas trazidos por produtores de outras localidades.
O grupo afirma que permanecerá no local por tempo indeterminado. “Só vamos sair daqui quando houver uma solução concreta. Não promessa, solução concreta”, reforçou um dos porta-vozes.
Além do foco na securitização, o movimento representa também uma resposta ao sentimento de abandono sentido por muitos agricultores. Para eles, a mobilização é uma forma legítima de pressionar por políticas públicas que garantam a continuidade da atividade agrícola familiar, fundamental para a economia regional.
A manifestação segue de forma pacífica e está aberta à adesão de mais produtores. Os organizadores fazem um apelo para que mais agricultores e apoiadores compareçam ao ponto de mobilização, localizado próximo a Marau, levando inclusive maquinário, caso desejem. “Aqui tem estrutura. Dá para deixar caminhão, dá para deixar trator. Estamos preparados para ficar o tempo que for preciso”.
A mobilização segue ganhando apoio e visibilidade, e a expectativa é de que o número de participantes aumente nos próximos dias.