Farmacêuticos de outros estados suprem carência
Por Oneide M. Duarte
Uma das profissões mais importantes dentro da área da saúde está carente de profissionais para atuarem no mercado de trabalho da região.
Regulamentada no Brasil desde 1931, a profissão de farmacêutico tem atraído profissionais de outros estados para atuarem no Rio Grande do Sul, tendo em vista o crescimento da demanda e a escassez de mão de obra. Este é o caso da jovem Glauciene Batista, de 26 anos, que veio do Rio Grande do Norte, e do goiano Lindemberg Marques, de 24 anos, que hoje atuam juntos na Rede de Farmácias São João, instalada em Arvorezinha há cerca de um ano e meio.
Duas histórias que começaram distantes uma da outra e que mostram a carência de profissionais farmacêuticos no estado e, principalmente, no município.
Glauciene, que é formada pela UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e atualmente faz pós-graduação em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica, conta que é a única farmacêutica da família. “A maioria dos homens da milha família são da área militar e a maioria das mulheres atua na área da saúde, porém, sou a única farmacêutica”, diz sorridente Glauciene.
Já Lindemberg Marques é formado pela FacUnicamps, de Goiânia, e atualmente estuda Farmacologia e Terapêutica Veterinária, e Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica. Ele também afirma ser o único farmacêutico da família. “Como todo goiano gosta do campo, da pecuária, minha família tem muitos nessa área, sendo eu o único a estudar farmácia. Desde o ensino médio eu amava química e hoje sou apaixonado pela minha profissão”, diz ele. Segundo o profissional, a atuação do farmacêutico é mais ampla do que atender. “O farmacêutico tem 76 ramos de atuação, que vai desde o atendente até o manipulador de medicamentos, a profissão é muito complexa”, explica.
Oportunidade longe de casa
Eles contam que a oportunidade de trabalhar em Arvorezinha surgiu após a informação de que o mercado gaúcho era carente de profissionais farmacêuticos. “Antes de me formar, tive colegas que já atuavam aqui no estado e eu sabia da carência de profissionais dessa área aqui, pois lá no Rio Grande do Norte existe uma grande oferta de mão de obra com baixa demanda, e isso acaba desvalorizando nosso trabalho, ao contrário daqui, onde somos muito valorizados”, diz Glauciane.
Para Marques, em seu estado natal a realidade não é diferente. “No meu estado todo ano se formam muitos profissionais farmacêuticos, mesmo com grande demanda, o mercado não absorve todo mundo, por isso vim me aventurar no Rio Grande do Sul”, diz o jovem farmacêutico.
Eles contam que optaram por Arvorezinha ao acessarem o site da empresa e descobrirem a necessidade do mercado local. “Mandei currículo, fui avaliada e imediatamente fui chamada’’, diz a potiguar Glauciene”.
Já o goiano diz que um ex-colega que atua no RH da empresa lhe indicou, sendo chamado logo em seguida.
Desafios longe da família
“Eu vim sozinho e pretendo nos próximos meses trazer a família. Vim de Goiânia, uma capital com 1,9 milhões de habitantes, e no começo senti muita falta de opções de lazer. Lá deixei meus amigos e familiares, mas aos poucos estou me adaptando à minha nova cidade, pacata e tranquila”, comenta Lindemberg Marques, que chegou a Arvorezinha há seis meses e que não esconde a felicidade em estar atuando em uma das maiores redes de farmácias do país.
Para Glauciene, que já mora há um ano em Arvorezinha, o desafio foi grande no começo. “Para mim foi um desafio muito grande, especialmente no começo, pois também saí de uma capital e vim para uma cidade pequena e pacata. Hoje moro com meu marido, que também trabalha aqui na cidade, e estamos muito felizes aqui”, relata Glauciene.
“Nunca tivemos farmacêutico de Arvorezinha”
Para a gerente Jocasta Lucatelli de Sena, a presença dos farmacêuticos cumpre a determinação da lei, que obriga as farmácias terem em tempo integral um farmacêutico. “Infelizmente nós não temos na cidade profissionais disponíveis no momento, o que nos faz oportunizar quem vem de fora”, diz Jocasta.
Ela explica que desde sua abertura da Rede São João na cidade, em 2020, até hoje a farmácia nunca teve um farmacêutico local. “A mais próxima que tivemos mora em Ilópolis, e que está ainda conosco, portanto o mercado é amplo e muito promissor nessa área”, diz Jocasta.
