Nova concessão reacende a discussão sobre os impactos dos aumentos das cancelas
Por Manoela Alves
Após o leilão de três blocos rodoviários, o Governo Gaúcho prepara o lançamento dos editais de dois conjuntos restantes com 859 km de estradas, sendo o bloco 01 nas regiões metropolitana, litoral norte e das hortênsias; e o bloco 02 no Vale do Taquari e norte do estado. A concessão será de 30 anos para a empresa vencedora.
O presidente da CIC-VT, Ivandro Rosa, explana sobre os motivos da preocupação de prefeitos e autoridades em relação aos altos custos que podem ser pagos nas praças de pedágios da região. “A lógica do leilão é sempre quem der a melhor oferta e oferecer a melhor tarifa vence a disputa. Por isso, quanto mais empresas entram na licitação, os preços tendem a ficar mais baixos”, explica.
Para o leilão do bloco 03, que já aconteceu, houve apenas uma empresa inscrita, por isso não houve a preocupação de ter uma oferta atrativa, sendo oferecido um desconto de 1,3%, enquanto o governo esperava por 40%.
Para o bloco 02 do leilão, no qual está incluído o Vale do Taquari, acredita-se no interesse de mais empresas, porque duas empresas diferentes já operam no Vale. “A expectativa do governo é que um número maior de empresas se interesse nesta concessão. Com mais empresas, aumenta a disputa, e teoricamente, melhora-se os valores oferecidos. Talvez até com oferta de valores mais baixos do que o governo está estimando”, continua.
No orçamento apresentado pelo Governo, a praça de pedágio de Encantado passaria a ter o valor de R$9,65, a de Boa Vista do Sul de R$9,59 e a de Cruzeiro do Sul R$9,15. Com isso, com mais empresas na disputa a tendência é que haja proposta de valores mais atrativos.
Mesmo com a disputa há a preocupação das entidades
Ivandro declara que ainda há fortes preocupações em relação ao leilão e a concessão das rodovias, principalmente no Vale do Taquari. “Claro que nos preocupamos muito, afinal atualmente a empresa responsável é a EGR, e esta empresa tem uma tarifa de R$6,30 para veículos, e nós defendemos que alteração do valor para R$9,65, é um reajuste muito alto e que prejudica muito a economia da região, pois estará inserido nos produtos produzidos aqui. O reajuste dos pedágios, por tanto, abala a competitividade do setor, principalmente no primário, comparado a regiões que não tem este custo”, continua.
A preocupação é de que a economia, já tão abalada após a pandemia, fique ainda mais prejudicada, mesmo sabendo que as estradas com pedágios são melhores conservadas.
O que a região do Vale tem cobrado incansavelmente é que sejam implementadas obras em volume maior do que os oferecidos pelo governo. “A proposta que o governo fez passou pela audiência pública, mas nós fizemos reivindicações e foi feita a devolutiva, com um número um pouco maior de obras, mas ainda não atende a nossa necessidade, por exemplo, a Dália Alimentos, localizada em Arroio do Meio, não tem trevos condizentes com as suas necessidades de produção e sua atividade. Por isso, a nossa reivindicação é um número maior de obras, mas com um valor mais baixo. Infelizmente o Governo não está ouvindo da forma como gostaríamos e insiste para que o leilão seja feito o mais rápido possível”, explica o engenheiro.
A inclusão da ERS-332 é um sonho distante
A Câmara da Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari (CIC-VT) vem há anos solicitando que a rodovia ERS-332 também seja incluída nos blocos dos pedágios, para que tenha ao menos uma manutenção melhor do que a apresentada.
“O problema maior é autoridades da região precisarem sempre ir em busca de recursos do governo para manutenção e conservação da estrada e ela continuar em péssimas condições. Com a inclusão dela nos blocos de pedágio, isso acabaria, pois a empresa responsável faria a manutenção regular da rodovia e sua qualidade seria melhor do que está”, explica.
“A CIC regional, juntamente com as associações comerciais, tem encaminhado com frequência, ao Governo do Estado, ofícios solicitando a melhoria e aprimoramento deste projeto. Ainda não temos uma resposta positiva para as nossas solicitações”, diz Ivandro.
Recentemente foi solicitado para a Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) apoio às reivindicações da CIC-VT. Na manhã desta quinta-feira, 28, o presidente da federação esteve reunido com o governador do Estado.
“A resposta que tivemos é que o processo ainda está sendo analisado e que nos próximos dias haverá uma audiência com o governador, para buscar estes encaminhamentos. Vamos buscar a garantia de que o projeto seja condizente com as necessidades da região e que o preço seja possível de adequar a nossa economia, sem que isso prejudique e desfavoreça os negócios aqui realizados”, finaliza.