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“O problema do carente é acreditar que qualquer carinho é amor.” Essa é daquelas frases que alugam tempo em nossos pensamentos, parece que ela dá um chacoalhar até em quem anda meio adormecido emocionalmente. Volta e meia, me pego lembrando dela quando ouço conversas por aí, basta prestar atenção em certas falas: “ele nem curte minha foto”, “mandou só um oi sumido”, “não preciso de um pedido de namoro, tá tudo bem assim”. Frases soltas, que parecem inofensivas, mas dizem muito, mostram como a gente, às vezes, tenta tirar amor de onde só existe um mínimo de atenção. Percebe como esse sentimento está mais presente do que a gente imagina? É como se aceitássemos migalhas achando que é um banquete, e isso, muitas vezes, é a carência falando mais alto. Quando estamos emocionalmente famintos, até o gesto mais pequeno pode parecer grande demais. Há pessoas que vivem com um vazio tão profundo dentro de si que qualquer gesto de atenção parece preencher esse buraco. Um “bom dia” mais gentil, um toque no ombro, uma mensagem inesperada, tudo isso pode ser interpretado como prova de afeto verdadeiro. Mas nem sempre é amor, e é aí que mora o perigo. Do ponto de vista da psicologia, a carência afetiva muitas vezes nasce na infância. Crianças que não recebem atenção emocional suficiente tendem a crescer com a sensação de que precisam conquistar amor o tempo todo. E ao invés de desenvolver vínculos saudáveis, acabam se tornando dependentes de qualquer demonstração de afeto, por mais superficial que seja.

 

O problema é que essa busca desesperada por acolhimento torna o carente vulnerável, ele passa a aceitar migalhas emocionais e muitas vezes se submete a relações abusivas ou unilaterais. Mas o afeto verdadeiro é mais do que um gesto bonito, ele exige presença, respeito e reciprocidade. Confundir carinho com amor é como achar que um cobertor fino basta para enfrentar o inverno, pode aquecer por um momento, mas não sustenta. O amor, de verdade, envolve compromisso, constância e profundidade. No fim das contas, entender a diferença entre carinho e amor é um ato de amadurecimento emocional, e só quando deixamos de confundir presença com permanência, e atenção com afeto é que conseguimos escolher com mais consciência quem deixamos entrar e permanecer na nossa vida.

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