O momento é de muita reflexão e ações concretas
O empresário e presidente do Sindicato das Indústrias de Erva-Mate (Sindimate), Álvaro Pompermayer, falou sobre os desafios enfrentados pelo setor ervateiro neste momento tão complexo que atravessa a economia do Brasil.
O dia 24 de abril é um dia comemorativo para o setor, é o Dia do Chimarrão, mas também é um momento de reflexão e análise sobre o momento vivenciado.
Pompermayer explica que os produtores da região investiram muito no plantio de erva-mate e agora está sendo registrada uma superprodução, muito além do que a indústria local tem condições de absorver. Com isso, sobra matéria-prima e os preços despencam. “Os produtores que estão investindo para produzir qualidade, certificando seus ervais, produzindo erva-mate orgânica e sombreada estão tendo procura pelos seus produtos e valorização. Temos negócios sendo feitos na região onde estão pagando R$ 30 reais a arroba da erva-mate orgânica. Já aquele produtor que investe muito em agroquímicos e fertilizantes químicos e está preocupado em produzir apenas volume, este está com sérios problemas, porque o consumidor e as empresas, por consequência, estão rejeitando este tipo de produto, este tipo de produto está com preços em queda e logo terá cada vez menos espaço no mercado.
Entre os fatores que contribuem para a ampliação das dificuldades enfrentadas pelo setor estão a instabilidade econômica e as mudanças climáticas. Apesar da resiliência da planta, as mudanças implicam na colheita e no manejo.
Bolha
Pompermayer explicou que por um longo tempo o setor ervateiro, especialmente, a região vivenciou momentos de prosperidade o que estimulou produtores e empreendedores a investirem na atividade, fato que de certa forma inflou uma bolha que com as adversidades tem a tendência de voltar às suas dimensões normais, ou próximas disso.
“Muitos grandes produtores se empolgaram com os resultados da produção de erva-mate e decidiram investir na implantação das próprias indústrias, e eu brinco que investiram alto, compraram máquinas e equipamentos, mas esqueceram de comprar a calculadora para calcular os custos. E custo é algo muito importante, é necessário compreender e aplicar. Não dá para vender abaixo do custo simplesmente para estar no mercado, uma hora estoura e essa hora parece estar chegando para muitos, lamentavelmente”, afirmou Pompermayer.
O presidente ressaltou que este é um momento muito duro e bastante complexo que o setor enfrenta. “Eu já enfrentei muitas crises no setor ervateiro, estou no mercado há mais de 40 anos, já vi muita coisa, mas confesso que como agora, não tinha visto, visto que vários fatores se conjugam para formatar este cenário que estamos vivenciando”, relatou, lembrando dos altos juros e da recessão econômica que ainda vamos enfrentar, segundo ele, está só começando.
Ausência do setor Público
Pompermayer lamentou a falta de iniciativas e de políticas públicas voltadas ao setor. “Temos Municípios e o governo indiferentes aos problemas do setor. Não há uma única ação para apoiar, orientar e estimular o produtor e o empreendedor, o que temos é apenas imposto e taxas para pagar e leis para cumprir”, reclamou, afirmando que o setor público poderia contribuir muito mais para o desenvolvimento da cadeia produtiva da erva-mate.