Lideranças falaram sobre as distorções geradas a partir das ações do MPT
Por Divanei Mussio
O estúdio Eco Regional foi o local escolhido pelo grupo de lideranças ligado ao setor ervateiro e representantes do Poder Executivo e Legislativo para dialogar e discutir a situação da mão de obra na região, dados os fatos ocorridos nos últimos meses.
Ao entardecer de ontem, quinta-feira, Eduardo Ranzzi, presidente da Femate, Fernando de Andrade, coordenador do Creas, Alvaro Pompermayer, presidente do Sindimate, Paulo Naibo, presidente do STR, Flavio Boelter, diretor de indústria, Clovis Roman, prefeito eleito, e Eduardo Michelon, assessor da Fetag, reuniram-se com esse objetivo.
Carla Pompermaier Zanotelli, diretora do Eco Regional e mediadora da conversa, iniciou explanando a atuação do MPT e como está o cenário no momento.
Alvaro Pompermayer, em sua fala foi incisivo. “Falta apoio ao setor ervateiro, à nossa região, por parte do setor da migração. Os imigrantes precisam ser regularizados no momento que entram no Brasil. A indústria quer trabalhar de forma regular, na legalidade”, destacou.
O prefeito eleito achou a atuação do MPT (Ministério Público do Trabalho) precipitada. “A região está se regularizando, é preciso ter calma, mas parece que Arvorezinha foi tirada para servir de exemplo para o RS pela fiscalização. Eles precisam de trabalho e nós precisamos de mão de obra e vamos fazer de tudo para regularizar esses imigrantes, vamos fazer uma força-tarefa para providenciar a documentação nessa Administração e na próxima, que inicia em janeiro. Os imigrantes são bem-vindos aqui”.
Oliveira, por sua vez, também manifestou-se no mesmo viés. “Como presidente da Femate, penso que temos que discutir essa situação da mão de obra, que já vem sendo escassa há mais tempo, em função da falta de sucessão nas famílias rurais. Vamos discutir na feira essa questão, com certeza. Temos que buscar, todos, a legalidade para seguirmos produzindo na região, o que todos querem”.
Flavio Boelter mostrou-se muito preocupado com a situação das ervateiras. “Recebemos cerca de 90% de erva-mate vinda através de mão de obra familiar; o que aconteceu é pontual e não podemos generalizar, mas sabemos que precisamos regularizar a situação dos estrangeiros. Com tempo vamos resolver tudo, pois não compactuamos com as irregularidades”.
Situações de vulnerabilidade social chegam até o Creas. O coordenador do órgão informou que cerca de mil imigrantes estão em Arvorezinha. “Estamos num trabalho árduo para regularizar e assistir essas pessoas. Temos uma comissão para trabalhar nessa questão e o Município fará tudo o que for possível para facilitar a documentação, pois todos precisamos disso, indústria e trabalhadores”.
Os trabalhadores estão vindo sem nenhuma documentação de seu país de origem, informa o coordenador do Creas. “Demora em torno de um ano para a regularização nesses casos. Além disso, a situação de vulnerabilidade é grande”, complementa.
Representando os produtores rurais, Naibo falou sobre o cenário. “Nosso agricultor é trabalhador e estamos juntos nessa luta para legalizar os trabalhadores argentinos. Quem contrata de forma ilegal pode ter sua aposentadoria em risco. Precisamos dessa mão de obra e eles precisam trabalhar, então precisamos ir atrás de tudo isso”
Eduardo Michelon diz que é uma via de mão dupla. “Todos precisam de todos e nosso povo acolhe os que vêm de fora, de forma humana. Mas precisamos saber quem estamos acolhendo para não termos mais um problema para resolver. E isso só é possível verificando a documentação de quem acolhemos para trabalhar em nossa propriedade.
Alternativas
O grupo levantou possibilidades para agilizar a solução. Pompermayer instou a questão da legislação trabalhista que precisa ser atualizada, visto a realidade atual de grande movimentação das populações em ondas migratórias no mundo todo. “A legislação precisa ser flexibilizada e modernizada; os tempos mudaram e os tempos são outros”, indica.
Realizar uma audiência pública com a comunidade e os deputados para verem de perto a realidade foi levantado por Oliveira. “É um problema bem amplo e nossos gestores precisam saber o que está acontecendo aqui. As famílias precisam pensar no futuro da propriedade e pensar, com os filhos, se vale a pena abandonar a terra, onde é possível ter uma boa rentabilidade se for bem gerida”.
O preço da erva-mate foi ressaltado por Boelter. “O grande volume de produção gera baixa no preço, impactando na rentabilidade do produtor rural” e estamos buscando saídas para isso, novos mercados”.
Oliveira informou que quem precisar de ajuda pode procurar o Município. “Estamos trabalhando para dialogar com todos os órgãos públicos, buscando e nos estruturando para dar o suporte para todos, produtores, ervateiros e trabalhadores”.
Naibo disse que o sindicato está preocupado com a situação. “Estamos juntos para buscar as soluções para todos”.
Michelon informou que foram buscadas informações na serra gaúcha para contribuir na resolução do que preocupa a todos. “Precisamos buscar em outros lugares informações e soluções para nos ajudar a solucionar”, destacou.
O Eco Regional se colocou à disposição para contribuir nas discussões, buscando as soluções. “Fica nosso apelo às autoridades para que cuidem de nosso setor produtivo. Somos um povo trabalhador, queremos trabalhar, produzir e viver bem aqui, na nossa região”, encerrou Carla.