Há mais de nove décadas, elas vêm desempenhando um papel fundamental na educação em Anta Gorda, por meio da atuação no ESI
Vinte e cinco de outubro. Uma data que merece ser evidenciada, sendo considerada um marco religioso e social para o Brasil e o mundo, data em que a Congregação das Irmãs Missionárias Scalabrinianas completa 125 anos de existência.
O início
A congregação foi fundada pelo bispo da Itália na época, João Batista Scalabrini, que ao contemplar o drama de centenas de pessoas na estação de Milão, que estavam abandonando sua pátria para buscar melhores condições de vida, comove-se e sentiu-se impulsionado a buscar respostas para aliviar este sofrimento.
“Os italianos embarcavam no navio geralmente rumo ao Brasil ou Argentina. Porém Scalabrini ao acompanhar um embarque em Milão, ficou impressionado com a quantidade de pessoas que partia sem condições, sem atendimento, com pouco alimento, sendo que viajavam por até três meses, e por muitas vezes morriam nas viagens. Por isso, teve um empenho muito grande para ter alguém que as acompanhasse”, conta a irmã Zenaide Mezzomo, diretora do ESI – Colégio Santa Teresinha, de Anta Gorda, e integrante da Congregação Scalabriniana.
Ela conta que inicialmente Scalabrini decidiu fundar uma congregação de padres, onde o padre José Marchetti veio para o Brasil, mas ao chegar aqui, vendo o número elevado de órfãos, filhos daqueles que morriam nas viagens, sentiu a necessidade da participação pastoral de uma congregação feminina, para auxiliar no cuidado com aquelas crianças. “Então ele voltou para a Itália com um navio e ao retornar trouxe mais uma ‘leva’ de italianos consigo, incluindo sua mãe, outras duas jovens e sua irmã, Assunta Marchetti, sendo que esta nunca mais retornou para a sua terra natal. Elas, que vieram para o Brasil como missionárias, foram guerreiras, recolhiam uma infinidade de crianças e tinham que conseguir recursos para mantê-las, mesmo diante de muitas dificuldades”, relata.
Marchetti, segundo Zenaide, apresentou as quatro missionárias para Scalabrini que as consagrou como religiosas. Desta forma, passaram a acompanhar os imigrantes nas viagens. “Também foram fundados dois orfanatos em São Paulo onde eram recolhidos os jovens e crianças, quando seus pais morriam nas viagens”, ressalta. A partir disso a congregação foi se expandindo no Brasil e também no Rio Grande do Sul, sendo que mais irmãs foram surgindo. “Hoje estamos em 27 países”, desta Zenaide.
Objetivos
Os principais focos da congregação são as áreas da educação, saúde e ação social. “A ação social inicialmente visava atender os migrantes italianos (famílias, idosos, crianças) e recebe-los, orienta-los, ajuda-los a ter uma profissão, a fazer os seus documentos. Mais tarde, esse trabalho estendeu-se para os demais migrantes, não só os italianos”, conta.
Atuação em Anta Gorda
Há 92 anos a congregação tem contribuído, e muito com a educação em Anta Gorda, estendendo sua atuação para toda a região, a partir do trabalho realizado no ESI – Colégio Santa Teresinha. Recentemente, o Legislativo de Anta Gorda, por meio de moção de congratulações apresentada pela vereadora Lorete Pitol Carboni, reconheceu o trabalho das irmãs, bem como expressou a gratidão pela presença feminina na igreja.
“É muito importante nosso trabalho na área da educação até porque estamos sempre buscando nos aperfeiçoar e atender cada vez melhor, acompanhando sempre a evolução dos tempos”, destaca Zenaide. “Acho uma missão linda trabalhar para que nossos jovens e crianças sejam cada vez melhores, porque queremos ter famílias melhores, sociedades melhores, com mais justiça, com mais ética, trabalhar valores, trabalhar o diálogo e a integração. É o que falta para o mundo hoje, e é isso que estamos buscando”, enfatiza.
Ela concluiu agradecendo. “Agradeço, em nome de toda a congregação, acima de tudo a Deus por todo o bem que nos permitiu realizar no mundo até hoje, auxiliando centenas de pessoas. Também quero louvar a Deus pelo apoio que recebemos da sociedade, das famílias, em todos os lugares onde estamos inseridas”, considerou.