No Valle di San Lucano, vilarejo de Taibon, nos Alpes Europeus, existe uma pedra muito conhecida, Il Cor (Coração de Pedra). Era tradição colocar na fachada das casas e nos arcos das portas o símbolo do coração. No Chalet Alpino de Ilópolis é utilizada esta curiosa ornamentação da casa, nas pingadeiras ou lambrequins.
Na montanha alpina, os lambrequins tinham a função de escorrer a neve quando ela derretia nos telhados, então eles deviam ser mais alongados, o que exigia que as fibras da madeira fossem dispostas na vertical. Mas por que o formato do coração está presente nesta casa em Ilópolis?
Nos alpes europeus os povos de montanha viviam uma experiência anual comparável ao que vivemos na pandemia. No período do inverno com até três metros de neve e com poucas horas de luz por dia, as famílias passavam maior parte do seu dia no porão na presença dos animais. A principal razão é que o aquecimento corporal dos animais economizava madeira para o fogo e a relação do homem e o animal naturalmente era muito amistosa. Isso explica o fato de os povos de montanha serem especialistas em queijos e não em carne. Além de tornarem se exímios artesãos em ferro e madeira.
O mais curioso é que esta arquitetura foi extinta nas montanhas europeias e nas conversas que tivemos por fóruns de arquitetura e história da imigração, os europeus simplesmente ficam boquiabertos em saberem que existe um exemplar exótico e único deste gênero de construção em solo brasileiro no sul do Brasil, um exemplar de Chalet Alpino que já apareceu em promoções do Estado do RS e que as pessoas não sabem onde ficam e muito menos o que representa esta arquitetura. E onde está casa está localizada?
Está em Ilópolis (Ilo do grego madeira) e polis (do grego cidade). Cidade da Madeira. Uma descoberta inédita e recente, pois, a indústria de erva-mate tornou Ilópolis conhecida como Cidade da Erva-Mate, pois seria uma junção de Ilex paraguariensis (erva-mate) com polis (cidade), versão inaceitável para filólogos que consultamos pois não existe essa possibilidade e que seria uma aberração linguística.
Essa descoberta corrige essa falsa interpretação mantida até hoje pelos ervateiros.