Durante a Expodireto Cotrijal, produtores rurais de diversas partes do Rio Grande do Sul realizaram uma grande manifestação em apoio a projetos de lei que buscam a securitização das dívidas dos agricultores afetados por adversidades climáticas. A mobilização procura garantir a viabilidade financeira de milhares de produtores que enfrentam dificuldades devido aos impactos da estiagem.
Os projetos em questão, o PL 341/2025, de autoria do deputado federal Pedro Westphalen (PP-RS), e o PL 320/2025, apresentado pelo senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), encontram-se, respectivamente, em tramitação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. A proposta visa permitir que as dívidas de agricultores sejam securitizadas, ou seja, transformadas em títulos negociáveis, para garantir maior fôlego financeiro para o setor.
A manifestação, considerada a maior mobilização da história da Expodireto Cotrijal, reuniu lideranças e entidades do setor agropecuário, como a Federação das Cooperativas Agropecuárias (FecoAgro/RS), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), a Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul (Ocergs) e a Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja-RS), entre outras.
O presidente da Expodireto Cotrijal, Nei César Mânica, destacou a importância da mobilização, alertando para a necessidade de uma securitização que não se restrinja a recursos governamentais. “Se limitarmos a securitização aos recursos públicos, estaremos atendendo apenas uma parte dos produtores, o que não é suficiente”, afirmou Mânica, referindo-se às dívidas com diferentes credores, como bancos, cooperativas e cerealistas.
A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul também demonstrou seu apoio aos projetos, com a criação de uma carta formal que será lida na próxima sessão do parlamento. O deputado estadual Marcus Vinícius (PP-RS) ressaltou que as Comissões de Economia e Agricultura da Assembleia estão empenhadas em garantir a adesão de outros deputados para fortalecer a causa, considerando especialmente as perdas significativas que o setor agropecuário do estado tem enfrentado.
O economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, apresentou dados alarmantes durante a audiência pública que aconteceu no evento. Segundo ele, o estado acumula perdas de R$ 106,5 bilhões no agronegócio entre 2020 e 2024, com o impacto da estiagem ampliando esse número para cerca de R$ 117,8 bilhões, caso sejam considerados os ajustes inflacionários. “As perdas são imensas, e não se limitam ao campo. A economia do estado foi drasticamente afetada, impactando toda a cadeia produtiva, desde a cooperativa até o setor de exportações”, destacou Antônio da Luz.
Diante do cenário de perdas históricas e das dificuldades financeiras enfrentadas pelos produtores, a união do setor agropecuário gaúcho se torna um passo fundamental para garantir a aprovação dos projetos de securitização das dívidas. A expectativa é que, com o apoio das instituições e do poder legislativo, medidas efetivas possam ser implementadas para minimizar os danos e garantir a recuperação do setor.
O futuro dos produtores gaúchos, especialmente em um cenário de adversidade climática, depende, agora, de um esforço conjunto que envolva a aprovação desses projetos de lei, permitindo não apenas a recuperação financeira, mas a continuidade da produção agrícola no estado, crucial para a economia nacional.