A arte do vinho artesanal que conquista o público
Por Oneide Marcos
Com mãos experientes, sensibilidade refinada e uma paixão que atravessa gerações, o aposentado, Martin Zanchin de 82 anos, é um verdadeiro mestre na produção de vinhos artesanais. Seu talento é reconhecido não só na cidade, mas em diversas competições e festivais do setor, onde seus vinhos conquistam prêmios e troféus ano após ano.
Zanchin é presença constante no Festival de Vinhos Artesanais e, mais do que isso, é referência. Com dedicação exemplar, ele mantém viva uma tradição herdada dos avós. “Aprendi com meus avós. A gente já veio com aquela vontade de trabalhar com esse produto. É uma lida que exige gosto, responsabilidade, higiene e muita vontade de trabalhar”, explica ele.
Sua relação com o vinho vai muito além do prazer de degustá-lo. “Eu me sinto bem fazendo o vinho. Se fosse pelo que eu tomo, precisaria muito pouco. Tomo uma taça por dia, duas quando tem companhia no jantar”, comenta com simplicidade.
É uma arte de gerações
Um dos grandes diferenciais do produtor está na seleção das uvas. Antes de qualquer compra, ele faz questão de visitar o parreiral pelo menos duas vezes, avaliando cuidadosamente a qualidade e a procedência do produto. Esse cuidado minucioso garante, além de um vinho mais puro e saboroso, um processo de produção mais consciente e artesanal.
Nos últimos anos, ele tem contado com o apoio especial de familiares na produção. Seu irmão, padre em Campo Grande, MS, organiza suas férias para coincidir com o início da colheita e do preparo do vinho, participando dos primeiros passos. Outro aliado de longa data é seu primo, tenente aposentado do Exército, que vem de Chapecó e passa de 15 a 30 dias auxiliando no trabalho.
Segundo Zanchin, são produzidos entre oito e nove mil litros por ano, dividindo-se entre tintos e brancos, pelos quais tem igual apreço. Ele faz questão de ressaltar a importância de controlar as temperaturas durante a fermentação: “O vinho branco precisa ficar em torno de 20 graus, senão chega fácil a 35. Já o tinto pode ir até uns 30 graus, mas tem que cuidar muito bem”.
Além da prática cuidadosa e tradicional, ele conta que está sempre em busca de conhecimento. Ele mantém amizade com três enólogos que o auxiliam e trocam experiências com ele, sempre com foco na melhoria dos processos. Para ele, a paciência é uma virtude essencial na fabricação: “Fazer vinho exige tempo. Não se pode ter pressa”, diz ele que segue: “não é só o gosto de tomar, é o gosto de fazer. Isso é o que me move”, finaliza, com a sabedoria de quem transformou o vinho artesanal em uma verdadeira obra-prima.