A crença é de que ao colher a marcela na Sexta-Feira Santa, antes do sol nascer, o orvalho torna a planta abençoada
Por Fabiana Borelli/Rosemary Piccinini
A tradição da colheita da marcela se repete ano a ano na madrugada da Sexta-Feira Santa. Antes que o sol nasça, as pessoas percorrem os campos e a beira das estradas para colher a planta que tem propriedades medicinais.
De acordo com Terezinha Spezia Boni, 79 anos, moradora de Ilópolis, a planta que é um símbolo do Rio Grande do Sul é considerada benta se colhida no amanhecer da Sexta-Feira Santa. “Se colhida antes do sol nascer ela ainda tem o orvalho bento, pois esse dia foi o dia em que Jesus morreu. E essa colheita virou tradição e um símbolo, todos os que têm fé acreditam que ela fica mais eficiente”.
Tradição que passa gerações
Terezinha conta que desde criança participa da colheita da marcela. “Ainda criança, eu e meus irmãos saíamos colher a marcela, era um dia especial em que toda a família se unia na colheita, colhíamos em cima dos barrancos e depois classificávamos as mais bonitas”.
Ela conta ainda que além de chás, sua mãe fazia travesseiros de marcela para combater dor de cabeça. “Quando um de nós estávamos com dor de cabeça dormíamos com o travesseiro de marcela, e ao inspirar o cheiro da marcela a dor melhorava. Ainda hoje eu faço esse travesseiro com a marcela”.
A idosa afirma que mantém a tradição de colher a marcela na Sexta-Feira Santa, e lamenta que a tradição está sendo abandonada pelas novas gerações. “Eu ainda colho a marcela, se não posso ir, os meus filhos colhem para mim. Mas infelizmente essa é uma tradição que está se perdendo, por falta de interesse dos mais jovens e também porque com o uso de secante nas propriedades, quase não vemos mais a planta nos barrancos e estradas”.
Propriedades da marcela
A marcela pode ser utilizada para males do estomago, fígado, rins, controle de colesterol, afinar o sangue, baixar a pressão, eliminar toxinas e como anti-inflamatório, e também para fortalecer e clarear os cabelos.