As intempéries do tempo têm castigado os produtores de soja e milho
A estiagem que tem se abatido sobre os agricultores gaúchos fazendo que a incerteza da colheita esteja presente no dia a dia, faz com que muitos estejam perdendo as esperanças de conseguir salvar alguma safra em 2022. A família de Claudemir Lodi, morador da Linha São Vitor, interior de Camargo, está a cada dia mais desaminada.
“Nós ficamos sem ter um norte, sem saber o que fazer, olhando para o céu e esperando chuva, cuidando a previsão do tempo em diferentes lugares, para ver se um traz uma notícia boa. Eu sou bem franco em dizer, o desânimo é grande”, explana.
Lodi explica que o agro, que se destacou durante a pandemia, por não deixar de trabalhar, já sofreu com a alta dos preços dos insumos e agora sofre com a estiagem. “Nós, aqui da região, estamos desde 2018 sofrendo, pois foi o prejuízo da empresa Fertimar e de lá para cá foi só rasteira. Quem conseguiu se recuperar do golpe, talvez não sobreviva a seca, que é uma das piores que posso me lembrar”, fala ele destacando a Cerealista Fertimar que foi à falência lesando diversos produtores camarguenses e da região.
Produtor não vê recuperação em um futuro próximo
A situação tem sido caótica, pois com altos investimentos para a safra, os produtores estão fazendo as contas e procurando formas de, ao menos, não ficar no prejuízo. “Eu já estive conversando com o gerente da Sicredi, negociando alguns prazos, talvez buscar um proagro. Por que o milho plantado cedo foi perdido e a safrinha tem sérios riscos de se perder também. Eu, penso na soja ainda de forma positiva e acredito em uma perda de 50% para este ano”, lamenta o produtor.
O agricultor fala que em muitos momentos pensa em abandonar a lavoura. “Nós pedimos muito a Deus para que nos dê forças, pois a vontade é de abandonar tudo. É muito triste olhar para o céu todos os dias e não ver uma nuvem de chuva”, lamenta.
E completa; “Nós muitas vezes não temos o reconhecimento merecido, escutando que o agro é o culpado pela alta nos preços dos alimentos, isso tudo desmotiva, pois de sol a sol, nós estamos plantando alimentos na terra. Passando por altas nos preços dos insumos, desvalorização no preço do que é produzido e agora a seca. Ninguém sabe até onde será possível continuar”.
Ele lamenta que neste momento a chuva não poderá salvar grande parte da lavoura. “Aqui na região de São Vitor, já estimamos perdas de 80% em alguns locais. É muito triste mesmo e não é apenas o produtor de grãos que sofre, é todo setor primário. É o gado de leite, corte, criação de suínos, produtores de frango e a previsão é da estiagem se prorrogar até setembro”.
E ele finaliza com tristeza. “Neste momento as lavouras estão sofrendo, mas ainda há água para consumo humano, mas se persistir essa seca, onde vamos parar? E quando faltar água para nós, para os animais? Nós seguimos pedindo a Deus por forças, por chuva e para não desistir”, finaliza.