Putinga, que guarda obras criadas pelo artista, é a primeira cidade do roteiro
O filme que conta a história do artista italiano Ângelo Fontanive, que imigrou para o Brasil no final dos anos 20 e fez morada no Vale do Taquari, finalmente poderá ser visto pelo público.
A equipe que coordena o projeto programa a realização de sessões especiais, em cinco diferentes municípios do Estado, para exibir gratuitamente o média-metragem. O roteiro foi escolhido com base nas experiências de vida e de trabalho do próprio artista:
21/07 – Putinga
Para o público em geral
Exibição: Casa de Cultura
Horário: 19h
22/07 – Ilópolis
Para o público em geral
Exibição: Museu do Pão
Horário: 15h
01/08 – Univates
Para os alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo
Exibição: Auditório do prédio 11
Horário: 19h
02/08 – Encantado
Para os alunos do Colégio Monsenhor Scalabrini
Exibições: Auditório
Horários: 10h e 20h – em duas sessões especiais
05/08 – Tapejara
Para o público em geral
Exibições: Centro Cultural – durante a abertura da Semana do Município
Horário: 15h e 19h – em duas sessões especiais
De Roma, para Putinga, direto para as telas
Milhões de pessoas viajam a Roma para visitar e conhecer obras. Porque não visitam Putinga? É o que propõe o cineasta ilopolitano Cleber Zerbielli, responsável pelo filme.
Angelo Fontanive edificou igrejas, pintou inúmeros painéis e projetou construções que surpreendiam pela imponência e engenharia, consideradas avançadas para a época. Em Putinga, onde podem ser encontradas criações do italiano, preservadas até hoje, é possível reconhecer características do período renascentista italiano, que até então só podiam ser vistas na própria Itália, um enredo que serviu de inspiração para a roteirização do filme e para a escolha do próprio nome do filme.
Apesar da atuação do artista também estar atrelada a obras em Itapuca, Nova Roma do Sul, Vespasiano Corrêa, Colorado, Sarandi, Tapejara e Ilópolis, a história não retrata toda a trajetória do italiano com fidelidade, já que Fontanive não costumava assinar todas as suas criações, por questões relacionadas ao período, como a Segunda Guerra Mundial.
Zerbielli, que dedicou 25 anos de sua vida ao estudo da imigração italiana e seus aspectos, acredita que o patrimônio criativo deixado pelo artista pode ser ainda maior, isso porque ele teria formado alunos que ajudaram a espalhar o legado e os próprios traços característicos do italiano em outras regiões. “Existem obras que se tornaram marcos históricos e arquitetônicos, até mesmo turísticos, mas que seguem sem ter um autor conhecido. Através deste projeto, ele será conhecido e homenageado”, explica Cleber.
Quem foi Ângelo Fontanive
Ângelo Giovanni Baptista Fontanive nasceu em 1901, no vilarejo de Taibon, na Itália. Já formado pela Escola de Belas Artes de Veneza, em 1926, parte para o Brasil em busca de oportunidades. Era considerado “renascentista” pela busca da perfeição na retratação artística.
Fontanive teve 5 filhos, mas apenas a caçula ainda vive e participará do filme com seu depoimento. Na família, o principal apoiador do documentário é José Ângelo Fontanive, porto-alegrense neto de Ângelo. “Foi José quem fez toda articulação com a família no sentido das autorizações, afinal, trata-se de uma obra biográfica e naturalmente há de ter o consentimento dos descendentes”, explica Zerbielli.
Em agosto de 2021, os descendentes de Angelo Fontanive conheceram o legado do artista no Vale do Taquari. Os primos Benito, José Ângelo e Carla visitaram Itapuca, Putinga e Ilópolis e não esconderam a admiração pelo trabalho do avô. “É uma emoção muito grande, é nossa raiz”, resumiu José, contemplando o interior da igreja de Itapuca.
O filme
Com diversos relatos e histórias esquecidas pelo tempo, o filme pretende promover o debate histórico nas cidades em que Fontanive produziu suas obras; além de valorizar o patrimônio artístico destas cidades e o “movimento de arte sacra” trazido pelo italiano e perpetuado por seus alunos ao longo dos anos. “Eu chamo de filme ativista, porque ele tem uma missão, que é preservar as obras e a trajetória de seu autor, e quem sabe proteger cada uma delas por lei, para que não sejam perdidas, comenta o cineasta.
A captação de recursos para o lançamento do projeto iniciou em 2019. A produção tem duração de 30 minutos. Após as sessões, o média-metragem será disponibilizada na íntegra na plataforma do Youtube. A equipe não descarta a incorporação de novas cidades à lista, mediante propostas. É o caso de Tapejara, que demonstrou interesse em um segundo projeto, a partir do filme, isso porque a igreja da cidade, construída pelo artista, seguindo estilo neoclássico italiano, seria uma homenagem à região de Veneza. “De Veneza para Tapejara, quiçá”, propõe Zerbielli.
O projeto tem o estimulo da Lei Federal de Incentivo à Cultura e conta com patrocínio de Baldo S/A, Distribuidora Meridional de Motores Cummnis S/A, Lojas Benoit, Três Tentos Agroindustrial e Tritec. A realização é da Gaita Produtora e da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo.