Na Linha São José, em Arvorezinha, horticultor inova com o plantio de tomate irrigado na região.
Modernizando uma prática antiga, William Gaspar Marcon, há dois anos, iniciou em Arvorezinha o cultivo de hortaliças de tomate. Através de pesquisas, ele desenvolveu um negócio próprio para gerar valor, não apenas financeiro, mas satisfatório também como relata.
Morador da Linha São José, William, com apenas 31 anos, fala com exclusividade sobre sua trajetória inovadora, as dificuldades enfrentadas, o que levou a seguir esse caminho e o quanto tem investido para o negócio dar certo.
“É o segundo ano que trabalho nesse projeto, é uma coisa nova e pouca gente tem conhecimento. Isso acaba tornando um pouco difícil a obtenção de orientação técnica adequada, eu vou atrás, mas poucas pessoas trabalham com isso, então, achar orientação mais aprofundada é mais difícil. Hoje, graças ao telefone e à internet consigo o apoio necessário, o especialista que me orienta é de Caxias do Sul, inclusive, é com ele que compro meu adubo”.
William relata a dificuldade de aceitação do seu produto no mercado. “Não é tão fácil quanto se pensa, o pessoal prefere comprar aquele produto bonito, lisinho e sem nenhum bichinho e não comprar um que daqui a pouco tenha o risco de ter algum defeito alguma machinha. Mas que vem com menos agrotóxico né”. William conta que seu produto também não 100% natural devido aos custos de cultivo, isso acabaria chegando nas prateleiras dos comércios a um preço bem elevado.
Ele conta como surgiu a ideia de investir nas hortaliças. “Essa ideia de fazer algo novo na região se deu por eu perceber uma grande produção de laranja, erva-mate e plantio de fumo. Para fazer o mesmo com os tomates eu precisaria de uma grande mão de obra, sendo assim eu estudei, analisei outras possibilidades, e vi que uma alternativa para que eu pudesse cuidar sozinho, e ainda ficaria com tempo para plantar milho e fumo paralelamente”, diz.
Além de contar com uma estufa que mede 50m x 7m e comporta 1.200 pés de tomate na sua propriedade, William tem à sua disposição um rio e um açude. “Tem um rio logo ali embaixo, e esse ano eu tive que pegar água nele, porque o açude não venceu, não deu conta, mas agora eu aumentei o açude para ter uma maior capacidade de armazenamento de água. Agora espero que funcione”, conta. Além do tomate, o jovem também faz o plantio de brócolis.
O jovem horticultor também fala de suas aspirações para o futuro. “De agora em diante é trabalhar mais para evolução do meu projeto ser bem sucedida, depois vamos ver, também tenho a intenção de colocar mais uma estufa, eu pretendo que seja esse ano ainda, porém o mais certo vai ser em 2023”, diz.
Willian comenta que está aguardando a chegada de algumas mudas para o dia 13 de julho. “Minha terra está pronta, toda adubada com os compostos orgânicos. A adubação química também já está toda espalhada. Me resta apenas esperar para plantar e posicionar as fitas de gotejamento. Esse período do ano também torna o processo de desenvolvimento das mudas um pouco lento, devido às condições climáticas. No inverno há menos com a presença do sol, levando cerca de 100 dias para o desenvolvimento completo da hortaliça. Já no verão o período é mais curto, 90 dias está tudo pronto”.
O tomate produzido na propriedade é o tradicional saladete (italiano), porém, em setembro começa o cultivo do longa vida. “Até o momento eu não encerrei todo o investimento necessário, falta vir material e eu também já tinha algumas coisas no início, o que reduziu bastante meus custos. Essa estufa vai me custar entre R$ 50 mil e R$ 60 mil, com a minha mão de obra e a ajuda do meu sogro, que foi muito importante”.
William ainda conta um pouco de sua trajetória e deixa uma mensagem. “Hoje eu tenho 31 anos, e aprendi com meus pais a trabalhar na lavoura. Saí, passei 10 anos fora da cidade, mas com o passar do tempo senti que deveria voltar, e não adiantava sair para cuidar do que é dos outros e deixar o que é meu acabar com o tempo e virar mato. Mesmo em meio a tantas dificuldades, com o aumento no preço dos insumos envolvidos nessa cadeia de produção, falta de mão de obra, e outras dificuldades que surgem no caminho, com cada passo dado só enxergo que nada é impossível, tudo dá para fazer mantendo os pés no chão e buscando formas de economizar para se ter uma margem de lucro no futuro”, finaliza.