A data, que marca a ressureição de Cristo, traz consigo muitas histórias e crenças
A Páscoa é uma celebração do calendário religioso cristão em memória à crucificação e à ressurreição de Jesus Cristo. A celebração cristã inspirou-se em uma comemoração judaica chamada “Pesach”, que acontecia na mesma época que Jesus supostamente foi crucificado e ressuscitou.
Principais tradições da Páscoa
A Páscoa é uma festividade marcada por diversas tradições, a maioria delas religiosas, mas existem também algumas práticas seculares, como segue abaixo:
Rito de Lava-Pés: prática realizada na Quinta-Feira Santa em lembrança ao ato de Jesus de lavar os pés de seus discípulos. É uma tradição que simboliza a humildade e o amor ao próximo como práticas cristãs.
Missas: são realizadas, no Domingo de Páscoa, como celebração da ressurreição de Jesus.
Paixão de Cristo: peças teatrais que encenam a crucificação, morte e ressurreição de Jesus são muito comuns nesse período.
Ovos de chocolate: prática secular muito comum é o consumo de ovos de Páscoa feitos de chocolate. Em alguns lugares, brincadeiras são realizadas com as crianças, colocando-as para procurar os ovos em um algum espaço.
Pintar ovos de Páscoa: é um costume entre as famílias do Sul e também se espalha por outras regiões. Dias que antecedem a data, adultos e crianças se reúnem para uma atividade ritualística, reservando um momento especial para colorir cascas de ovos, sejam eles de galinhas ou patas. As cascas geralmente são preenchidas com amendoins caramelizados, os famosos “cricris”.
Não comer carne na Sexta-Feira Santa: Embora seja uma forma menos agressiva de representar o jejum, muitos brasileiros gostam de usar essa data para se reunir com a família e preparar uma verdadeira comilança. Fazer almoços com pratos à base de bacalhau, outros peixes e receitas sem carne na Sexta-Feira Santa são tradições em muitas famílias.
Colheita da macela
Outra tradição é a colheita da macela. Jaime Luis Ferri dos Santos, de 71 anos, e sua esposa Daniela Martins de Oliveira, moradores da comunidade de Pinhal Queimado, em Arvorezinha, mantém esse costume há anos.
Jaime conta que a tradição começou pelos seus bisavós. “Colhemos a macela na Sexta-feira Santa, antes de o sol nascer. Sempre é colhida com o sereno. A macela é um chá muito bom para digestão, para gripe e também é um calmante”, destaca ele ao lembrar que sua mãe dava chá de macela a eles quando crianças. A macela colhida pelo casal fica guardada para o ano todo após a secagem.
A Páscoa na esfera religiosa
O pastor Delmo Silva de Vargas, que está há frente da igreja evangélica de Ilópolis há dois anos e meio, ressalta que a Páscoa é uma festa judaica e não uma festa cristã. “Ela começou com os judeus por ocasião da saída do Egito, quando Deus livrou, através de Moisés, o povo que estava há 432 anos cativo no Egito. Em Exôdo, capítulo 12, do verso 21 ao 28, Deus dá uma ordem a Moisés para que ele estabeleça a celebração da Páscoa. Deus ordena que Moisés mate um cordeiro, asse e coma com as famílias. Deus também mandou que Moisés comesse ervas amargas, assim, as ervas amargas lembravam a amargura da escravidão e a carne adocicada lembrava a doçura da libertação. Isso aconteceu até a vinda de Jesus que, no final de seus três anos de ministério, reuniu seus 12 discípulos para comerem a Páscoa. Após a janta, Jesus estabeleceu, então, um novo padrão, que seria a Santa Ceia/hóstia, com o pão e o vinho”, conta.
Segundo ele, os cristãos não celebram propriamente a Páscoa, mas a morte e ressureição de Cristo. “A crucificação de Jesus aconteceu na sexta-feira que antecedia a celebração da festa judaica da Páscoa e ao domingo, Ele ressuscitou. A Páscoa para nós representa a libertação da escravidão do pecado, pois Jesus morreu na cruz do calvário para o perdão dos nossos pecados e transgressões”, disse.
Ele afirma ainda que, a libertação do povo de Israel era o prenuncio daquilo que viria mais tarde, Cristo. “Nós lembramos na Páscoa que Cristo morreu em nosso favor, para nos remir, nos resgatar e nos reconciliar com Deus”, destaca o pastor ao concluir explicando que a igreja católica, a igreja protestante e a evangélica celebram a Páscoa com o mesmo fundamento: Cristo, o cordeiro pascal que libertou o povo da escravidão do pecado. “A Sexta-Feira Santa não é dia de luto para os cristãos, mas de alegria porque Cristo morre para nós salvar, assim, celebramos a nossa vitória sobre a morte, sobre o pecado e sobre o inferno. E no domingo de Páscoa celebramos a ressureição de Jesus”, finaliza.
Já o frei Protásio, de Camargo, ressalta: “A Semana Santa é, sem dúvidas, a maior da nossa fé. É a semana mais autêntica, de misericórdia e da clemência divina, em que pese também carregada de contradições. Começamos com o Domingo de Ramos, aclamando Jesus. Em seguida, escutamos a leitura da Paixão. Cabe frisar que a qualificação de Semana Santa não é um mero adjetivo, pois na verdade ela expressa a grande verdade sobre Deus, sobre a vida e sobre o ser humano”, declara.
Ele segue: “A Semana Santa é um acontecimento que é fonte de nossa fé e dentro desta semana destacamos o tríduo pascal, ou seja, a ceia e o lava pés. Na liturgia da quinta-feira há um grande ensinamento sobre o amor e o serviço. Na sexta-feira somos levados a contemplar, refletir e rezar sobre o sofrimento extremo, abandono e morte de Jesus na cruz, nos tornando assim solidários com a dor dos que não tem o que comer, dos que passam por uma enfermidade ou que tem uma perda inesperada. No sábado à noite ocorre a celebração da vigília e após Cristo ressuscita abrindo os caminhos, iluminando todos os nossos sonhos e esperanças”, finaliza.