Voluntárias estão com capacidade esgotada
Por Divanei Mussio/Oneide Marcos
“Nosso trabalho é voluntário e muitas vezes as pessoas acham que ganhamos algum salário da prefeitura, quando não criticam ainda o que fazemos”. É assim que Dolores Pinheiro Vaz descreve o dia a dia da Associação Amor e quatro Patas, de Fontoura Xavier, entidade que trabalha a favor da causa animal há cerca de 20 anos e da qual ela é a secretária.
Ela segue: “Ninguém acredita que fazemos por amor, que é voluntário; isso é só para quem tem Deus no coração e amor aos bichos”.
O trabalho de assistência aos animais conforme descreve Dolores, depende de doações da comunidade; a associação está legalizada, tem registro e CNPJ. Atualmente acolhe dez animais, mas já teve cerca de 30.
Porém, muitas são as dificuldades e entraves que as voluntárias têm que enfrentar para poder levar suas atividades adiante, inclusive denúncias feitas contra a associação. “Vizinhos nos denunciaram ao Ministério Público ao invés de nos ajudar; o casal que fez as denúncias vazias já perdeu duas audiências e ele é veterinário. Nunca vi veterinário não gostar de animais e fazer o mal a eles”, relata, ressentida com essas questões.
Os animais, cães e gatos, estão alojados na casa de Dolores, que construiu, com seu dinheiro, casinhas para eles, a qual ela chama de “casa espaço animal”. “Temos luz, água, cortinas, ventiladores, toda a estrutura que um ser humano precisa e com um animal não é diferente”, detalha Dolores. Ela segue. “Um animal também tem o direito e merece ficar bem”.
A associação não recebe ajuda do poder Público, informa Dolores. “A prefeitura não ajuda, os vereadores não ajudaram até o momento. Há indícios de que está vindo uma verba e agradecemos os que estão querendo ajudar, mas precisamos de algo que seja permanente. Compro tudo com meu dinheiro, pago veterinário, ração. Eles estão magros, mas não vamos deixar eles morrerem; repartimos a comida e damos a todos”.
Outra questão que a voluntária destaca é sobre quando as fêmeas de cachorros entram no cio. “Famílias que têm condições, não castram, outras são trazidas do interior e largadas no centro da cidade, muitas vezes com muitos filhotes. É o cartão de visitas de Fontoura Xavier; é lindo de se ver”, ironiza. “Já recolhemos muitas fêmeas, mas não temos mais condições de segurar. Fêmeas têm que ser castradas. Estamos esperando que a verba para a castração que está nos cofres públicos seja liberada, que resolveria a questão dos animais abandonados e doentes”, diz com esperança na ajuda do setor público.
Doação dos animais
A associação também faz doações de animais; foi feita a feira dos animais para esse fim. Quem quiser adotar, pode entrar em contato com as voluntárias; a doação é feita mediante a assinatura de um termo de responsabilidade e comprometimento. “Nós acompanhamos depois; têm que vacinar e cuidar. Geralmente as pessoas querem filhotes de pequeno porte mas os que estão abandonados são os de grande porte, que ninguém quer. Tem que pensar que o animal adotado pode viver muitos anos, até depois de você. Tem que saber que filhote de animal não é brinquedo de criança, ele é um serzinho que precisa de muito cuidado. Pode dar para a criança, mas trabalhar junto com essa criança sobre como tratar um animalzinho, para que seja, no futuro, protetor também”.
Ela comunica que não está mais recebendo animais. “Estamos doando, não podemos pegar mais animais”, encerra, voltando para os cuidados com os animais que tanto ama e protege.