Antenisca Cossa, uma mulher cuja história é mais antiga que o próprio município em que vive, celebrou no último 22 de julho 102 anos de vida. Nascida em Linha São Miguel, quando essa região ainda pertencia à Encantado, Antenisca é mãe de dez filhos, sendo seis homens e quatro mulheres. Ela foi casada por 40 anos com João Cossa, que faleceu em 1982, aos 63 anos.
Vaidosa e dona de uma memória notável, a idosa relembra com riqueza de detalhes um dos eventos mais marcantes na história de Putinga: a queda do famoso meteorito. “Lembro que foi no dia da festa de São Roque. Eu estava com umas amigas quando ouvimos um barulho muito forte e logo em seguida veio uma fumaça. Ficamos todos assustados, sem entender o que estava acontecendo, pensamos que era o fim do mundo”, conta, com vivacidade. Antenisca também destaca seus longos anos vividos na zona rural: “Criei meus filhos na roça”, diz com orgulho.
Um fato que a enche de alegria é que todos os seus filhos estão vivos. “Tive todos os meus filhos por parto normal e em casa. Meu primeiro filho nasceu quando eu tinha 22 anos”, recorda. No entanto, com tantos descendentes, ela admite que perdeu a conta de quantos netos e bisnetos tem.
Embora Antenisca tenha perdido o hábito de ler por conta da idade, ela se mantém informada através do rádio. “Nunca gostei de novela, mas às vezes assisto ao noticiário. Já o jornal, eu gostava de ler, mas hoje não consigo mais. E a TV não gosto muito, porque escuto pouco e acaba sendo chato. Por isso prefiro o rádio”, explica a mulher que, mesmo com a idade avançada, nunca usou óculos.
Questionada sobre o segredo de sua longevidade, ela sorri e brinca: “Uma caipirinha antes do almoço é o segredo”, responde.
Antenisca também relembra com orgulho seus tempos de juventude, quando confeccionava tranças e chapéus com palha de milho. “Fazia tudo: lavrava a terra, preparava o solo, plantava milho”, conta, e ao ser perguntada se tem saudades daquela época, responde prontamente: “Não tenho saudades.” Ainda lembra que fazia muito queijo para vender e contribuir com a renda da família.
Religiosa, ela lamenta não poder frequentar a igreja como antigamente. “Se eu pudesse, iria à igreja todos os dias, mas infelizmente não posso mais. No passado, eu até cantava nas missas”, recorda.
Morando sozinha, ela conta com a companhia de uma ajudante que a auxilia nas tarefas do dia a dia e faz companhia. “Gosto de fazer as coisas, ela está aqui mais para me fazer companhia”, revela.
Apesar da idade avançada, Antenisca finalizou a conversa respondendo qual é seu maior sonho: “é reunir todos os filhos em um grande encontro familiar. Esse é o meu sonho”, relata emocionada.