A arte do bordado passada de geração para geração
O primeiro contato da jovem Catharinie Antônia Mazocco Dutra, de 24 anos, com o mundo da costura e do bordado se deu muito cedo, quando ela, incentivada pela avó, Marlene Padoan Mazocco, de 71 anos, pregou seus primeiros botões em um paninho que avó guardou com muito carinho e recentemente o entregou para que a jovem guardasse como recordação.
“Desde muito nova acompanhava minha avó no quartinho de costura que ela tinha. Não lembro ao certo minha idade, mas após pregar meus primeiros botões, me interessei pelas coisas que ela fazia. Além de ser uma costureira de mão cheia, minha avó faz outras artes, como o bordado, o crochê e outros artesanatos e aos pouquinhos comecei a tentar fazer algo como ela”, relata Catharinie que é natural de Putinga, mas atualmente mora e estuda em Santa Maria. A avó também é putinguense, mas atualmente reside em Encantado.
Após aprender a dar os primeiros passos na costura, Catharinie foi além. “Aprendi o crochê quando mais novinha, e em 2015, quando participei da minha primeira Ciranda de Prendas em sua fase interna no CTG Querência Xucra de Putinga, na mostra folclórica, que é uma das provas que se faz necessária para a avaliação da prenda, o tema era sobre o artesanato. Fiquei alguns dias na casa da minha avó para reaprender a arte do crochê para poder apresentar isso na minha mostra folclórica”, lembra.
Com o passar do tempo, segundo a jovem, a vida a afastou do artesanato em razão de outras prioridades, a exemplo dos estudos. “Em março de 2020, início da pandemia, quando voltei para casa, num momento me passou pela cabeça que queria bordar algo para mim, foi então que eu voltei a bordar, com a ajuda da minha avó que cedeu todas as coisas dela para mim, como panos, linhas, agulhas e claro, sua dedicação para me ensinar e me ajudar a desenvolver essa habilidade”, conta.
“Minha mãe, Berenice, também tem grande parte nisso. Ela tem habilidades em artesanatos e me ajuda muito com ideias incríveis. Meu pai, Delmar, também tem uma pequena participação na montagem dos bordados. Enfim, o meu primeiro bordado foi uma reprodução de uma foto minha e do meu cachorro. Logo em seguida fiz um conjunto de três bordados para a porta de casa, postei no meu Instagram pessoal e recebi vários elogios e incentivos para criar uma pequena página e usar essa habilidade para conquistar uma renda extra. Hoje sou muito grata e feliz com isso”, destaca.
Catharinie borda em ponto baixo quadrinhos personalizados e chaveiros, e tem uma linha de chaveiros de bonequinhas que são feitos com a linha mais grossa de crochê. Alguns outros itens são feitos à mão. “Eu comercializo sob encomenda os que são personalizados e tenho alguns itens sempre a pronta-entrega. Para adquirir meus produtos o pedido pode ser feito pelo direct do Instagram de bordados @devoparaneta_”, ressalta.
“A renda que recebo através da minha arte é só um bônus desse meu dom e amor pela arte de bordar”
Catharinie enfatiza a importância da arte em sua vida. “O bordado é algo muito prazeroso e que me traz um sentimento único. Tudo o que é feito à mão é grandioso e é um dom que recebemos de Deus, nisso tudo aprendi também a ser mais paciente e que podemos sempre aprender algo novo a cada dia. A renda que recebo através da minha arte é só um bônus desse meu dom e amor pela arte de bordar”, frisa.
Questionada sobre o diferencial do seu trabalho a jovem pontua: “Acredito que o diferencial do meu trabalho é fazer tudo com muito amor, deixar um pedacinho de mim em cada bordado, além de tudo ser feito à mão, desde o bordado até a embalagem do produto, que também são personalizados e feitos pela minha avó”, salienta.
Ela finaliza falando sobre sua relação com a avó. “É muito difícil falar sobre ela e não me emocionar, eu sou muito grata a ela por ter a paciência e a dedicação em me ensinar essa arte tão linda. Palavra nenhuma demonstra o quanto eu a amo e admiro, minha avó é minha inspiração e exemplo de mulher forte e determinada. Meu coração transborda de felicidade em poder levar esse talento dela adiante e faço tudo isso por amor a ela. O ‘De Vó Para Neta’ nome dado ao pequeno empreendimento, é uma das minhas maiores realizações e me traz muita felicidade”, afirma.
Já Marlene se sente orgulhosa em ver Catharinie seguindo seus passos. “Desde muito pequena ela me acompanha na costura e sempre se mostrou interessada nessa arte. Fico muito feliz em ver ela realizada e a cada dia aprendendo mais sobre o bordado para melhorar no seu trabalho. Ela faz tudo com muita dedicação e amor”, considera Marlene que borda desde os 17 anos, quando começou a fazer o enxoval para a filha mais velha, Berenice, mãe de Catharinie.