Outras da região também estão recebendo melhorias gradativamente
Por Rosemary Piccinini
As Delegacias de Polícia Civil da região têm passado por um processo de reestruturação e reformas para melhor atender a população. Uma das mais recentes a receber melhorias foi a de Anta Gorda.
A inspetora de polícia Alessandra Bortolini está engajada na ação e enfatiza a importância das obras. “O nosso prédio, aqui de Anta Gorda, é antigo, e nós percebíamos que às vezes, as pessoas ficavam um pouco perdidas ao chegarem aqui, sem saber para onde se direcionar. Por isso, fizemos uma ampliação na nossa sala de recepção, fechamos algumas paredes, conseguimos montar algumas salas separadas para um atendimento mais discreto, mudamos alguns móveis e construímos uma cela, que antes não tínhamos na Delegacia. Ela nos permitirá fazer as prisões em flagrante com mais segurança, sendo que após todo o procedimento encaminhamos o detendo para o presídio”, explica.
A pintura na Delegacia também foi realizada. “A Polícia Civil nos deu as tintas e a Secretaria de Obras do Município, além de fornecer toda a mão de obra para fechamento das paredes, nos deu toda mão de obra para a pintura externa. A pintura interna nós mesmos, aqui da Delegacia, arregaçamos as mangas e fizemos. Lembrando que contamos com o apoio do voluntário Almir Baseggio, que tem nos ajudado muito também”, frisou ela. “Ficou tudo muito receptivo, e quando se trabalha num ambiente acolhedor, o serviço flui melhor”, acrescentou.
Apoio
Alessandra elenca o Sicredi como um grande apoiador. “Contamos anualmente com a ajuda do Sicredi, que é um grande apoiador da segurança pública nos nossos municípios, o que é muito bom, porque no geral não temos muito com o que contar. Embora nossa instituição seja estadual, o Estado tem um convênio com a prefeitura, que cuida da manutenção da delegacia. E o Estado, para fazer uma reforma é muito difícil, pois são muitas Delegacias, e ele não tem verbas para isso. Nós encaminhamos projetos, ficamos aguardando o retorno, mas sem uma previsão. Por isso decidimos fazer essa reforma na Delegacia, a qual já vinha sendo programada junto ao Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (Consepro). Fomos segurando um pouquinho do dinheiro que recebemos anualmente e juntamos para a obra”, disse ao salientar: “Para essa reforma nós estamos contando também com a ajuda da CIC/CDL, que é muito bem-vinda”.
Ela revela ainda que aguardam o fim do decreto de racionamento de água para lavar e posteriormente pintar as grades da Delegacia. “Esse serviço vai ser feito pela prefeitura também”, comunicou. “E nós estamos também tentando angariar recursos para colocar placas de identificação maiores na Delegacia, tanto externa quanto internamente”, conta.
A inspetora destaca ainda que a Delegacia não recebe nenhum tipo de recurso. “Quem recebe e administra todo e qualquer recurso é o Consepro, que tem as contas Sicredi e Banrisul para quem quiser doar”, explica ao pontuar que uma boa estrutura inibe a ação de criminosos. “Se eles virem uma polícia sucateada, pensarão que somos fracos. Por isso que a gente precisa se estruturar, a gente precisa mudar”, enfatizou.
Demais Delegacias
Alessandra revela ainda projetos a reestruturação nas Delegacias de Ilópolis, Putinga e Arvorezinha. “Nós estamos tentando melhorar a estrutura em Ilópolis. Foi feita uma ‘Vakinha Virtual’ e algumas empresas doaram valores. Com isso foi possível reformar o cartório. Ainda temos muito a galgar para melhorar a Delegacia, que eu considero hoje a pior da nossa região. Ela é grande, está num local de muita umidade e o prédio está defasado, mas com o tempo vamos melhorando”, disse ao reconhecer o auxílio do Lions Clube, que fez toda a pintura externa do prédio. “Melhorou muito o aspecto”, salientou.
Já sobre a Delegacia de Arvorezinha, ela explana: “Fizemos toda a reestruturação da sala de espera, que ficou muito boa, sendo que contamos com o apoio da prefeitura de Itapuca, do Sicredi e de várias empresas da cidade que fizeram doações. Conseguimos melhorar o espaço, tanto para os funcionários como para a população. Vale frisar que temos uma rotatividade grande de policiais na nossa região, então quando se oferta uma Delegacia melhor para trabalho, eles vão querer permanecer, e quando permanecem, oferecem um trabalho melhor por já estarem adaptados”, declarou.
Ela segue: “Já em Putinga há um projeto na prefeitura, que com certeza vai sair do papel, que é a construção de um centro integrado para a Brigada Militar e a Polícia Civil. Lá há um empenho muito grande da prefeitura”, considerou.
Atuação da Polícia Civil
Além de atuar fortemente no combate à criminalidade, a Polícia Civil realiza outras atividades. “Nós estamos com os trabalhos nas escolas também, que serão retomados em breve, em todas as escolas da região. Nós convidamos, inclusive, as turmas para virem até a Delegacia conhecer, pois às vezes as crianças não tem noção do que é o nosso trabalho. É interessante que se aproximem”, salienta Alessandra. “A polícia não está aí para repreender sempre, está aí mais para ajudar do que qualquer outra coisa, principalmente no interior, onde as pessoas nos veem como referência e buscam a Delegacia para muitas informações”, conta.
A inspetora ressalta que as quatro Delegacias trabalham em conjunto, uma apoiando a outra, seja por falta de efetivo, seja por ter Delegacias com maior número de crimes. E é aí que Alessandra se desdobra. “A minha lotação é em Anta Gorda, mas quando existem crimes mais graves, todos trabalham juntos. Ainda bem que temos um projeto via Consepro que nos beneficia com estagiário nível superior, que faz todo o atendimento e me libera para poder sair fazer o trabalho de rua, de investigação, porque a população quer o atendimento, independente do horário”, destacou ao informar que em breve a região deverá receber novos delegados e agentes, sendo muitos já experientes. “Vamos ficar com equipes experientes, formadas em investigação”, disse.
Em relação à criminalidade, ela ressalta que o trabalho não para. “Os crimes graves que acontecem (roubos) geralmente são cometidos por pessoas de fora e praticamente todos foram resolvidos. Nós também tivemos alguns furtos que aconteceram, que ainda estão sob investigação. Para nós das Delegacias de Ilópolis, Anta Gorda e Putinga é muito mais fácil manter o controle em razão da pouca criminalidade. Em Arvorezinha nós temos um pouco de dificuldade ainda de conter os crimes patrimoniais, porque lá nós combatemos muito o tráfico e esses crimes estão todos relacionados. Nós não temos quadrilhas especializadas em furtos. Em Arvorezinha nós temos pessoas que furtam para sustentar o vício. Ainda não é uma cidade violenta, mas precisamos oferecer um trabalho melhor. Outro fator que impede que isso aconteça é a questão do movimento. É uma das Delegacias com mais registros de ocorrência da região. Então, às vezes acabamos não conseguindo dar andamento em casos mais graves porque precisamos atender, e a população tem direito a isso”, enfatizou.
Além de inspetora, atuante em quatro municípios, Alessandra ainda é mãe e esposa, dentre tantas outras atribuições. “Às vezes chego no final do dia bem frustrada, porque eu não dei conta de tudo, lembrando que ainda cuido da parte administrativa das Delegacias de Anta Gorda e Arvorezinha, e de toda a parte processual. Então, é pesado e por vezes fico chateada por não ter conseguido cumprir a minha meta. Eu me cobro muito”, declarou ao acrescentar. “Ainda bem que tenho uma rede boa, tenho quem me ajuda, por isso eu consigo manter bem a minha família, pois passo muito tempo fora de casa. Tem dias que eu saio de madrugada e volto à noite. Não aconteceu ainda de eu não conseguir ver os meus dois filhos (de um ano e oito meses, e quatro anos e oito meses) num dia, mas às vezes tenho pouquíssimo tempo com eles. Isso é triste, mas eles já entendem e sentem orgulho da minha profissão. Eu faço isso porque gosto, porque se fosse por dinheiro faria outra coisa”, encerrou.