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Dependência das telas

Duas sessões e algumas conversas e surgem os primeiros resultados

O Eco Regional vem acompanhado a história de um rapaz de 18 anos, refém das telas de celular e computador

 

O excesso de tecnologia é de grande preocupação entre pais e educadores, uma vez que está atrapalhando o desenvolvimento infanto-juvenil e comprometendo a saúde mental dos jovens. Um exemplo disso está na pesquisa recente da OMS (Organização Mundial da Saúde), que listou o vício em games como um tipo de distúrbio mental. Assim, podemos exemplificar como necessária a conscientização sobre o controle do uso excessivo deste meio, sob pena de sofrermos sérias perdas.

Doenças psicológicas como ansiedade, depressão, e até atos de violência, entre outros problemas estão sendo potencializados pelo uso excessivo das telas, aliado a isso, estão as perdas cognitivas e o baixo desempenho escolar.

Toda essa problemática tem preocupado a sociedade como um todo. Visando aproximar o leitor deste contexto e ajudá-lo a compreender a importância de adotar cuidados, critérios e limites com o uso das telas, o Eco Regional está produzindo uma reportagem especial sobre o assunto, quando acompanha de perto o relacionamento entre um pai e um filho que buscam juntos por tratamento para tentar superar o problema.

 

Segunda Sessão já tem resultados

Após duas sessões com a psicóloga Naya Susan Becker, os pais de João sentem uma leve melhora no desenrolar da situação. Isso porque de acordo com o pai, João se mostrou mais aberto ao diálogo, aceitando inclusive manter um diálogo maior com a família.

Conforme foi dito na edição passada, João, atualmente vive um dilema em sua vida, em função da obsessão pelas telas desde seus 10 anos, quando teve seu primeiro celular, senda a partir daí o início de momentos de isolamento e solidão, vindo a encontrar refúgio em amigos e jogos on line.

Para o pai, a fase de isolamento sempre foi motivo de preocupação, pois João apesar de ser muito inteligente e capaz de desenvolver muitas habilidades, poderia ser influenciado por algum tipo de ideia que viesse a trazer algum tipo de problema ao filho. “Sempre foram motivos de cobranças que muitas das vezes chegaram a ser motivos de discussão a situação de João com as telas. Sempre me preocupei pelo fato dele ficar horas trancado no quarto, isolado, apenas mexendo no celular ou computador”, afirma o pai.

Outra preocupação que o pai não esconde, era o fato de que em algumas ocasiões, o filho usava gestos e palavras mais agressivas, típicas de alguns jogos on line. “Realmente essa também sempre foi uma grande preocupação de todos nós, pois nunca sabíamos se era real ou brincadeira certas atitudes”, diz o pai.

Porém a família não esconde a alegria da pequena evolução já percebida, na medida em que o filho também está disposto a colaborar e mudar alguns hábitos. “Após as duas primeiras sessões e algumas conversas, percebi essa pequena mudança, principalmente na questão do diálogo. Acredito que começam a surgir os primeiros efeitos”, comemora o pai que segue: “palavras de apoio que visam valorizar a inteligência do meu filho e principalmente a capacidade dele de se relacionar e ser compreendido, vem sendo ditas, tudo para reforçar a importância do meu filho para a família e para todos que o querem  o bem dele, diz o pai”.

A ideia é que juntamente com a profissional psicóloga, se possa trabalhar para que  João possa ter mais envolvimento social com a família e que busque se relacionar mais com amigos e colegas.

 

João começa a se conscientizar da necessidade de mudança

Eu sou o João, e conforme meu pai já havia colocado, eu sempre fui apaixonado por tecnologia, especialmente as ligadas a celular e computador. Sempre escutei meus pais reclamando que eu não saía do quarto, não dava atenção para a família. Na minha cabeça isso sempre foi normal para mim e eles que estavam errados. Eu sempre usei o computador para jogar e trabalhar.

Realmente sempre tive dificuldade em fazer amizades e no mundo virtual essa dificuldade não existe. Porém, chegou ao ponto que meu pai buscou ajuda, pois ele acredita que estou perdendo o foco no mundo real. Eu fui duas vezes na terapia e me comprometi a dar o meu melhor e tentar superar essas dificuldades e poder mostrar que uso a tecnologia para o bem. Estou comprometido em tentar ficar menos dependente das telas, inclusive antes eu ficava sem almoçar ou jantar por causa do mundo virtual, mas faz duas semanas que estou reservando esse tempo de almoço e janta para mim, mesmo que esteja mexendo no celular.

João também destacou que não tinha consciência de que o uso que faz das telas pudesse lhe trazer problemas de saúde e que a partir da conversa com a psicóloga está compreendendo que precisa equilibrar melhor sua vida, reservando um tempo de convívio com a família longe das telas, priorizando as refeições e os laços de amizade e amor com os seus.

 

Déficit de comunicação em família é uma das principais causas das dependências

A psicóloga Dra Naya Susan Becker de Soledade, atendeu ao caso de João e seu pai e destacou as dificuldades que permeiam as relações entre pais e filhos onde a questão da dependência das telas acaba por piorar ainda mais essa relação.

Existe principalmente um déficit de comunicação entre pais e filhos, onde geralmente os filhos adolescentes preferem manter um distanciamento dos pais, muitos por acharem que os assuntos dos pais não são interessantes para si ou que os pais não os entendem, não querem e não gostam de ouvir críticas, mesmo que sejam construtivas.

Esse déficit de comunicação é encontrado em todos os contextos, geralmente por ambos os lados, onde não é falado, explicado com detalhes o que se pensa, o que se espera, o que se quer do outro, estamos acostumados a achar que o outro tem bola de cristal e sabe o que pensamos ou queremos, muitas vezes por ser algo óbvio, o que esquecemos é que cada um pensa de uma maneira, e que os pensamentos na maioria das vezes não estão em sincronia.

Outros por um sistema emocional confuso, onde nem mesmo o adolescente sabe o que pensa, muitos não sabem o que querem, e consequentemente nada está bom… resumindo, é a falta de comunicação.

Falta de comunicação, que também faz com que a dependência das telas continue, porém é importante destacar que muitos dos jovens sabem que estão abusando, que há exagero, e muitos permanecem assim por prazer em contrariar os pais, ou por não ter nada mais divertido a se fazer, por isso, criar momentos em família com atividades que o filho goste, entrar um pouco na vida do filho, entender e experimentar o que ele gosta, faz com que ele se sinta valorizado e automaticamente vá se soltando mais com a família.

E um último ponto, super importante: elogiar sempre!!! Mostrar ao filho que se está percebendo a sua colaboração, suas tentativas, isso faz com que o jovem tenha mais ânimo a continuar a tentar…

 

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