Por Cibel de Oliveira
Diogo Ferraboli, produtor da atividade leiteira de Anta Gorda, concedeu uma entrevista para uma rádio local durante a Expointer, onde compartilhou reflexões a respeito do estado emocional conflituoso que percorrem os participantes da feira em relação ao futuro da atividade leiteira.
Segundo ele, existe um misto de alegria pelos resultados obtidos até o momento, porém uma tristeza latente sobre os expositores de gado leiteiro, uma vez que essa pode ser sua última participação no evento.
A oscilação nos preços do leite traz uma série de dificuldades econômicas para o setor. Ele afirmou que o atual custo do leite, situado entre R$ 2,50 e R$ 2,60 por litro, está muito abaixo dos valores necessários para manter a atividade viável. “Os produtores enfrentam a perspectiva de ganhos inferiores a R$ 2,00 por litro no mês, o que levanta preocupações significativas sobre os rumos do mercado e da própria sustentabilidade da produção leiteira”, diz.
Diogo ainda mencionou que o governo tem direcionado investimentos para valorizar a importação de leite de outros países, como Argentina e Uruguai, enquanto a produção nacional encontra-se em situação delicada. Essa diferença gera incertezas sobre quem está realmente se beneficiando dessa abordagem e levanta questionamentos sobre a ausência de ações para proteger a indústria leiteira brasileira.
“O governo poderia solucionar parte desses problemas mediante a imposição de taxas sobre a importação de leite estrangeiro, essa forma contribuiria para equilibrar a concorrência e valorizar a produção nacional, que enfrenta desafios como custos operacionais elevados decorrentes de anos de seca e estiagem”, destacou.
Ao abordar o futuro da atividade leiteira, Ferraboli apontou para um cenário preocupante. Ele afirmou que o setor está chegando a um ponto de quebra, onde a continuidade da produção se torna insustentável para muitos. A impossibilidade de manter a rentabilidade coloca em grande preocupação a própria sobrevivência da classe leiteira, assim como a indústria da carne também enfrenta problemas semelhantes.
Ferraboli ressaltou que, embora haja uma satisfação com os resultados de premiações e o reconhecimento da qualidade da produção, as preocupações financeiras se sobrepõem. A diferença entre os ganhos e os custos de operação está comprometendo a realização dos sonhos dos produtores e, em última análise, ameaça o funcionamento de todo o setor, lançando um cenário de complexidade para a indústria leiteira e de carne.
Em suas considerações finais, Diogo chamou a atenção para a importância de medidas que fortaleçam o produtor nacional, assim como para um papel ativo dos governos, prefeitos, deputados e da mídia na busca por soluções para a crise no setor. A entrevista destacou a urgência de ações que protejam a atividade leiteira e garantam a viabilidade dessa indústria fundamental para o cenário econômico do país.