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E quando não sabemos: amor e dúvida

 

Nem sempre sabemos o que sentimos, às vezes estamos em um relacionamento e, ainda assim, somos atravessados por perguntas que não cessam:

Será que amo mesmo? Será que sou amada? E se tivesse dado certo com aquela outra pessoa? E se eu tivesse perdoado, tentado mais uma vez, teria sido diferente? O amor, ao contrário do que se costuma pensar, não é feito só de certezas, ele também habita o território da dúvida.

O desejo humano é marcado por falta, por incompletude. Isso quer dizer que nem tudo no amor será claro, linear, racional. Muitas perguntas amorosas surgem não porque algo está necessariamente errado, mas porque amar também é suportar não saber. Questionar o que se sente, duvidar do que se viveu, imaginar cenários diferentes tudo isso faz parte do nosso funcionamento mental.

Quando um relacionamento termina, ou nem chega a acontecer, é comum que as perguntas se intensifiquem. “E se tivesse sido diferente?” “Será que ele(a) me amou de verdade?” “Será que ainda pensa em mim?” A mente constrói pontes com o que não aconteceu, tentando dar forma ao que ficou suspenso. São formas de elaborar o luto de um vínculo que não se completou. Muitas vezes nestas relações rápidas, o que mais dói não é o fim de uma grande história, mas o encerramento de algo que mal começou. A relação que não deu certo, que não teve chance de crescer, pode deixar um rastro

silencioso e profundo. Não é só sobre o outro, mas sobre tudo que aquela história simbolizava: a promessa de um afeto, o desejo de ser escolhida(o), o projeto de um amor idealizado. O sofrimento, nesse caso, é menos por perda e mais por ausência “o que faltou viver, o que se imaginou que poderia ter sido.”

Também há as perguntas que surgem dentro das relações que ainda existem. Após uma traição, por exemplo, não é raro ouvir: “Será que eu consigo perdoar?” ou “Se perdoar, isso quer dizer que esqueci?” O perdão, nesse contexto, não é um botão que se aperta, mas um processo emocional, às vezes longo e doloroso. Muitas vezes, o que pesa não está somente na traição mas na aceitação ou não de uma nova versão de quem você é ou retornar para quem um dia foi. E isto não significa apagar o acontecido, mas ressignificá-lo. Ainda assim, muitos se culpam por não conseguirem “seguir como se nada tivesse acontecido”, como se o amor verdadeiro devesse bastar para dissolver todas as dores.

O fato é que nem todas as perguntas terão resposta e talvez esse seja um dos maiores desafios de amar. O ser humano busca sentido, mas a vida afetiva, por vezes, escapa do entendimento lógico. Podemos amar e duvidar, desejar e recuar, sentir

saudade e não querer voltar. Sentimentos convivem com ambivalências, e o caminho da

maturidade emocional passa por aceitar que amar também é, em alguma medida,

conviver com o que não se sabe.

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