Os nomes foram indicados pela 25ª CRE, de Soledade
A impugnação da única chapa apresentada para concorrer a eleição para a direção do Instituto Estadual de Educação Felipe Roman Ros, fez com que a 25ª CRE, de Soledade, indicasse o nome das professoras Márcia Dorigon Caron e Nara Arosi, para assumirem a instituição de ensino.
Na última eleição registrada, em 2018, Márcia e Nara haviam apresentado chapa para concorrer, porém esta não foi eleita. A indicação por parte da CRE, deixou as educadoras surpresas, segundo Márcia que assume em janeiro como diretora. “Nós fomos convocadas para uma reunião, comparecemos, e o coordenador procedeu a questão da escolha do diretor da escola. Seguindo os preceitos legais, sendo a primeira iniciativa a titulação dos professores, ele indicou meu nome e o da Nara e nós aceitamos”, declara.
Já Nara, que assume como vice-diretora, recorda: “Nós perdemos há três anos, uma eleição muito tumultuada, mas em nenhum momento deixamos de atender muito bem os alunos, tanto que nenhum de nós duas teve sequer uma ata disciplinar nossa aqui nessa escola, nunca ninguém precisou chamar a nossa atenção por motivo algum. Apesar de tudo nós fizemos o melhor que podíamos fazer”, frisa.
Plano de trabalho
Márcia e Nara destacam ainda não ter uma linha de trabalho definida, pela forma rápida e repentina com que foram nomeadas. “Foi tudo muito rápido, não imaginávamos assumir esses cargos, até porque tinha uma chapa formada para concorrer e nós não iríamos formar uma porque eu estava com outros interesses. O meu foco era a aposentadoria, dar um tempo, mas como surgiu o convite eu não ia dizer não”, pontua Márcia.
“Mas uma das ideias básicas é buscar trabalhar com educação em primeiro lugar, e que a escola venha a atender de uma certa forma, os anseios da comunidade. Daremos sequência ao trabalho que já vem sendo feito pela atual diretora, apenas remodelando alguns pontos, algumas questões que se desenvolveram não tão cabíveis na escola em virtude da pandemia, e buscar então atender os preceitos legais, atuando forte na formação desses estudantes porque são eles que vão e já estão liderando a comunidade”, acrescentou.
Ela destaca ainda que hoje, os alunos tem a tecnologia como aliada ao ensino. “Porém muitas coisas inverteram. Antigamente tinha-se vontade de estudar, mas não tínhamos tantos recursos. Hoje os alunos tem esse acesso, porém muitos já não tem mais o desejo de aprender”, lamentou. “As forças sociais estão fazendo com que os nossos estudantes cheguem na escola sem muitas perspectivas de futuro, como se tinha uma vez, o que é próprio da onda do século 21”, salientou.
Ao fazer uma avaliação sobre o Instituto Felipe Roman Ros, Márcia aponta: “A nossa escola hoje é referência em termos de tamanho, mas não de qualidade. Estamos perdendo a cada dia mais alunos que vão em busca de outros locais de estudo, embora os pais digam que o conteúdo é praticamente o mesmo. A questão é a procedência, os valores, e estar aqui. Uma mãe me disse bem claramente que só tirou seu filho/a da nossa escola porque não tinha mais voz ativa em casa, pois acompanhava os cadernos dele(a) e o conteúdo era equilibrado. A exceção é que em outros lugares há muito mais atividades escolares, onde o aluno, além da escola, recebe uma carga muito grande de trabalhos para fazer em casa, e aí dele se não fizer. É chamado na hora, e por isso eles levam mais a sério”, ressalta.
Ela segue: “Vejo que ao longo do tempo banalizou bastante e uma das coisas que detonou com a escola é negociação para que se possa coordená-la. Se falta com a índole moral em troca de votos e depois não se pode chamar a atenção dos alunos, caso contrário eles te calçam. Essa realidade aqui, principalmente no turno da noite, é muito forte”, revela. “Também vejo que professor não precisa desfilar modas, não precisa ter grandes posses, ele precisa ter coerência entre o que ele vive, o que ele acredita, o que ele diz e o que ele cobra. Eu estaria detonada, se não tivesse isso, pois eu não desfilo e não tenho grandes posses. Eu venho para a escola porque o meu sonho era trabalhar. Eu vim de família humilde e precisava ajudar em casa. Eu nunca escolhi trabalho”, frisou Márcia.
Ela destaca ainda, se sentir lisonjeada por poder assumir a direção da escola que tanto ama. “Para mim foi uma grande honra até porque em momentos anteriores nós buscamos essa direção e não conseguimos. Agora ser convidada por um coordenador e fazer parte da maior escola da 25ª CRE é motivo de alegria. Penso que foi um grande presente e me sinto confortável em dizer que deixei muitos projetos pessoais em nome de livros, do estudo, de buscar conhecimento, porque sempre foi o meu grande sonho”, comenta.
Márcia acrescenta: “Isso é muito mais do que assumir uma direção, afinal não preciso e nem quero status. É questão de poder me doar mais um pouco para uma escola que me criou, porque se eu sou professora hoje, a base fundamental foi essa escola. Todos os outros cursos que eu fiz depois foram importantes, mas eles apenas incrementaram o que eu construí graças aos professores que tive. Sou muito grata a isso e quando estou na sala de aula eu busco muito mais do que receber um salário no final do mês, eu busco retribuir o que fizeram por mim em algum momento”, disse.
Por fim, Marcia, encerra destacando: “Objetivos, claro que temos e vamos seguir todos os preceitos legais para cumpri-los. Vamos buscar trabalhar a qualidade, embora ela já não tenha mais aquela bagagem significativa como uma vez. Vamos buscar resgatar valores. Confesso que não esperava essa receptividade da comunidade que me para na rua dizendo acreditar que agora as coisas podem mudar. Estão nos delegando uma responsabilidade muito grande e ficamos um pouco receosas com isso, pois sabemos que num grupo de pessoas, uma pensa diferente da outra, ainda mais quando houve um convite para assumir cargos quando se tinha interesse de se eleger por meio de uma chapa, então é bem desafiador. Mas o grande diferencial é que a gente gosta muito do que faz”, finalizou.