Doralício Scorsatto fez parte da Comissão Emancipacionista de Itapuca
Por Divanei Mussio
Aos 75 anos, dos quais mais de 30 foram vividos em Itapuca, Doralício Scorsatto, conhece a história do município desde os seus primórdios, pois foi membro atuante e protagonista da comissão emancipacionista e trabalhou muito para que Itapuca chegasse à sua emancipação político-administrativa, concretizada no dia 20 março de 1992.
O povo não acreditava na emancipação
“De início, tivemos apoio de Nova Alvorada e depois também de Arvorezinha; então resolvemos formar uma comissão e eu era o Conselho Fiscal e o presidente era o finado Germano Sgarbossa. O povo não acreditava, mas nós sempre lutamos para conseguir a emancipação”, descreve o antigo morador da Linha Nona.
O início não foi fácil, segundo lembra Scorsatto, pelos altos gastos e as muitas viagens necessárias, numa época em que a comunicação não era tão fácil como é hoje. “Lutamos muito, tivemos o apoio de deputados e não arredamos o pé. Ainda tenho o Livro Ouro com o registro de quem doou para cobrir as despesas”, relembra, puxando a memória daqueles dias de luta, que se tornariam históricos e para sempre lembrados. “Começamos a fazer bailes, eu tinha um conjunto e tocava de graça. Assim fomos arrecadando. Muita gente ajudou”, complementa.
Sorsatto conta que o prefeito de Arvorezinha, à época, Darcy Domingos Pompermayer, in memoriam, era contra a emancipação de Itapuca. “Ele era muito meu amigo; fui até o gabinete dele e disse que Arvorezinha era mãe nossa e os filhos precisavam de apoio. Disse que queríamos ter a nossa prefeitura, a nossa saúde, nossa própria estrutura, nossas máquinas. Ele disse que eu era uma pessoa que ele confiava e por isso, depois, nos ajudou”, declara.
Ele segue relatando a trajetória emancipacionista. “Quando a Câmara de Vereadores de Arvorezinha aprovou a emancipação, o governador do Estado, Alceu Colares, vetou. Então, visitamos os gabinetes de muitos deputados estaduais, os líderes dos partidos, e eles nos garantiram o apoio e votariam favoráveis ao Projeto”. E foi o que aconteceu.
“Quando foi decretada a emancipação, foi uma festa bonita”
Os deputados aprovaram a emancipação; por aqui, muitos foram contra, mas o sonho daqueles visionários e sonhadores, se concretizou. “Conversamos com o povo, explicamos, fizemos uma grande campanha pelo sim no plebiscito, e ganhamos”, conta, ainda sentindo a mesma emoção de 33 anos atrás. “Quando foi decretada a emancipação, foi uma festa bonita”, pontua.
No jovem Município, muitas novidades começaram a tomar corpo; a Administração precisava ser formalizada e surgiram os primeiros partidos políticos. “Eu formei o PTB e o primeiro prefeito foi eleito, o Magrão”, relembra.
Hoje, o emancipacionista, enumera as vitórias e conquistas do Município, do qual foi vereador na segunda legislatura. “Temos maquinário de primeira, nossa Saúde está muito bem, com muitos profissionais e nossa população está muito bem atendida. Temos tudo aqui”, destaca.
Scorsatto como vereador, trouxe muitas conquistas para Itapuca “Comecei a trabalhar para adquirir coisas para o município. Consegui o projeto do Posto de Saúde, encanamento, carro para a Saúde, carro para a Educação, redes de energia, enfim, fazia pedidos aos deputados e era atendido”, lembra.
Na época da emancipação, segundo o ex-vereador, tinha quatro mil habitantes em Itapuca. “Hoje, tem cerca de dois mil e muitos precisam se deslocar para outros municípios para trabalhar. A cidade está bonita, mas o que me preocupa é que só os aposentados estão ficando em Itapuca. A população está envelhecendo e diminuindo”, aponta. “Hoje teríamos que incentivar o jovem a ficar aqui, conseguir emprego aqui mesmo, investir em uma pequena fábrica para fortalecer a economia e dar mais incentivos na agricultura”, finaliza, sentindo-se orgulhoso por fazer sua parte pelo desenvolvimento e crescimento de seu Município.