Agentes de endemias fazem sua parte, mas colaboração popular é essencial
Por Manoela Alves
Uma situação que tem colocado o Estado em alerta é o grande aumento no número de casos positivos de dengue, sendo que o número de contaminações em 2022 já ultrapassa todos registrados em 2021.
Um dos municípios mais afetados na região é Camargo, que já registra mais de 40 casos confirmados. De acordo com as agentes de endemias do município, Adriana Argenton e Liandra Tapero Craça, o que mais falta são os cuidados básicos da população.
“Nós estamos nessa situação crítica, pois não está havendo conscientização de algumas pessoas sobre o quanto esta doença é perigosa. Grande parte da comunidade está cuidando, mas ainda há aqueles que não percebem o risco em que estão colocando sua família e vizinhos, apenas pelo acúmulo de água irregular”, explica Adriana.
Devido ao alto número de pessoas contaminadas, as propriedades com focos confirmados do Aedes Aegypti e que não cumprem o prazo de adequação, após a notificação, estão sendo multadas.
Camargo conta com a Lei Municipal n°1.856/2018, que criou o programa municipal de combate e prevenção às doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti, que é coordenado pela Secretaria de Saúde, seguindo o programa nacional de combate a dengue. O responsável pela propriedade, onde há criadouros dos mosquitos, é notificado para realizar a limpeza, com o prazo máximo de dez dias para adequação. O não cumprimento da exigência acarreta em multa ao proprietário.
“Neste momento já tivemos que multar duas propriedades particulares. Nesse caso, o fiscal sanitário municipal nos acompanha até o local e faz a aplicação da multa ao responsável. Infelizmente em casos extremos é necessária essa penalização, pois o cuidado com a prevenção à dengue é um caso de saúde pública”, explica Liandra.
Os casos não param de crescer
O mosquito transmissor da dengue raramente se prolifera em ambientes rurais, preferindo zonas urbanas pela proximidade e aglomeração de pessoas. “Os nossos casos estão quase 100% concentrados na zona urbana do município, isso se dá ao fato de que o mosquito não vive mais do que 30 dias e seu deslocamento é de até 300 metros. Por isso, é importante o cuidado preventivo na cidade”, continua Adriana.
Para haver contaminação com a doença. O Aedes Aegypti fêmea precisa ter contato com o sangue de uma pessoa contaminada, tornando-se um transmissor. “As larvas não nascem contaminadas, estudos já comprovam que todos os mosquitos picaram alguém que já tem o vírus e então transmitem para outra pessoa. Em 30 dias, que é seu ciclo de vida, ele pode contaminar muitas pessoas”, explica Liandra.
A solução é a prevenção
Adriana e Liandra trabalham constantemente com o foco da prevenção. “O vírus da dengue não é transmissível de uma pessoa para outra, apenas através do mosquito. Por isso manter os pátios limpos, sem focos da doença é essencial. A dengue é uma doença muito séria, que já levou a óbito mais de dez pessoas no Estado neste ano, pode parecer pouco, mas é muito se pensarmos que a prevenção é simples”, continua.
Após a confirmação dos primeiros casos, foi liberado pela Secretaria de Saúde, por meio da 6ª Coordenadoria de Passo Fundo, inseticida para ser aplicado nas áreas contaminadas e nas bocas de lobo.
“A aplicação do inseticida é apenas paliativa no combate, nós só vamos terminar com a doença no nosso município com a colaboração de 100% dos nossos munícipes. Nós, junto a Secretaria de Saúde, agentes de saúde e ao fiscal sanitário, estamos fazendo a nossa parte, trabalhando na conscientização, basta que a comunidade abrace esta causa junto a nós”, finaliza Adriana.