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O poder do perdão: abandonar mágoas pode reduzir a ansiedade e o estresse

Segundo a psicologia, o perdão e o autoperdão são fundamentais para o bem-estar emocional

Por Divanei Mussio

Substantivo masculino que significa remissão de uma culpa, dívida ou pena, desobrigação do cumprimento de um dever; disposição para perdoar. A definição de fácil entendimento para a palavra perdão contrasta com a complexidade do processo psicológico que envolve sua busca.

Nesse sentido, a psicologia nos ajuda a compreender os comportamentos humanos, levando em consideração seus sentimentos e emoções, bem como o ambiente em que cada um está inserido e como o mesmo pode influenciar no comportamento.

Conforme a psicóloga Jessica Somensi Comin, quando falamos de perdão, estamos falando de um conjunto de emoções complexas relacionadas a mágoas, ressentimentos e capacidade de liberar esses sentimentos para alcançar uma paz interior. “O processamento dessas emoções é fundamental para atingir o perdão, pois perdoar não é simplesmente esquecer ou ignorar o que aconteceu, mas sim um processo de aceitação e transformação emocional. Quando sofremos uma mágoa e/ou ofensa que ultrapassa os limites da dor emocional, temos a tendência de sentirmos um peso negativo em relação ao ofensor. O perdão pode ser visto como uma libertação pessoal; esse processo de perdoar muitas vezes envolve reconhecer a dor causada, entender as motivações por trás das ações do outro e, por vezes, encontrar um caminho para a compreensão e até mesmo empatia”, destaca a profissional da saúde mental.

A prática do perdão pode trazer benefícios significativos para a saúde mental e física. Jessica segue explanado sobre a importância da busca do perdão, que beneficia muito mais quem perdoa do que quem é perdoado. “Alguns estudos sobre o assunto mostram que pessoas que perdoam podem experimentar menos sintomas depressivos, ansiedade e estresse. Também podem melhorar suas relações interpessoais, pois o perdão está ligado diretamente com laços de confiança e compaixão. Alguns autores apontam a melhora na saúde física, como, por exemplo, na frequência cardíaca”.

Não é uma tarefa fácil

No entanto, perdoar nem sempre é uma tarefa fácil de se alcançar. Pode exigir tempo, reflexão e, em alguns casos, ajuda profissional. É importante lembrar que perdoar não significa justificar ou desculpar a injustiça, mas sim reconhecer a própria capacidade de escolher como responder emocionalmente às circunstâncias ocorridas, destaca a psicóloga.

Ela segue: “Não há definição de o que deve ou não ser perdoado. Cabe a pessoa machucada a tarefa de compreender o mal que sofreu e escolher pelo processo de perdão ou não. Somos serem únicos e cada um tem sua singularidade, o que é ofensivo para um pode não ser para outro. Assim, devemos prestar atenção também no significado da autocrítica e na autocompaixão, pois são extremos emocionais vivenciados por muitas pessoas que influenciam significativamente no bem-estar psicológico e no processo de perdão”.

Nesse processo, características emocionais pessoais contam muito para determinar o caminho que será seguido. “Pessoas autocríticas tendem a ser duras consigo mesmas, exigindo padrões elevados e se culpabilizam com frequência. Essa voz interior pode levar a sentimentos de inadequação, baixa autoestima e quadros de ansiedade. A autocrítica pode ajudar no processo de perdão se pensarmos pelo lado da análise dos fatos e na aceitação ou não do que aconteceu. Por outro lado, é possível que pessoas muito rígidas consigo mesmas não se permitam fazer tal análise e permaneçam alimentando a raiva e rancor em relação ao que lhe causou sofrimento” salienta Jessica.

Autocompaixão e autoperdão

A psicóloga também chama atenção para a autocompaixão, componente importante do processo de perdão. “A autocompaixão envolve o olhar gentil em relação a si, principalmente diante de dificuldades e sofrimentos. É aceitar e reconhecer a própria humanidade com compaixão, sem julgamentos severos. Não se trata de ignorar as responsabilidades, mas sim de abordá-las com apoio e cuidado pessoal. É olhar para si com carinho e respeito”.

Como tudo na vida, o ideal é sempre agir com equilíbrio; refletir e compreender o ocorrido e os motivos que levaram o ofensor a ter determinada atitude. Respeitar o próprio tempo, sem tomar decisões precipitadas, pode colaborar na elaboração do processo de perdão.

O autoperdão também está nesse caminho, conforme Jessica. “Muitas vezes nos culpamos pelos nossos erros e ficamos presos em um ciclo de pensamentos negativos e autocondenação, podendo causar danos severos ao bem-estar psicológico. O autoperdão envolve o processo de aceitar nossas próprias falhas, erros e imperfeições sem culpa ou autocrítica excessiva. Muitas vezes, é mais fácil perdoar os outros do que a nós mesmos. Ele não significa ignorar ou desculpar nossas ações, mas sim reconhecer nossa humanidade e capacidade de aprender com nossos erros” salienta.

Aceitar que cometemos erros é parte essencial do crescimento pessoal. “Todos nós falhamos em algum momento, e isso faz parte da vida. O autoperdão nos permite aprender com nossos erros sem ficar preso a sentimentos de vergonha ou culpa. Em vez disso, nos capacita a fazer melhores escolhas. Além disso, o autoperdão é um ato de amor-próprio. Isso fortalece nossa capacidade de lidar com desafios e adversidades, pois nos permite enfrentar a vida com mais leveza e aceitação”, enfatiza.

Perdoar é curar a si e ao outro.

Jessica finaliza: “Perdoar é processo! Um processo que exige paciência e tempo. Quando sentir dificuldade em elaborar um sofrimento causado, procure ajuda profissional. Perdoar é cura, é curar a si, é curar o outro”.

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