Cultura ainda é pouco comum na região, mas tem alta rentabilidade, conforme palestrante
O auditório da Unidade de Saúde de Anta Gorda sediou na tarde da quinta-feira, 14, uma palestra, ministrada pelo sócio diretor da empresa Olivas do Sul – com sede em Cachoeira do Sul, José Alberto Aued. O assunto em pauta foi a olivicultura, ainda pouco comum na região, mesmo que comprovadamente há 6 mil anos atrás já se tinha registros históricos do homem extraindo azeite da azeitona.
De acordo com Aued, a empresa Olivas do Sul iniciou sua trajetória em 2005, quando iniciou um estudo de viabilidade instigada pelo fato de que o Chile, a Argentina e o Uruguai produziam oliveiras, e o Brasil não. “Confesso que as tentativas foram inúmeras, até que conseguimos implementar os pomares e hoje prestamos auxílio a quem desejar apostar também nessa cultura. A olivicultura tem algumas regras principais para dar certo. A primeira delas é não fazer o plantio em terrenos úmidos ou sujeitos a encharcamento. Outra é corrigir o PH adequadamente”, disse.

Segundo ele, hoje no Brasil existe uma expectativa extraordinária em relação à olivicultura. “A oliveira, uma vez estando em solo em adequado, garanto que não tem no agronegócio uma alternativa melhor em termos de renda. É muito prazeroso de trabalhar com ela. Além do mais, nós produzimos azeite para concorrer em qualquer lugar do mundo. O azeite produzido no Rio Grande do Sul é de excepcional qualidade, reconhecido inclusive no exterior”, ressalta.
Apaixonado pela cultura, ele revela porque esteve em Anta Gorda. “Eu recebi um convite para falar sobre esse assunto e como gosto de fomentar a olivicultura não perco uma oportunidade de falar sobre ela”, enfatiza.
Preço, produção, plantio e colheita
Aued destaca que o Rio Grande do Sul possui hoje 4,5 mil hectares plantados com oliveiras, sendo que um pomar médio resulta entre 20 e 30 hectares. “Estão concentrados mais na região da Serra do Sudeste”, disse.
Em relação ao plantio, segundo ele, há duas épocas ideais durante o ano. “Em outubro, ou nos meses pertencentes ao Outono”, revela. “Já a colheita varia muito de uma região para outra, algumas acontecem em março, outras em maio”, acrescenta.
Sobre o preço, na última safra Aued declara que a oliva (fruto) foi comercializada há R$ 5 o quilo, e o azeite, após industrializado, custa em média R$ 120, podendo ultrapassar a faixa dos R$ 240. Uma curiosidade é que são necessários cerca de 10 quilos de olivas para produzir um litro de azeite.
Mas uma preocupação ronda esta cadeia. “Em cinco anos a metade dos pomares que estão sendo implantados no Rio Grande do Sul poderão estar sendo abandonados porque foram mal implantados. Por isso a importância de aperfeiçoar e estar atentos às técnicas de manejo adequadas”, frisou.
Mas este não é o caso do produtor Jandir Zuffo, que tem plantação de oliveiras há seis anos na Linha Viena, interior de Anta Gorda. Ele mantém o manejo em dia no seu pomar, e avalia positivamente a cultura. “Tenho 1,2 mil pés de oliveiras. Viajei há alguns anos para a Fronteira, visitei algumas propriedades e me entusiasmei em plantar. No ano passado fiz um pouco de azeitonas em conserva e neste ano devo ter uma produção razoável. É uma atividade que requer mão de obra, mas é satisfatória”, salienta.
Também esteve presente na palestra o vereador Alvimar Tremea, um dos incentivadores do encontro junto à Zuffo, Emater/RS-Ascar, Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Secretaria de Agricultura. “O objetivo é difundir a olivicultura que está sendo chamada de ‘ouro gaúcho’. Mas nos preocupa a falta de conhecimento em relação ao cultivo, ao tipo de solo, e em relação à mão de obra, que é muito exigida, afinal a oliveira tem um período curto sendo que quando ela começa amadurecer os frutos, dois ou três dias após tem que ser feita a colheita”, destaca.
Segundo Tremea, o clima da região é extremamente propício para o cultivo. “Penso que onde dá erva mate dá oliveira também. E vale lembrar que Anta Gorda, por meio do seu primeiro prefeito, Arminho Miotto, trouxe essa cultura para cá, tanto é que temos um bairro chamado Jardim das Oliveiras, onde existem árvores centenárias, que se forem bem cultivadas, voltam a produzir”, pontua. “Nós temos as nogueiras, a erva-mate, a suinocultura, a avicultura, o gado leiteiro, citrus, soja, milho, e isso seria um algo a mais. Foi importante essa palestra. Quem sabe daqui há alguns anos possamos ter oportunizado alguém a produzir e aumentar sua renda”, finalizou.