Moradores da Linha Terceira Giusti relatam momentos de pânico vividos com um desmoronamento de terras que destruiu a casa onde moravam
Apesar da dor, gratidão. Essa é a frase que ilustra muito bem o que vive a família Riva, moradora da Linha Terceira Giusti, município de Anta Gorda, que apesar de ter sua casa praticamente destruída por um desmoronamento de terras, agradece a Deus pela oportunidade de seus integrantes estarem vivos.
Aos 74 anos, Antônio Riva afirma nunca ter presenciado algo parecido. “Moro nesta comunidade há 67 anos e construí essa casa há 32. Infelizmente vi parte dela indo embora em questão de segundos. Eu estava em casa, sentado no sofá. Era dia 01 de maio por volta das 11h. Minha filha estava fazendo o almoço e fazia um minuto que tinha vindo para a sala, onde eu estava. Quando nós vimos, a cozinha foi levada pela força da terra e minha filha por pouco não fica soterrada. Não sabíamos o que estava acontecendo e então saímos correndo da casa”, recorda.
A filha de Antônio, Sirlene, dá mais detalhes. “Como afetou a cozinha, perdemos freezer, geladeira, fogão a lenha, fogão a gás, forno, panelas, pratos, enfim. Também perdi meu carro que estava na garagem do meu irmão uma rua acima, tudo o que estava no porão, nossa lavoura de milho, e a parede do meu quarto também foi levada pela terra. Uma curiosidade é que eu tinha a imagem de Santa Terezinha em cerâmica no meu quarto, em cima da minha cômoda. Com todo o tremor ela caiu, mas ficou intacta”, ressalta ela, que tem 45 anos.
Ela segue: “Aqui perto mora meu irmão, cunhada e sobrinho. Minha cunhada e meu sobrinho estavam em casa naquela manhã e ela viu a terra se soltar, foi correndo gritar para o meu sobrinho sair da casa e quando foi para nos avisar a terra já tinha levado tudo. Foi muito rápido. Quando escutei o primeiro barulho achei que era um eucalipto caindo, me virei e já vi a terra descendo. A casa do meu irmão também ficou rodeada de terra e só não caiu porque Deus segurou. É tanta terra que acreditamos que nem mil caminhões consigam transportar”, declara.
A família revela que não pretende reconstruir no mesmo local, e sim, na Linha Borghetto, onde estão abrigados atualmente. “Estamos morando no Borghetto, eu, meu pai, meu irmão, cunhada e sobrinho. Temos que dar graças a Deus por termos onde nos abrigar, por eu, meu irmão e minha cunhada termos emprego e por meu pai ser aposentado. Lamentamos por quem não tem mais nada. Estamos tristes pelo que perdemos, mas não podemos reclamar. Se um de nós tivesse morrido, não ia fazer sentido ter sobrado algum bem material. Bola para frente, vamos sofrer, mas vamos conseguir nos reerguer”, afirma Sirlene. Quem desejar ajudar a família de alguma forma, pode fazer isso doando móveis e utensílios para cozinha.
Extremamente católica, a família acrescenta: “Sentimos que naquele dia alguém colocou a mão e nos protegeu. O que também nos chamou atenção foi que tinha uma gruta com a imagem de Nossa Senhora perto da casa e a terra veio até ali e parou, não atingindo a gruta”, emociona-se Sirlene. “Por enquanto, nós só soubemos agradecer a Deus porque se não fosse Ele, não estaríamos aqui. Felizmente ninguém se machucou. Perdemos bens materiais, mas o bem mais precioso é estarmos todos juntos”, encerrou ela.