Por Rosemary Piccinini
Criar um filho sozinha e apresentar o mundo e todas as suas regras a uma criança não é uma tarefa fácil, ainda assim, algumas causas levam muitas pessoas a desempenharem essa função sozinhas. O abandono, a morte, a indisponibilidade, são fatores que criam um espaço em branco na vida de muitas crianças, em nossos moldes de sociedade.
No caso da antagordense Dercia Soligo, a morte do esposo Gustavo, em 2020, em decorrência de uma doença rara degenerativa, fez com que ela assumisse total responsabilidade não apenas do filho Heitor, hoje com quatro anos, mas também a chefia da empresa Acesso Informática, de Anta Gorda, da qual Gustavo era proprietário.
De acordo com ela, o esposo sempre foi muito presente e deixou marcas fortes no caráter e na educação do filho. “Nossa família foi planejada e construída com muito respeito e companheirismo. Por isso, sigo com serenidade ao lado do Heitor, pois acho que todo desejo de mãe é saber orientar e educar os filhos”, destaca Dercia.
A rotina
A empresária relata que a rotina dela e de Heitor é organizada. “Tudo funciona, e ser mãe é minha prioridade. Nada é mais importante do que meu filho, mesmo na correria do dia a dia, onde tenho que cuidar da casa, trabalhar fora e sustentar a família. O que mais me preenche é cuidar do meu filho. Faço questão de estar presente em todos os momentos. Levo e busco na escola, almoçamos juntos, auxilio na tarefa de casa, enfim, sempre tem espaço na minha rotina para ele”, enfatiza.
Projetos sociais
Além de tudo o que já foi citado, Dercia ainda busca tempo para se dedicar a projetos sociais. “Claro que para isso conto com o apoio de pessoas capacitadas e especiais. Minha equipe de trabalho é muito presente na empresa e na minha vida. Tudo o que eu decidir fazer nós discutimos juntos, inclusive os projetos sociais que não fazem parte do dia a dia dos meus colaboradores, dos afazeres e obrigações deles, mas eles me ajudam”, relata.
“Nós temos o projeto social que restaura computadores que as empresas jogariam fora. Eles, após restaurados, servem para uso doméstico, para trabalhos, e principalmente na pandemia isso foi muito útil, pois entregávamos esses computadores às famílias para que as crianças pudessem estudar em casa”, conta. O projeto iniciou em 2021 e se estende até hoje. “Nossa dificuldade hoje é conseguir doações de monitores, mas estamos conseguindo manter o projeto e isso é algo que me satisfaz muito, ver coisas que iriam para o lixo sendo úteis para outras pessoas”, pontua.
Dercia relata ainda que, como a maioria das mulheres hoje em dia, foi deixando o sonho da maternidade para mais tarde. “Porém, acredito que tudo tem sua hora. Curti cada momento dessa fase e sou muito grata por ter tido a benção de ser mãe com mais maturidade”, enfatiza.
Ela encerra deixando uma mensagem: “Mesmo com as dificuldades, tudo tem sua recompensa, seu lado bom, e é vida que segue. Não é uma tarefa fácil, independentemente de idade, classe social, com pai ou sem pai/esposo, com um filho ou mais. A tarefa de ser mãe e educar é difícil, é desgastante, mas é compensadora, e no fundo a gente sabe que a nossa função na educação dos nossos filhos é única e o amor por eles é inigualável”, concluiu.