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“Sinto orgulho em ter criado uma bandeira com tanto significado”

Aneclaide Julia Fioravanço Vassoler conta a história por trás da bandeira de Camargo

Por Manoela Alves

Dias e mais dias de pesquisa, envolvimento e doação por um município onde viveu as melhores lembranças de sua vida. A camarguense Aneclaide Julia Fioravanço Vassoler, designada a criar a primeira bandeira de Camargo, recorda com detalhes todo o processo de desenvolvimento.

“Eu morava em Porto Alegre na época, e em Camargo sabiam que eu era desenhista da CRT, onde eu fazia desenhos arquitetônicos de rede. O prefeito de Camargo e o secretário de Administração e Educação, na época, foram até minha casa e pediram se eu poderia criar a bandeira do município para eles e eu disse que sim, pois sempre gostei de ajudar o município onde nasci e cresci”, inicia relatando.

 

A ideia inicial

Aneclaide conta que, o grupo salientou o desejo de que constasse na bandeira uma coroa, algo que remetesse ao plantio de milho, soja e trigo e também a criação de gado. “Comecei então a planejar a bandeira até me dar conta de que o que eles haviam me pedido para colocar na bandeira é algo que tem em todo o mundo, e eu penso que bandeira é a marca, é a identidade de um lugar e por isso precisa ser diferenciada”, pontua.

E ao folhar o guia telefônico, ela descobriu o endereço de uma fábrica de bandeiras em Porto Alegre. “Fui até lá e fiquei sabendo que havia um padrão de medidas a ser seguido e a pessoa que me atendeu me indicou um setor do governo, de moral e cívica. Me direcionei ao setor e lá disseram que eu não iria conseguir fazer a bandeira, pois era necessário conhecimento em heráldica e que só havia um especialista em heráldica no Rio Grande do Sul, o presidente do Instituto Histórico do Estado, Paulo Pedroso Xavier, mas que ele cobraria até para conversar comigo”, recorda.

Não satisfeita com a resposta, Aneclaide conta que telefonou para Xavier. “Ele me atendeu, expliquei que Camargo era um município novo e que não tinha dinheiro, que eu tinha vontade de fazer essa bandeira para ajudar e contei o que o haviam me pedido para expor na bandeira, e também o meu pensamento. Ele disse então que havia gostado do meu posicionamento e que eu poderia ir falar pessoalmente com ele, pois não me cobraria”, salienta.

E mais uma vez, Aneclaide partiu em busca de auxílio. “Fui até lá e ele me explicou o que era heráldica, o significado da cor das bandeiras e disse que o pano de fundo das bandeiras dos municípios, por lei, tem que ser branco, pois o colorido serve apenas para estados e países. Disse ainda que eu deveria pesquisar o que significava Camargo, e assim fiz. Foram muitas pesquisas. Fui até a Assembleia Legislativa onde tem registrada a história de cada município, mas era tudo muito vazio”, enfatizou.

O próximo passo após o conhecimento adquirido, foi comunicar a comitiva camarguense de que não concordava em criar a bandeira da forma como haviam solicitado. Ela comunicou ainda que Xavier havia sugerido a organização de um concurso no município para ideias de criação da bandeira. “Passou um tempo, prefeito e secretários me procuraram novamente e disseram que ninguém havia se inscrito para o concurso e me deram a liberdade da criação”, ressalta.

 

Nova visão

A infância de Aneclaide foi sua maior inspiração para que surgisse uma nova ideia de criação. “Comecei a pensar em Camargo na minha infância, onde todos eram uma grande família, os vizinhos se ajudavam em época de colheita, e toda a comunidade era muito solidária. Entendi então que, com união, igualdade e trabalho se chegava à vitória. E foi isso que coloquei na bandeira”, relata.

Ela segue: “Expus na bandeira o raiar de um novo município, com bonecos de mãos dadas que significavam a união e a igualdade. Os bonecos eram em formato de oito, alusivos às oito comunidades que existiam em Camargo. Também coloquei 11 estrelas, que representavam as 11 escolas, e as datas das emancipações religiosa e política de Camargo, pois política e religião sempre andaram juntas”, explica. “Criado o desenho, fui mostrar ao presidente do Instituto Histórico do RS, expliquei o que significava e ele me disse que era uma relíquia, que nunca havia visto uma bandeira com tanto sentimento, e que ela poderia ser registrada como bandeira autentica do município. Ela era toda em cetim e eu bordei a mão. Isso ocorreu em meados de 1990”, acrescenta.

Aneclaide destaca que, nunca deixou de acompanhar o desenvolvimento de Camargo. “Eu fui embora do município em 1969, aos 18 anos, para procurar emprego, pois éramos uma família numerosa, passamos fome e frio. Fui para Porto Alegre na cara e na coragem e lá trabalhei em três empresas, até me casar. Após entrei na CRT, em 1976, onde fiquei até me aposentar. Nunca deixei de querer voltar para Camargo, tanto que voltei em 1989” frisa.

Ela encerra: “Sinto orgulho em ter criado uma bandeira com tanto significado”, afirma. “Camargo evoluiu bastante em todos os setores e sempre tive muito orgulho deste município que é tão bonito, que é uma joia no RS. O único aspecto que analiso que Camargo ainda tem que evoluir é no quesito união, para que todos sejam favorecidos”, finalizou.

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