Reunião aconteceu junto à Câmara Municipal de Vereadores e atendeu a solicitação dos vereadores Clóvis Roman e Silvio Grapégio
Por Oneide M. Duarte
No dia 10 de abril, a comissão organizadora da 10ª Femate foi convocada pela Câmara de Vereadores para prestar contas e esclarecer dúvidas acerca da realização da 10ª Femate, que segundo os vereadores Sílvio Grapegio e Clóvis Roman, ambos do PSDB, pode ter gerado um prejuízo estimado em mais de R$ 500 mil aos cofres públicos municipais.
Participaram da mesa, além dos vereadores citados, o vereador do PDT Eberson Coradi, o prefeito Jaime Borsatto, o presidente da 10ª Femate Claudir Fachinetto, o presidente da Acisar/CDL Fabiano Basso e o contador Octaviano Rossi. A reunião foi presidida pelo vereador Augusto Cichelero, presidente do Poder Legislativo de Arvorezinha.
Na oportunidade foi lido e apresentado, no telão, o mesmo relatório exposto no dia da escolha das soberanas. Os presentes puderam acompanhar o detalhamento do relatório explicado pelo contador Otaviano Rossi, porém os vereadores não ficaram satisfeitos com a forma superficial como a prestação de contas foi feita. Eles questionaram a diretoria sobre a tomada de preços e a forma como cada fornecedor foi selecionado, também solicitaram cópias das tomadas de preços com pelo menos três orçamentos e cópias das notas ficais com descrição de serviços realizados.
A resposta por parte do presidente da 10ª Femate, Claudir Fachinetto, foi de que aos orçamentos e demais documentos serão apresentados em outro momento. “O pedido será por escrito é nós vamos responder aos vereadores e a qualquer um da comunidade que queira saber sobre qualquer assunto da feira”, disse Fachinetto.
Ainda questionado sobre quando será apresentada a nova diretoria, o presidente da feira respondeu que entregará o cargo no momento em que surgir uma nova equipe disposta a trabalhar pela feira. “Eu não pretendo estar à frente da 11ª Femate. Não me negarei em ajudar a nova diretoria, mas a partir de agora quero me dedicar a mim e à minha família”, disse Claudir Fachinetto.
Já o presidente da Acisar/CDL, Fabiano Basso, respondendo ao vereador Sílvio Grapégio sobre quem poderia integrar a nova comissão da feira, explicou que o espaço é aberto a qualquer arvorezinhense. “Qualquer pessoa pode integrar as comissões e fazer parte da diretoria da Femate”, explicou Basso. Já em um outro momento, Basso leu um trecho do estatuto da Femate que diz que os membros que integram a diretoria da Femate são indicados pelo Poder Público e entidades, contradizendo-se em sua fala.
Sobre os R$ 350 mil repassados pelo Poder Executivo para a realização da feira, o presidente explicou que o a aplicação ou devolução do valor será decidido pela diretoria. O vereador Eberson Coradi lembrou que a prestação de contas desse valor já foi feita para o prefeito, sendo que será repassado uma cópia da mesma para cada vereador.
Sobre os rumos do valor, o presidente, em entrevista para a reportagem do Eco Regional, se limitou a dizer que existe uma diretoria e essa precisa ser respeitada. “Temos uma diretoria e essa diretoria é soberana”, afirmou Fachinetto. Ainda segundo ele, sempre foi priorizado a compra de materiais e serviços na comunidade local. “Sempre priorizamos isso, tanto é que até a venda dos estandes foi feita com valores menores para o comércio local, justamente como forma de valorização”, afirmou.
Outro ponto abordado pelos presentes foi a cobrança de ingresso para o show nacional. “Apenas no show nacional foi cobrado o ingresso e o motivo é para não correr riscos. Assim como em outras Femates, nós acertamos com uma empresa e essa banca o artista e nos repassa um valor ou não repassa nada. Eles vendem o ingresso e se ocorrer prejuízo, ela banca e se tiver lucro, nós ganhamos um percentual”, destacou o presidente que seguiu: “nessa última Femate nós teríamos prejuízo se não tivéssemos feito a parceria”, afirmou.
O vereador Clóvis Roman questionou o porquê a Femate não usou o valor que deveria ter em caixa para fazer a 10ª edição da feira, já que não aplicou na infraestrutura do Parque conforme tinha se comprometido em 2018, quando decidiu cobrar ingresso do público. “A Femate, além de receber R$ 150 mil de recursos públicos em 2018, cobrou ingresso do povo com a justificativa de que iriam investir em infraestrutura para não precisar mais gastar com lonas, porém nada foi feito. Apenas começaram uma calçada que já faz mais de um ano que está em andamento e não terminaram ainda. Onde foi empregado este dinheiro? Quanto rendeu de juros? Por que não é usado?”, questionou.
Clóvis solicitou uma prestação de contas completa da Associação Femate, incluindo a aplicação do resultado da 9ª Femate, com cópia de extratos bancários e notas fiscais, prestação de contas detalhada da 10ª Femate e também da escolha das soberanas.
“Como foi feita a escolha das soberanas? Quanto custou? Quantos ingressos foram vendidos? O lucro da venda de bebidas ficou para quem? O que foi feito com a grande quantidade de comida que sobrou? Tudo precisa ser melhor esclarecido. A nossa sociedade merece que as coisas sejam feitas com mais transparência”, ressaltou Clóvis que justificou afirmando que não é ele quem está pedindo estas informações, mas sim, o povo. “As pessoas estão nos questionando, querem saber, não é possível que o Município não tenha recursos para resolver a situação das redes de água, da falta de atendimento na área da Saúde, mas que a Femate retenha o dinheiro público, creio que o mínimo que precisa ser feito é que a Femate devolva estes recursos para os cofres públicos”, defendeu Roman.
“Eu saio dessa prestação de contas satisfeito, por ter mostrado para a população, de forma transparente, o nosso trabalho”, disse Claudir Fachinetto, presidente da 10ª Femate. Ele reforçou o convite de que a feira está aberta para uma nova diretoria. “Hoje é tudo o que eu quero é que alguém toque a Femate com muito carinho e dedicação”, pontuou.
Já o vereador Silvio Grapegio afirmou ter saído insatisfeito da reunião. “Não saio satisfeito por completo, mas espero para uma próxima vez que a gente se encontrar, que possamos sair novamente em harmonia, sem acusações, apenas sabendo onde o dinheiro público foi aplicado e se ele pode voltar para ser investido em redes de água no interior do município”, disse Grapégio, que apresentou diversos questionamentos, mas não obteve respostas.
Ao final da reunião ficou decidido que a Câmara formará uma comissão multipartidária para analisar de forma minuciosa as contas da Femate, para a qual a entidade se comprometeu em entregar um relatório completo.