Depois de quase sete meses da realização da 10ª Femate, e muita pressão, a diretoria da festa realizou a prestação de contas do evento durante a escolha das soberanas, realizada na última sexta-feira, dia 31 de março.
A forma como a prestação de contas foi realizada gerou indignação da população e lideranças, que estão questionando e contestando os números apresentados.
No intervalo da escolha das soberanas, a nutricionista Eveline Boccardi Batispaglia leu a prestação de contas, de forma bastante sucinta e em meio a bastante barulho das torcidas. Ela leu um resumo das despesas e receitas, informando que o evento teria gerado R$ 132.265,84 de lucro, sendo que o Município aportou no evento R$ 350 mil. Além disso, a festa também utilizou toda a estrutura do parque sem custos e contou com o trabalho da Secretaria de Obras do Município por mais de um mês, além de outros funcionários cedidos.
Ou seja, se não fosse todo o aporte do Município o evento teria gerado um prejuízo de R$ 218 mil.
Veja o relatório da prestação de contas apresentada:
083 – Prestação de Contas 10ª Femate
Vereadores pediram para que a Femate preste contas e devolva recursos para o Município
Na última sessão da Câmara de Vereadores de Arvorezinha, os vereadores Silvio Grapéggio e Clóvis Roman questionaram a situação da Femate e pediram para que a diretoria participe da próxima sessão e apresente uma prestação de contas completa, com notas fiscais de fornecedores e uma posição sobre o que foi feito com os recursos da 9ª Femate.
Conforme prestação de contas apresentadas, o lucro do ano de 2018 seria de R$ 190.941,69 em 2018, o qual seria destinado para construir um pavilhão. No entanto, até hoje a entidade investiu somente na construção de uma calçada, começada há mais de um ano e não concluída até o momento.
“Pelas minhas contas a Femate deve ter em caixa mais de R$ 250 mil, sem contar este último evento de escolha das soberanas, que deve ter gerado um bom resultado, pelo preço que cobraram o ingresso e a cerveja, que achei um absurdo, então peço que a Femate devolva estes recursos para os cofres públicos, para que o Município possa investir nas redes de água, e em obras que são urgentes para a população. Estamos com mais de 500 famílias com problemas de abastecimento de água, o prefeito quer financiar um valor exorbitante para poder fazer as obras, e a Femate com dinheiro público em caixa? Não tem cabimento isso, nosso povo não pode pagar esta conta, é uma vergonha!”, disse Grapeggio.
Roman reforçou as palavras de Grapeggio e cobrou transparência. “Não é possível que as coisas sejam feitas desta forma, acho que o mínimo que a comissão da Femate tem que fazer é realizar uma prestação de contas decente, isso não somos nós quem estamos cobrando, mas todo o povo de Arvorezinha. Como pode, qualquer um que faz evento aqui nessa cidade de forma particular tem lucro, a Femate teve mais de R$ 200 mil de prejuízo? Como assim? O que está acontecendo? Onde está o erro?”.
Roman segue: “basta ver o evento que o Ziqui e seus amigos organizaram recentemente, juntou todas as ervateiras, deu lucro, gerou benefícios para diversas entidades, eles pagaram inclusive aluguel do parque para o Município e entregaram o parque limpo no outro dia! É só comparar isso com o que tem sido a Femate, o setor ervateiro está se afastando faz tempo da Femate, o comércio de Arvorezinha praticamente não participa e ainda dá prejuízo aos cofres públicos, então penso que tem algo de errado, que precisa ser revisto, penso que neste formato a nossa comunidade não precisa de Femate”, enfatizou Clovis reforçando que aguarda uma posição da diretoria da festa.
Grapeggio também questionou o fato de serem sempre os mesmos que participam da organização da Femate. “Não deixam ninguém fazer parte da organização, é sempre o mesmo grupinho com a mesma conversa, dizendo que ninguém quer. Então eu digo, se ninguém quer eu quero, eu assumo e tenho muitas pessoas que vão trabalhar comigo e vão me ajudar a fazer diferente, fazer uma festa da erva-mate de verdade e para o nosso povo, do jeito que o nosso povo merece. Eu sei que está no estatuto da Femate que quem faz parte da diretoria não pode prestar serviços ou vender para o evento, mas o que vemos é o contrário, só quem faz parte da diretoria vende e presta serviço, não é pedido se quer um orçamento para outras empresas, isso é vergonhoso! Então acho que essas pessoas precisam se afastar e dar oportunidade para outras realizarem o evento, acho que já tiveram a chance de mostrar do que são capazes”, ressaltou Silvio, reforçando que se ninguém se dispuser a assumir a presidência do evento, ele assumirá.
Projeto LIC pagou boa parte das despesas do evento
Veja o relatório das despesas pagas pela LIC
083 – Relatório das Despesas pagas pela LIC
Evento da escolha das soberanas também gerou críticas
Ingressos e bebidas caras, falta de prestígio e valorização do que é local, e o alto glamour do evento foram questionados pelos vereadores
Segundo o vereador Clóvis Roman, os produtores de erva-mate, os tarefeiros e as pessoas mais humildes não tiveram a oportunidade de participar da escolha das soberanas. “Tudo estava muito caro, o ingresso para comer massa, galeto, carne de porco, arroz e salada a R$ 60,00, três cervejas de latão por R$ 25,00, achei um absurdo. Além disso, contrataram uma banda de fora, com tantos artistas locais que temos aqui que nunca têm uma oportunidade. Vejo que as pessoas mais simples, e que são a maioria na nossa cidade, não se sentem bem em um ambiente tão decorado, vejo que isso é desnecessário e afasta muitas pessoas, além de não ter nada a ver com a identidade da erva-mate”, falou o vereador Clóvis Roman.
Grapeggio reforçou destacando que a realização da escolha das soberanas também deverá ter sua prestação de contas na próxima sessão. “Somos os responsáveis por fiscalizar a aplicação dos recursos públicos e estamos muito preocupados com a forma como as coisas tem sido conduzidas, não há prioridade, não há organização e não há transparência com o uso do dinheiro público”, frisou afirmando que aguarda uma posição da diretoria da Femate de forma urgente.
