A Administração Municipal está investindo na construção de três redes, mas muitas comunidades continuarão sem abastecimento
A falta de água é uma realidade na maioria das comunidades do interior de Fontoura Xavier. Algumas até tem poços perfurados, mas as redes ainda não foram construídas.
Desde que assumiu a Administração Municipal, o prefeito Luiz Armando Taffarel e a sua equipe, com apoio dos vereadores, estão buscando soluções para amenizar a falta de água.
Taffarel já esteve na capital gaúcha e em Brasília em busca de recursos, mas ele ressalta que está encontrando muitas dificuldades. “Já buscamos recursos na Funasa em Brasília e no escritório de Porto Alegre, no Estado, mas até agora só ouvimos promessas. Como não podemos esperar, começamos com recursos próprios a construção de três redes e conforme for a disponibilidade de recursos, vamos fazer mais. Mas, não vamos parar de tentar conquistar recursos federais e estaduais para a perfuração de poços e a construção de novas redes”.
O prefeito explica que as novas redes estão sendo construídas em parceria com os moradores. “Estamos iniciando a rede na comunidade de São Jorge, depois vamos para Pedra Branca e Formigueiro. Vamos fazer a rede até a caixa, até lá vai ficar tudo pronto. Claro que as famílias que moram nesse trajeto já poderão puxar o cano até as suas residências. Os demais, ou pegam a água lá ou então podem comprar os canos, que as máquinas nós fornecemos para abrir as valas e fazer o encanamento”.
Linha Santiago
Uma das comunidades que enfrentam a falta de água é a Linha Santiago. São nove famílias que estão sendo abastecidas pelo caminhão pipa uma vez por semana.
A comunidade se mobilizou e procurou as autoridades para buscar ajuda. O vereador Gilsone Dartora procurou a Administração para tentar buscar uma solução. “Eu fui procurado pela comunidade para ajudá-los, eles sempre que tem uma estiagem, por menor que seja, ficam sem água. Eles pediram para fazer uma extensão da rede de água da comunidade de São João até lá, por isso marcamos uma reunião com as duas comunidades e o prefeito para ver a viabilidade”.
Na terça-feira, 15 de junho, representantes das duas comunidades estiveram presentes na reunião. Na oportunidade, os representantes da comunidade de São João se mostraram contrários à extensão da rede. “O nosso poço não tem uma vazão que permite aumentar o número de famílias. Já somos em 30, se aumentar nove, corremos o risco de ali na frente todos ficarmos sem água. Não é questão de não querer favorecer a Linha Santiago, mas se fizermos isso podemos prejudicar a todos, ao invés de nove famílias sem água serão 39”, afirma o morador Neodir Nhoatto.
Dartora salientou que é necessário encontrar uma solução para essas famílias. “Nós estamos buscando recursos para as redes de água desde que assumimos o mandato. Mas com a pandemia os recursos disponíveis estão todos indo para a saúde, está muito difícil. Entendo o posicionamento de quem é contra a extensão da rede, mas precisamos encontrar uma solução”.
A extensão da rede de água teria uma distância de aproximadamente dois mil metros. Taffarel afirmou que nessa distância é inviável a construção da rede. “São dois mil metros, o custo ficaria praticamente o mesmo do que o de perfurar um poço na Linha Santiago. Se a comunidade estiver disposta a ajudar eu me comprometo em perfurar e fazer a rede até a caixa d’água. Já tenho um valor na minha cabeça que será necessário e vou disponibilizar”.
O prefeito se comprometeu em enviar nos próximos dias um técnico para analisar o melhor local para a perfuração. “Nós temos uma equipe que vai iniciar a rede de água na Linha São Jorge, então vou vir até aqui com um dos técnicos para vermos onde o poço pode ser perfurado. Se não vem recursos, vamos ter que investir recursos próprios para que vocês tenham água em casa”.
A moradora da Linha Santiago, Silvana da Silva Bastos, conta que a comunidade enfrenta problemas com abastecimento há muitos anos. “Já faz 12 anos que temos problemas com a escassez da água. A prefeitura tem levado uma vez por semana, mas para conseguir se manter tem que economizar muito. Só temos água quando chove, mesmo sendo barrenta e amarelada. Há muito tempo estamos buscando ajuda, mas nunca fomos ouvidos. Agora acredito que com a ajuda da prefeitura vamos conseguir, porque particular é caro e as famílias são humildes e não tem recursos”.
Desperdício de recursos
No final do mandato do ex-prefeito José Flávio Godoy da Rosa, foram perfurados seis poços artesianos nas comunidades de Canga Quebrada, Carrapicho (Diula), Formigueiro, Pedra Branca, Picada Rosa e Coxilha São José. Esses poços deveriam beneficiar cerca de 152 famílias.
Porém, nenhuma rede foi construída e esses poços estão em desuso. “Nenhum desses poços foi pago, estamos pagando agora. As redes não foram construídas, não havia previsão de recursos para construir. Vamos tentar fazer todas, mas para isso precisamos ter orçamento, agora temos que pagar a dívida que herdamos”, afirma o prefeito.