Com apenas 20 dias de vida, ele foi internado em estado grave
Por Divanei Mussio
O mês de fevereiro ficará para sempre na memória da família de Diana Bariviera Guilard e Vinicius Guilard por dois motivos muito fortes e marcantes: o primeiro, no dia 08, foi o dia do nascimento do pequeno e muito esperado Enrico; o segundo, 20 dias depois, pela descoberta de um problema cardíaco grave, arritmia, e pelo susto e apreensão diante do diagnóstico.
A mãe, Diana, relata. “Ele começou a ficar mais amarelado e a vomitar, então fomos até o hospital e o médico nos encaminhou para o plantão pediátrico do Hospital Santa Terezinha, de Encantado. O pediatra de plantão examinou e encaminhou para exames e, quando a enfermeira foi colher o sangue, ela não conseguiu porque ele estava muito desidratado”.
Mais tarde, quando foi possível realizar os exames de sangue, eles revelaram pequena alteração nas enzimas do fígado e uma pequena infecção, segundo a mãe. Diante do agravamento do quadro clínico, com batimentos cardíacos chegando em 311 por minuto, caracterizando arritmia cardíaca, a equipe médica decidiu encaminhá-lo para a UTI pediátrica de Lajeado, para onde ele foi transferido na manhã do dia seguinte, domingo. “Ficamos em Lajeado até a meia-noite de domingo aguardando leito na Santa Casa de Porto Alegre e isso graças à Administração Municipal, ao empenho do prefeito, da vice, da secretária da Saúde, do vereador Graffitti e de sua esposa, que entraram em contato com quem poderia interceder por nós. Não temos palavras para agradecer a eles; são nossos heróis”, afirma a mãe, emocionada.
Momentos de desespero
Ela relembra das horas de sofrimento, ainda em Lajeado, ao presenciar seu bebê ser intubado e levar choques na tentativa dos médicos de controlar os batimentos do pequeno coração que batia, descontrolado, no peito de Enrico. “Foi muito triste”, relata, destacando a apreensão dos médicos com a saúde do menino e o risco de vida que corria.
Já na Santa Casa, nova apreensão dos profissionais. Nas mãos de um cirurgião vascular intervencionista e sua equipe, vários procedimentos foram feitos, visando intervir e salvar aquela vida frágil. E, aos poucos, para alívio de todos, Enrico foi respondendo positivamente às intervenções médicas e apresentando melhoras em seu delicado quadro. “Nos dias seguintes, foi melhorando cada vez mais, os acessos foram sendo retirados e ele foi respondendo à medicação”, descreve, grata a todos os que trabalharam para que a vida do segundo filho do casal continuasse.
“Eu pensava em morrer, mas pensava também na minha filha, de cinco anos, que precisa de mim”, descreve ela, relatando ainda os outros sentimentos e pensamentos de desespero que estavam presentes no casal naqueles dias de angústia. “É um sentimento indescritível de desespero”, complementa.
“O Enrico é um guerreiro”
Agora, já passados mais de 40 dias de seu nascimento, Enrico já tem histórias em seu curto tempo de vida; de alegria, preocupação e alívio para seus familiares. O período de internação foi de 18 dias, com os médicos afirmando que o pequeno, em sua inocência, lutou pela vida, de forma aguerrida e incansável. “O Enrico é um guerreiro”, diz a mãe, com convicção dessa qualidade do filho recém-nascido. “Nem eu imaginei que uma criança poderia aguentar tanta coisa”, comenta, ainda sob efeito daqueles dias de aflição.
Gratidão, apoio, orações, alívio e festa
Após todo o sofrimento, voltar para casa com o filhinho salvo, o sentimento da mãe é de alívio. “Ter ele em nossos braços, são e salvo, é muito bom, é um alívio; passou. Temos tanto a agradecer a todos”, externa, com visível e legítima emoção.
Ao retornarem para seu lar, encontraram, em festa, as pessoas que os apoiaram no momento mais difícil, os que torceram pela recuperação de Enrico: pessoal da Administração Municipal, amigos, vizinhos e familiares. Daiana não cansa de agradecer aos que moveram “céus e terras” para que o atendimento adequado fosse disponibilizado. “E ainda nos recepcionaram com festa e alegria”, conta, com o coração cheio de gratidão, sem palavras para retratar a alegria que sentiram depois de tudo.
Hoje, segundo a genitora, parece que nada aconteceu com Enrico. “Ele mama, está corado, esperto e bonito”, revela, feliz e aliviada, complementando que o acompanhamento médico seguirá. Ela encerra passando adiante o aprendizado que teve com a experiência: ao menor sinal de algo não está bem com as crianças, levá-las ao médico, mesmo sem ter acontecido nada antes. “A gente não sonhava que o Enrico pudesse ter algo tão grave”.
Fé, oração e esperança
O pai de Enrico, Vinícius, com o mesmo sentimento da esposa, fala dos momentos angustiantes e do que os manteve firmes: a fé em Deus e as orações das pessoas. “Foram momentos tensos; os primeiros quatro dias, não tínhamos chão nem forças. Ele não estava bem”. O sentimento era de impotência.
A esperança começou a se fortalecer quando a medicação começou a fazer efeito, já na Santa Casa. “Nesses momentos, vemos que não somos nada, que dinheiro nenhum vai ajudar. O que nos restava era acreditar em Deus e no trabalho dos médicos; sem eles, não vamos a lugar nenhum”.
Ver o filho, de poucos dias, cheio de aparelhos, intubado, foi algo profundo e forte para o pai. “Muita dor, muita dor, ao vê-lo daquela forma, tão pequeno, com menos de quatro quilos”.
A retirada dos equipamentos e a notícia de que viriam para casa foram emocionantes, segundo a sua descrição, permeada pela emoção. “Quando chegamos, vimos o quanto as pessoas oraram, pediram e torceram por nós e vimos o quanto somos apoiados e queridos pela nossa comunidade”, frisa, agradecendo a todo o carinho recebido.