Surto em Ruanda e suspeita de casos na Alemanha reacenderam o alerta para riscos relacionados ao vírus Marburg
Após uma estação de trem de Hamburgo, na Alemanha, ter sido fechada na quarta-feira, 2, devido à suspeita de que passageiros estariam infectados pelo vírus Marbug, a doença voltou a chamar a atenção da comunidade internacional.
O vírus Marburg pertence à mesma família de patógenos do vírus Ebola. A transmissão acontece principalmente por meio do contato com fluidos corporais de pessoas infectadas, como sangue, saliva e suor. O víru causa dores musculares, cólicas abdominais, diarreia e vômitos com sangue. Os sintomas aparecem geralmente de forma abrupta.
Surto em Ruanda
Segundo a OMS, Ruanda, um país sem costa marítima localizado na região dos Grandes Lagos da África centro-oriental, vive pela primeira vez um surto do vírus. Até o fim de setembro, o país tinha relatado 26 casos de infecções pelo Marburg, sendo oito mortes.
Os alemães com suspeita da doença voltavam de uma viagem à Ruanda e um deles, estudante de Medicina, teria prestado serviço médico no país.
Nesta sexta-feira, 4, entretanto, as autoridades de saúde confirmaram que o vírus não foi detectado em nenhum dos dois. O rapaz teve contato duas vezes com um paciente em Ruanda que sofria do vírus de Marburg. De acordo com suas próprias declarações, ele usava equipamento de proteção adequado. A namorada não teve contato com ninguém que estivesse doente.
Mortalidade de 88%
A doença provocada pelo vírus Marburg é altamente virulenta e a taxa de mortalidade alcança 88%. De acordo com informações sobre a infecção divulgadas pela OMS, os sintomas se manifestam “abruptamente, com febre alta, dor de cabeça intensa e mal-estar grave”.
Em comunicado, a agência internacional de promoção à saúde avaliou o risco do surto de Ruanda como muito alto em nível nacional, alto ao nível regional e baixo em nível global.
Potencial pandêmico
O vírus Marburg faz parte de lista de vírus e bactérias com potencial pandêmico. A doença do vírus Marburg é altamente virulenta e causa febre hemorrágica, com uma taxa de mortalidade de até 88%.
Para evitar pandemias como a de Covid-19 e grandes emergências de saúde pública, a Organização Mundial de Saúde (OMS) mantém uma lista de patógenos (vírus e bactérias) que devem ser priorizados para pesquisa e desenvolvimento de vacinas e tratamentos.
O vírus
O Vírus de Marburg ou Vírus de Marburgo (MARV) é o agente causador da febre hemorrágica de Marburg, que teve epidemias conhecidas em 1967 (a primeira) e depois em 1975, 1980, 1987, 1998, 2004-2005 (cujo epicentro foi Angola), 2007-2014 (cujo epicentro foi Uganda) e 2023 (na Guiné Equatorial).
Tanto a doença, quanto o vírus, estão relacionados com o ebola e têm origem na mesma área geográfica (Uganda e Quénia ocidental). A sua fonte é uma zoonose de origem desconhecida.
Este vírus foi documentado pela primeira vez em 1967, quando 31 pessoas adoeceram nas cidades alemãs de Marburg e Frankfurt am Main, e na cidade Sérvia de Belgrado.
Ainda não há vacina ou tratamento para a doença. O período de incubação do patógeno é de dois a 21 dias, mas os sintomas mais graves costumam aparecer em uma semana.