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Principais cuidados para saúde do rebanho leiteiro nas estações frias

O frio e a umidade trazem desafios para a saúde das vacas e bezerras

A chegada do frio traz alívio para produção leiteira por eliminar o problema do estresse térmico, condição que impacta diretamente no bem-estar e produtividade dos animais. No entanto, o outono e o inverno também trazem desafios para a atividade, especialmente para as bezerras, que têm maior dificuldade de se manter aquecidas. Além disso, o frio e a umidade também prejudicam a higiene das vacas, aumentando o risco de mastite, uma das principais doenças da pecuária de leite.

Para contornar esses problemas, reduzir os riscos e até aprimorar a produção, uma série de medidas podem ser adotadas nas propriedades produtoras de leite. Confira as recomendações do Departamento Veterinário da Cotrijal.

 

Bezerras

 

As vacas preferem temperaturas mais baixas e até produzem mais com o frio, mas as bezerras apresentam uma menor camada de gordura no corpo, o que torna mais difícil manter a temperatura corporal. Por esse motivo, elas precisam ser aquecidas, principalmente logo após o nascimento. Nesse momento, não é recomendado deixar as recém-nascidas muito tempo com a vaca. O objetivo é que elas não demorem para ingerir o colostro, o primeiro leite produzido após o parto. Quanto antes as bezerras ingerirem o colostro, mais rápido elas vão se aquecer.

 

Ao longo da vida da bezerra, diferentes estratégias podem ser adotadas para garantir o conforto térmico. O aleitamento adequado das terneiras está entre as medidas mais importantes. A recomendação é fornecer no mínimo oito litros por dia no primeiro mês de vida. Além disso, o leite deve ser aquecido e servido em uma temperatura de no mínimo 38ºC.

 

Os cuidados com o ambiente das bezerras também são fundamentais. O ideal é que os animais não sintam frio e nem calor, portanto a temperatura recomendada é de 15ºC a 25ºC. No caso de instalações abertas, indica-se utilizar lonas e baixá-las durante a noite para evitar a entrada de vento frio. “Durante o dia a gente abre essas lonas para que elas consigam pegar um pouco de sol para se esquentar”, recomenda Taiani Ourique Gayer, analista de Qualidade de Leite da Cotrijal.

 

As camas das bezerras também devem estar sempre fartas, seja com feno ou maravalha. A recomendação é de que os animais possam ficar aninhados nessas camas, isto é, que suas pernas não fiquem visíveis.

Além dessas medidas, lâmpadas de aquecimento infravermelho nas baias das bezerras também podem ajudar a manter os animais aquecidos, principalmente para as terneiras com até sete dias de vida. As lâmpadas precisam ter no mínimo 150 watts de potência e são encontradas facilmente por custos acessíveis. Elas precisam ser instaladas a 1,20 metro do chão para não queimar os animais e devem ser ligadas sempre que a temperatura estiver abaixo de 15 °C. “As lâmpadas ajudam até a aumentar o ganho de peso das bezerras e a diminuir os índices de doenças respiratórias, justamente porque elas permanecem em conforto térmico”, destaca Taiani.

 

Lâmpadas de aquecimento infravermelho e camas fartas são medidas recomendadas para as baias das bezerras | Foto: Taiani Gayer | Divulgação Cotrijal

Prevenção da mastite

 

Além do frio, a umidade também aumenta no outono e no inverno, devido às chuvas mais frequentes e volumosas. Essas condições levam ao aumento dos casos de mastite – inflamação dos tecidos da mama. Além de impactar a produtividade das vacas, a mastite exige tratamento, o que eleva os custos de produção e impede que o leite seja destinado para a indústria. Nos casos mais graves, a doença pode comprometer os tetos das vacas e até levar à morte dos animais. “Além disso, algumas bactérias são contagiosas, então é possível ter outros animais dentro da propriedade se contaminando”, ressalta Victória Baldin Silvestri, analista de Qualidade de Leite da Cotrijal.

 

Umidade nas camas

 

No caso de sistemas de confinamento, seja em compost barn ou free stall, o maior desafio para a prevenção da mastite é a umidade nas camas dos animais, o que pode levar à proliferação de bactérias. Em períodos mais úmidos, deve-se intensificar o revolvimento das camas, realizando esse processo pelo menos três vezes ao dia. Além disso, os ventiladores devem ficar sempre ligados para controlar a umidade.

 

O desafio do barro

 

A formação de barro também é um problema frequente que compromete a higiene dos ambientes e dos animais, aumentando os riscos de mastite, especialmente em sistemas semiconfinados. A atenção precisa ser redobrada em espaços como piquetes e corredores.

Nos piquetes, a rotação dos animais deve ser reforçada para que eles não permaneçam muito tempo no mesmo local. Já nos corredores, a orientação é aumentar a largura dos espaços. Também é possível realizar o abaulamento, isto é, modelar o piso para que o centro fique mais alto do que as laterais, formando uma leve inclinação. Essa técnica permite que a água escorra e não forme o barro.

Outra estratégia é a colocação de resíduo de calcário nos corredores, o que reduz a umidade e não agride os cascos dos animais. “Nós já temos produtores usando esse sistema e está dando muito certo. Dessa forma, conseguimos ter vacas limpas também no inverno, então recomendamos muito esse manejo”, enfatiza Victória.

Essas técnicas também podem ser aplicadas em locais de maior aglomeração dos animais, que são mais propícios ao barro, como os espaços ao redor da sala de ordenha e da sala de espera. Nesses casos, é essencial manter uma declinação no piso para a água escorrer, além de raspar o barro periodicamente.

 

Higiene dos animais

 

Medidas básicas de higiene devem ser reforçadas para evitar a mastite | Foto: Arquivo Cotrijal

 

Os cuidados para prevenção da mastite na ordenha também devem ser redobrados durante o outono e o inverno, desde as medidas de higiene básicas até o reforço da desinfecção dos tetos das vacas antes e depois da ordenha.

Por isso, caso a glândula mamária esteja suja, é essencial realizar a limpeza a seco com papel-toalha antes da desinfecção. “Economia de papel-toalha não é opção, temos que limpar muito bem os tetos para conseguir evitar a mastite”, recomenda Victória. Realizar a desinfecção duas vezes, processo chamado de duplo pré-dipping, também é recomendável nesses casos. Depois do pré-dipping, é preciso realizar a secagem dos tetos das vacas de forma cuidadosa.

 

Além disso, depois da ordenha, a desinfecção deve ser refeita tendo o cuidado para que o pós-dipping seja aplicado em todo o teto.

Entre os cuidados básicos que devem ser reforçados, está o uso de luvas pelos ordenhadores e o teste dos três jatos, que ajuda a identificar a presença de mastite. “Lembrando que qualquer presença de grumo é mastite, então essa vaca vai precisar ser tratada”, alerta a veterinária.

 

Assistência Técnica

 

Tendo em vista os riscos para a saúde das vacas no outono e no inverno, a prevenção é o melhor caminho para garantir o bom desenvolvimento dos animais e a segurança da produção. O Departamento Veterinário da Cotrijal está à disposição para esclarecer dúvidas e elaborar estratégias personalizadas para cada propriedade rural.

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