Por Oneide Marcos
O Rio Grande do Sul apresentou uma queda nos registros de crimes de abigeato, mas o que é abigeato? Abigeato é o crime de subtrair animais de propriedade privada em zona rural, ou seja, é o roubo de gado bovino, equino ou animais que se encontram em campos, pastos, currais ou retiros. Este tipo de crime é relativamente comum na região Sul do país, especialmente nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, relevantes na pecuária nacional e detêm, juntos, mais de 27 milhões de cabeças de gado bovino. No Rio Grande do Sul, a atividade agropecuária representa 77% da área total, consoante o Censo Agropecuário de 2017.
Em relação ao combate a esse tipo de crime, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul é pioneira entre as polícias do país, pois conta com delegacias criadas especialmente para atender a demanda de crimes rurais. As chamadas Delegacias de Polícia Especializadas na Repressão aos Crimes Rurais e de Abigeato (Decrab) foram inauguradas em 2018 e, atualmente, o estado conta com quatro Decrab subordinadas ao Departamento de Polícia do Interior (DPI). O foco dessas delegacias é o abigeato, mas também são investigados outros crimes, como receptação e furto/roubo de maquinário agrícola. As quatro Decrab estão nos municípios de Bagé, Alegrete, Camaquã e Cruz Alta. Essas delegacias atuam em todo o Rio Grande do Sul, sem se limitar às sedes onde estão instaladas, pois, embora os crimes de abigeato sejam mais frequentes no interior, podem se estender para a Região Metropolitana de Porto Alegre.
Recentemente, em Itapuca, o produtor Eraldo Roman, morador de Linha Campo Bonito, registrou na polícia vários casos de abigeato em sua propriedade. Em contato com a reportagem do Eco Regional, Roman explicou o que vem acontecendo: “Há alguns meses venho enfrentando problemas com desaparecimento de gado e destruição de patrimônio em minha propriedade. Fiz cercas novas onde o gado fica para evitar que saíssem ou escapassem do local, porém, há alguns dias, as cercas começaram a aparecer cortadas e derrubadas no chão propositalmente do dia para a noite, cortadas com alicate com o intuito de roubo e também de destruição. Na mesma ocasião, sumiram várias cabeças de gado, algumas foram encontradas com cortes profundos no pescoço, provavelmente que tenham tentado carnear para consumo, e outras com cordas na cabeça e pescoço que não conseguiram levar. Diante disso, a gente se sente sem saída e sem saber o que fazer, pois são crimes que acontecem e simplesmente ficam impunes, porque nada é feito para o controle do mesmo que segue sendo praticado em toda a região”, lamentou o proprietário.