Essa matéria é exclusiva para assinantes do jornal digital.

Já sou assinante do jornal digital!

InícioDestaqueAgricultores organizam paralisação nesta sexta-feira

Agricultores organizam paralisação nesta sexta-feira

 

Objetivo é a defesa da securitização de dívidas

Por Oneide Marcos

Produtores rurais de diversas regiões do Rio Grande do Sul estão se mobilizando para uma grande manifestação nesta sexta-feira, 30 de maio. O movimento promete bloquear o trânsito em importantes rodovias do estado em protesto pela aprovação da proposta de securitização das dívidas do setor agrícola.

A pauta principal é a aprovação do Projeto de Lei 320/2025, de autoria do senador Luiz Carlos Heinze, que propõe a securitização — ou seja, a conversão das dívidas dos produtores rurais em títulos do Tesouro Nacional. O objetivo é possibilitar o alongamento do pagamento dessas dívidas por até 20 anos, com juros, permitindo que os agricultores voltem a ter acesso ao crédito rural.

A proposta beneficia produtores cujas propriedades estão localizadas em municípios que decretaram situação de emergência ou calamidade pública, ou que tiveram perdas comprovadas por laudos técnicos devido a tragédias climáticas. Apesar de contar com o apoio de caminhoneiros, a Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Rio Grande do Sul (Fecam-RS) informou que não participa formalmente da mobilização.

No último dia 20, a Comissão de Agricultura do Senado aprovou o projeto, que agora tramita na Comissão de Assuntos Econômicos. Desde então, agricultores estão ou estiveram mobilizados em mais de 40 pontos do interior gaúcho, incluindo os municípios de Coxilha, São Sepé, Cruz Alta, Tio Hugo, Formigueiro, Bagé, Garruchos, Vila Maria, Ilópolis, Alegrete, entre outros.

Em algumas cidades, o comércio também demonstrará apoio. Em Camargo e Nova Alvorada, por exemplo, diversas empresas fecharão as portas por algumas horas nesta sexta-feira, em solidariedade aos agricultores.

Lideranças locais mobilizadas

Everton Grafitti, presidente da Câmara de Vereadores de Putinga e uma das lideranças da mobilização, destacou a organização do ato:“A partir das 9 horas desta sexta-feira, estaremos em Ilópolis. Vai sair gente de Putinga, tratores, caminhões, pessoal de Arvorezinha. Ouvi que também haverá concentração em frente à Afubra, com saída às 7h30. Todos se encontrarão no Posto Capão Alto, em Ilópolis. Eu mesmo tenho compromisso com o secretário estadual da Agricultura, mas vou tentar participar no fim da tarde. Vamos pressionar os deputados e representantes do Estado”, reforçou o vereador.

Grafitti reforça que a mobilização é apartidária e conta com o apoio de sindicatos, lideranças políticas, comerciantes, produtores e até instituições financeiras locais. “Não tem líder, não tem bandeira partidária. Cada um está defendendo sua propriedade. Quem estiver lá será tratado como igual. O convite está feito: venham de trator, caminhão ou a pé. O comércio também precisa nos apoiar”, concluiu.

Segundo ele, a Polícia Estadual já foi informada e a operação nas estradas será organizada. O bloqueio permitirá a passagem de veículos de emergência, e a cada 30 ou 40 minutos o trânsito será liberado. Não há horário definido para o encerramento da manifestação. “Se não houver resposta, pode continuar durante o fim de semana e no início da próxima semana”, alertou.

Já o vereador de Ilópolis, Edson Graffitti, destacou a crescente união dos agricultores: “os agricultores estão cada vez mais unidos, pelo que vem acontecendo nas últimas semanas. Na manifestação anterior, tínhamos 27 tratores e alguns caminhões. Agora, a região toda está mobilizada. Vem pessoal de Arvorezinha, que não esteve no sábado passado, e também de Anta Gorda, Putinga e de Ilópolis. Mas é para ser uma manifestação tranquila, sem estresse. A Polícia Rodoviária Estadual vai acompanhar tudo. É uma mobilização pacífica. Somos todos agricultores e sabemos da responsabilidade que cada um tem. Sem baderna. É mostrar o que está acontecendo em todo o estado. A tendência é só aumentar, de norte a sul do Rio Grande do Sul”, disse o vereador.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Arvorezinha, Paulo Naibo, também reforçou a importância da união e do apoio da comunidade local: “esse movimento precisa estar unido. Queremos que a população compreenda a importância da securitização. Dentro do possível, pedimos que pelo menos por algumas horas os comércios fechem suas portas em apoio aos agricultores. Amanhã está previsto um comboio de máquinas e caminhões saindo de Arvorezinha até o Posto Capão, em Ilópolis. Não pedimos anistia das dívidas, pedimos apenas a securitização, que é a renegociação”, destacou.

Apoio institucional

O protesto vem recebendo o apoio de diversas entidades, como sindicatos e associações comerciais. A prefeita de Camargo e presidente da Ampla, Jeanice Fernandes, divulgou um vídeo convocando a população a participar:“Esse é um tema que afeta toda a economia e muitas famílias. A securitização prevê o alongamento dos prazos e juros compatíveis com a realidade do produtor. Não se trata de pedido de anistia, mas sim de uma solução justa diante dos prejuízos causados pelas mudanças climáticas. Convido todos a comparecerem à mobilização em Vila Maria, no Distrito Industrial, próximo à RS-324”, declarou a prefeita.

O prefeito de Putinga, Juliano Moretto, também se manifestou em apoio à causa dos agricultores. “Os produtores não querem o perdão da dívida, eles querem juros que sejam compatíveis e que sejam adiadas as dívidas por 15 ou 20 anos”. Moretto ainda destacou a urgência de apoio institucional: “então amanhã teremos uma mobilização, em todo o estado, onde haverá uma manifestação. Tem projetos tramitando no Senado, enfim, o governador do estado se manifestando. Precisamos de um apoio do governo federal para que essas dívidas sejam adiadas para esses produtores rurais”, disse o prefeito

E concluiu com um apelo à participação da comunidade local:“Então, eu, como prefeito de Putinga, conclamo todo o Vale do Taquari para que se mobilizem com os produtores rurais. Falo em nome do meu município, porque 80% da renda vem dos agricultores. E se o agricultor para, a cidade para também. Fica o convite a todos os produtores rurais a a derirem ao movimento”, disse Moretto.

Deixe uma resposta

Digite seu comentário
Por favor, informe seu nome

SIGA-NOS

42,064FãsCurtir
23,600SeguidoresSeguir
1,140InscritosInscrever

ÚLTIMAS