Foram registrados mais de 156 mil focos de incêndios no país desde o início do ano
Por Divanei Mussio
Em diferentes regiões do Brasil, inclusive na nossa, tem sido difícil ver o céu azul. Quando se olha para cima, o que se vê é uma coloração acinzentada. De acordo com a Climatempo, nuvens de fumaça estão cobrindo quase todo o país.
Além de esconder o azul do céu, a fumaça também deixa o sol com tons avermelhados. Isso está acontecendo devido aos incêndios espalhados em diferentes regiões do Brasil.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de 1º de janeiro até 7 de setembro de 2024, foram identificados 156.023 focos de fogo no território brasileiro.
Essa é a maior quantidade de focos para o período desde 2010, quando foram registrados 163.408 focos de queimadas.
No mês de agosto, o estado de São Paulo registrou o maior número de queimadas desde o início da série histórica do Inpe.
Além do estado paulista, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará e Amazonas também tiveram um mês de agosto com números alarmantes de queimadas.
Como consequência desse fogo, um monitoramento da plataforma suíça IQAir, apontou que, em agosto, a Amazônia Ocidental — constituída por Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima — passou a ser a região mais poluída do mundo.
Riscos ao ambiente e à saúde humana
A bióloga arvorezinhense Cibel de Fátima de Oliveira da Silva, em entrevista ao Eco Regional, detalhou, de forma mais precisa, a origem da fumaça que nos céus. “Essa fumaça no ar que estamos vendo é resultado das queimadas, as quais liberam partículas finas e gases durante a queima de grandes áreas de vegetação. Essas partículas ficam suspensas nas atmosferas, o que bloqueia a luz solar e reduz a visibilidade, deixando o céu esfumaçado”.
A bióloga explica como essas queimadas de grandes proporções acontecem. “As queimadas podem ocorrer naturalmente, como em casos de raios, mas a maioria delas é causada por atividades humanas, como o desmatamento e o manejo incorreto nas práticas agrícolas. No Rio Grande do Sul, as queimadas controladas são realizadas com autorização do órgão ambiental, geralmente no final do inverno, para a renovação da vegetação. Mesmo com autorização, essas práticas ainda liberam fumaça e contribuem para o acúmulo de poluentes no ar. A mudança climática também intensifica as queimadas, já que longos períodos de seca tornam a vegetação mais suscetível ao fogo”.
Os riscos para o meio ambiente são inúmeros. As queimadas afetam diretamente a fauna e a flora, resultando na perda de biodiversidade, degradação de ecossistemas e liberação de grandes quantidades de carbono armazenado nas plantas, agravando o aquecimento global. Além disso, o solo também sofre degradação, perdendo nutrientes essenciais e aumentando a sua vulnerabilidade à erosão.
Para os seres humanos, os efeitos são igualmente preocupantes. “A inalação da fumaça pode causar problemas respiratórios, como bronquite e agravamento de condições pré-existentes, como asma. Pessoas com doenças cardíacas e idosos estão especialmente vulneráveis. Além disso, a fumaça contém compostos tóxicos que podem prejudicar a saúde a longo prazo, como partículas que podem penetrar nos pulmões e até na corrente sanguínea”.
Cibel complementa: “Como bióloga, percebo que as queimadas afetam profundamente o meio ambiente e a saúde humana. Embora, em alguns casos, sejam usadas para fins específicos, como a renovação da vegetação, é fundamental repensar essas práticas e incentivar o uso de métodos mais sustentáveis. Restaurar áreas degradadas e conscientizar a população sobre os riscos das queimadas é essencial para minimizar seus impactos e proteger tanto o ambiente quanto a saúde pública.”