Proibidos e viciantes, os vapes são um perigo para a saúde
Por Divanei Mussio
Dispositivo eletrônico da moda entre os adolescentes e jovens, os cigarros eletrônicos, ou simplesmente vapes, estão na mira de estudos em várias partes do mundo. Estudos respeitados já identificaram que, quando o líquido dos vapes se torna vapor, pode liberar mais de 120 substâncias diferentes, algumas cancerígenas.
O que é?
Vape, ou e-cigarro (abreviado e-cig) é um dispositivo eletrônico para fumar que simula o tabagismo. É um aparelho mecânico-eletrônico alimentado por bateria, baseado na vaporização do e-suco/e-liquido (normalmente com nicotina), onde o usuário inala o vapor. Possui um recipiente para a inserção de cartucho ou refil contendo nicotina líquida, disponível nas concentrações que variam entre zero e 36 mg/ml (ou mais em alguns casos); o atomizador é responsável por aquecer e vaporizar a nicotina. O sensor acionado durante a tragada, deflagra a ação do microprocessador responsável por ativar tanto a bateria e a luz de led (caso exista no modelo).
É mesmo difícil saber todas as substâncias usadas no líquido dos vapes vendidos ilegalmente no Brasil. Tudo o que se sabe é que algumas estão sempre presentes: a nicotina, a glicerina e o propilenoglicol, usados para dissolver a nicotina. E algum aromatizante.
Nos últimos seis anos, o consumo de vape aumentou 600% nas Américas. Por isso, também cresceu o número de pesquisas alertando sobre o risco de fumar o dispositivo.
Além de extremamente viciante, a nicotina nos vapes podem aumentar a glicose e a pressão arterial, bem como outros riscos para a saúde.
Apesar da popularidade do vape, há poucas diretrizes de saúde pública para ajudar pessoas que querem parar de fumar o cigarro eletrônico. Conforme o New York Times, as recomendações existentes são de iniciativas para reduzir o consumo do tabaco, mas não de pesquisas específicas sobre o consumo do cigarro eletrônico.
No Brasil
No Brasil, o único grupo focado na análise desses líquidos contidos nos cigarros eletrônicos está no Laboratório de Química da PUC-Rio. Já são cinco anos de estudos. As pesquisas revelaram quais são os elementos contidos nos aparelhos e o quanto eles são prejudiciais à saúde.
O estudo apontou outro fator de risco: com o aquecimento, as substâncias presentes nos cigarros eletrônicos se transformam. A parte eletrônica dos vapes também pode liberar metais como: cromo, ferro, chumbo, zinco, alumínio e silício.
A utilização dos cigarros eletrônicos também aumenta o desenvolvimento de rugas e potencializa a perda de colágeno na pele.
Você já ouviu falar em vape face? Apesar da decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de manter a proibição da importação, comercialização e propaganda dos cigarros eletrônicos, o produto ainda é muito consumido, especialmente por jovens.
A ação dos vapes também pode ser vista na pele devido aos componentes químicos presentes, como o propilenoglicol e a glicerina, que podem causar desidratação e diminuição da elasticidade. O consumo de cigarros eletrônicos também piora a circulação sanguínea, o que dificulta a oxigenação dos tecidos e, consequentemente, causa uma piora da elasticidade de derme. Todas essas características são observadas nas chamadas vape face.
Consumo está em alta
A professora Nara Arosi, diretora do Instituto Estadual de Educação Felipe Roman Ros, relata sobre a situação que preocupa a equipe diretiva e os professores em relação ao aumento do uso do cigarro eletrônico no Instituto, que atende 691 alunos da Pré-Escola ao Ensino Médio, sendo uma das maiores escolas da 25ª Coordenadoria Regional de Educação.
“Trabalhamos essa questão do cigarro eletrônico dentro da escola, dos males que causa à saúde, que é proibido, assim como bebidas alcoólicas e o cigarro convencional. Porém, os grupos vão até o banheiro, escondidos, e compartilham o mesmo vape, e isso é preocupante, tanto o eletrônico em si, como esse compartilhamento entre várias pessoas”, argumenta a diretora.
Os alunos que estão na faixa etária de 15 e 16 anos, estudantes do 9° Ano, 1° e 2° Anos, são os que a escola percebe que usam.
Nara também informa que, com o maior acesso ao vape, mesmo proibido, o número de usuários aumentou, pelo observado dentro da escola, sendo maior, nesse momento, que o número de usuários do cigarro convencional. Vários dispositivos eletrônicos apreendidos de alunos estão na direção, esperando para ser entregues aos pais/responsáveis.